Algarve recebe gala do Guia Michelin em fevereiro de 2024

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A primeira gala exclusivamente portuguesa para anunciar a seleção de restaurantes do Guia Michelin vai realizar-se em Albufeira, no Algarve, em fevereiro de 2024.

A cerimónia está marcada para dia 27 de fevereiro, no Palácio de Congressos NAU Salgados, em Albufeira, com um jantar para 500 convidados, segundo anunciou hoje Nuno Ferreira, representante do Guia Michelin em Portugal, numa conferência realizada na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, em Faro.

Os coordenadores gastronómicos do evento serão os chefs Rui Silvestre, do Restaurante Vistas, já galardoado com uma Estrela Michelin e Dieter Koschina do Restaurante Vila Joya, profissional que soma duas Estrelas Michelin.

«Coordenarão o jantar que será preparado por uma seleção mais ampla de chefs do Guia Michelin do Algarve, seleção essa que será realizada pelo grupo de inspetores do guia e comunicada uns meses antes da data da cerimónia, num evento também dedicado a esse efeito. Cada um com as suas influências, técnicas, inspiração e personalidades, irão trabalhar os produtos que esta região lhes dá em pratos que fazem a felicidade de quem os prova», disse.

Dieter Koschina e Rui Silvestre.

Dieter Koschina e Rui Silvestre.Segundo Nuno Ferreira, o Guia Michelin, esta é «uma marca que existe há mais de 100 anos, também em Portugal, com uma reputação global, precisamente por se manter fiel a valores e uma metodologia. Isto deve-se a uma equipa de inspetores, homens e mulheres, profissionais de mais de 15 nacionalidades que, em média, almoçam e jantam em restaurantes, mais de 300 vezes por ano, pagando todas as suas faturas. As suas decisões são ditadas e tomadas de uma forma totalmente independente, sendo merecedoras da confiança para os turistas internacionais e nacionais e um referência absoluta em matéria de gastronomia».

Esta será a primeira vez que o Guia Michelin tem uma edição exclusiva para Portugal, sendo que desde 2009 que cada edição era apresentada numa cerimónia ibérica, quase sempre numa cidade espanhola, à exceção de 2018, ano em que Lisboa acolheu o evento. Em 2022 a cidade escolhida foi Toledo, em Espanha.

«Acreditamos no potencial de desenvolvimento da atual do panorama gastronómico português e queremos contribuir para posicionar Portugal também internacionalmente, com espaço de tempo no evento, dedicados e com foco na identidade culinária portuguesa», disse. 

A decisão de trazer o evento à região, «contou desde o primeiro momento, com o apoio do Turismo de Portugal, que acreditou no guia Michelin como parceiro para concretizar as suas metas, mais concretamente no que se refere a gastronomia vinhos, como um fator de diferenciação e criação de valor. A esse apoio soma-se agora o do Turismo do Algarve. Esta região é muito conhecida pelo seu clima, praias, beleza natural. Mas tem também na gastronomia, um excelente cartão de visita, muito vinculado ao mar e em elaborações que exploram a excelente qualidade dos produtos da região, nomeadamente o pescado e o marisco», exemplificou Nuno Ferreira.

«Trabalharemos afincadamente para fazer desta cerimónia um evento muito especial e relevante para a região e para o país. Juntar as valências desta região que é uma referência do litoral de português ao reconhecimento internacional do guia Michelin, é uma receita que apura o posicionamento da identidade gastronómica do Algarve como geradora de destino e valor económico», concluiu.

Por sua vez, Rui Silvestre, também deixou uma mensagem de motivação. «Espero que isso um motor de arranque para que mais eventos gastronómicos acontecer no Algarve, não apenas no verão, mas ao longo de todo o ano de forma a impulsionar a economia regional».

No uso da palavra, João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve, referiu que «esta é uma escolha é justa e naturalmente não será alheia àquilo que o Algarve tem feito em torno da alta cozinha e também pelas suas tradições e pelos seus produtos, nem à dinâmica que a sua restauração tem apresentado, desde o fine dining aos restaurantes com estrelas Michelin».

Luís Araújo, Nuno Ferreira e João Fernandes.«É também uma oportunidade para a promoção do destino, de grande notoriedade. Estamos a falar de um momento único com cerca de 150 chefs, em que recebemos de inúmeros críticos de gastronomia, entusiastas da culinária, e comunicação social», considerou.

Fernandes lembrou que a Região de Turismo do Algarve (RTA) há muito que desenvolve guias de gastronomia, guias de vinhos regionais, além de ações de capacitação, e organiza programas como o Algarve Cooking Vacations, e o mais recente projeto Algarve Craft & Food que alia o artesanato à gastronomia e à dieta mediterrânica, reconhecida como património material da UNESCO.

Por fim, lembrou a periodicidade de eventos que enaltecem a gastronomia como
o Festival da Sardinha, de Portimão, o Festival do Marisco, de Olhão, o Festival da Caldeirada e do Mar, de Armação de Pêra, a Mostra da Laranja de Silves, e a Rota do Petisco.

E «temos assistido a um trabalho que resulta também da formação que tem acontecido nas escolas de hotelaria e nas empresas. Não é por acaso que temos oito dos 38 restaurantes estrelados em Portugal. E que dois dos sete restaurantes com duas estrelas estão no Algarve. É um trabalho que vem de trás e que passa por um conjunto de apostas que conferem à região uma qualidade que se destaca», afirmou ainda.

«Temos de facto um trabalho que nos traz hoje a bom porto. Resta dizer que a mesa está posta, bom apetite», rematou.

Luís Araújo, presidente do conselho diretivo do Turismo de Portugal lembrou que «a gastronomia e os vinhos foram, em 2017, incluídos como um dos 10 ativos principais para a valorização do destino Portugal na estratégia 2027. Os turistas que nos visitam, diz que mais o que mais os surpreendeu é a simpatia das pessoas e a gastronomia». 

Por isso, «o volume de pesquisas sobre gastronomia portuguesa aumentou 26 por cento. Já é hora de deixarmos de ser conhecidos só depois da visita para passarmos a ser a razão da escolha (da viagem). E esta parceria com a Michelin, vai ajudar-nos precisamente posicionar a nossa gastronomia, a tradicional mas principalmente inovadora, num outro patamar e numa outra dimensão».

E porquê o Algarve? «Pelas razões que todos sabem, pelo o facto de estarmos numa das principais regiões do país. É também um reconhecimento ao papel que que os chefs do Algarve têm tido na promoção da nossa gastronomia».

«Hoje é só o princípio. Temos uma série de eventos em calendário até fevereiro. Temos uma campanha preparada para promover a nossa gastronomia, principalmente a nível Internacional. É isso que queremos fazer mais uma vez para ser o princípio ou a continuação de um longo caminho que todos estamos a fazer na valorização de um dos principais, se não o principal ativo qualificador da oferta de Portugal»

De acordo com o responsável, o Turismo de Portugal tem reservada uma verba de 700 mil exclusivamente para investir no sector da gastronomia, durante este ano e o próximo.

Luís Araújo.

Na edição deste ano, Portugal manteve todas as distinções anteriores, acumulando um total de 31 restaurantes com uma estrela («cozinha de grande nível, compensa parar»), e sete com duas estrelas («cozinha excelente, vale a pena o desvio»), tendo entrado para o guia cinco novos restaurantes com uma estrela.

Nenhum restaurante português tem a distinção máxima (três estrelas, «uma cozinha única, justifica a viagem»).

O guia de 2023 reúne um total de 1.401 restaurantes em Espanha, Portugal e Andorra, incluindo 13 com três estrelas, 41 com duas estrelas e 235 com uma estrela, além de 831 recomendados pela sua qualidade (135 novos, 15 em Portugal).

Criado no início do século XX, o Guia Michelin é considerado uma referência mundial na qualificação de restaurantes, em 40 países. Portugal entrou no roteiro em 1910.