António Miguel Pina, admitiu hoje que «já todos percebemos que há uma rota» de migração clandestina do norte de África para o Algarve.
No uso da palavra no final da conferência de imprensa para traçar o ponto de situação da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) no Algarve, em Loulé, o autarca de Olhão considerou que «o país está pouco preparado para estas situações», a propósito da fuga, esta madrugada, de 17 dos 24 cidadãos estrangeiros instalados no Quartel do Regimento de Infantaria nº 1 do Destacamento de Tavira, onde se encontravam a fazer a quarentena profilática, depois de dois deles terem acusado positivo à COVID-19.
«A questão dos migrantes tem de ser olhada. Já todos percebemos que há o estabelecimento de uma rota e temos de nos preparar. Faltam meios para acolher, para retirar a liberdade, para controlar. Ainda por cima esta situação surge numa situação de encerramento de fronteiras, o que ainda dificulta mais» encontrar soluções para a problemática «das migrações ilegais».
Questionado pelos jornalistas, Jorge Botelho, Secretário de Estado Coordenador da execução da Declaração da Situação de Contingência na região do Algarve, não quis adiantar muito sobre «questões policiais», referindo apenas que «há uma panóplia de meios no terreno. Esperamos que corram bem para os poderem recuperar e apanhar outra vez».
«O quartel de Tavira não é um sistema prisional, seguramente haverá um inquérito e as causas serão apuradas. O que importa é que os muitos meios que foram colocados no terreno à disposição do SEF, logo que foi detetada a situação, tenham frutos».
Jorge Botelho revelou que a Proteção Civil disponibilizou um helicóptero que tem estado a auxiliar as buscas pelos fugitivos.
O governante sublinhou que os migrantes «estavam à guarda do SEF» numa ala que foi transformada para acolher e isolar os migrantes marroquinos.
«O quartel de Tavira não está desativado, tem um destacamento do Regimento de Infantaria nº1, que está situado em Beja. Tem uma força operacional militar que não é uma força civil de segurança. É importante que se saiba isso», esclareceu.
«As circunstâncias da colaboração entre as várias entidades que tinham a cargo este assunto, seguramente será alvo de uma avaliação para se saber o que é que aconteceu. Agora teremos de aguardar pelo resultado do inquérito para apurar as causas e eventuais culpados», disse ainda.
As autoridades policiais já localizaram dois dos migrantes em fuga, tendo um sido transportado para o a unidade de Faro do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), depois de se ter ferido num pé durante a fuga, e outro encontra-se nas instalações da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Tavira.
Dos 28 cidadãos marroquinos (incluindo um menor), desembarcados na Ilha Deserta no dia 15 de setembro, 24 cidadãos masculinos foram instalados no Quartel de Tavira.
As três mulheres foram instaladas na Unidade Habitacional de Santo António, no Porto.
O menor foi entregue ao Tribunal de Família e Menores de Faro.
O SEF garante que estão acionados todos os mecanismos necessários para localizar os cidadãos em causa, em articulação com os restantes órgãos de polícia criminal nacionais e espanhóis.