Águas do Algarve pede «um pingo de consciência» à população

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Workshops, atividades lúdicas e até peças de teatro fazem parte da nova campanha de sensibilização e poupança de água levada a cabo pela empresa responsável pela gestão do sistema municipal de abastecimento.

«Estamos a viver um período de seca. Apesar de termos água disponível até ao fim do ano, não sabemos o que pode vir a acontecer no futuro. A Águas do Algarve está preocupada e quer atacar em todas as frentes porque, de acordo com as últimas informações, as previsões são péssimas uma vez que este ano choveu pouco. Têm de existir iniciativas antes que hajam grandes prejuízos. Na altura em que se abrir uma torneira e já não existir água, já pouco há a fazer», começa por referir ao «barlavento», Teresa Fernandes, responsável pela Comunicação e Educação Ambiental da empresa Águas do Algarve.

Com essa linha de pensamento, a entidade responsável pelo abastecimento de água em toda a região desenvolveu a campanha «Use água com um pingo de consciência».

Segundo a responsável, o objetivo é «chamar a atenção para a importância da água e para a necessidade de a pouparmos. A água é vida, e se ela faltar, o que é que acontece? O que é que custa começar a poupar com pequenos gestos? Com esta campanha pretendemos criar uma dinâmica mais forte através da união de sinergias». Isto porque, «a questão da falta de água e da necessidade de poupança não depende apenas da Águas do Algarve», alerta.

«Apesar de sermos a entidade que abastece a região em alta, a boa utilização que fazemos deste recurso depende de todos».

Neste sentido, a empresa une-se a vários parceiros: Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), Administração Regional de Saúde do Algarve (ARS Algarve), Associação Bandeira Azul, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve), DECO, Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAP Algarve), Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), Região de Turismo do Algarve (RTA) e Universidade do Algarve (UAlg).

«Cada um de nós tem o seu público, sendo que desta forma a abrangência da campanha é maior, mais forte e consequentemente conseguimos chegar a mais consumidores», justifica Teresa Fernandes.

Mas, na prática, que atividades serão desenvolvidas? A responsável esclarece. «Por exemplo, o IPDJ trabalha com mais de 800 centros desportivos e em cada um deles será divulgada a campanha de forma ativa. Com eles pretendemos sensibilizar as camadas mais jovens de forma proativa. É importantes que estes sintam que fazem parte desta equação. Serão, por exemplo, distribuídos autocolantes com chamadas de atenção para a poupança de água e colocados nos balneários públicos».

Esses mesmos autocolantes serão também disponibilizados a todos os hotéis da região que este ano obtiveram o galardão «Green Key», por serem aqueles que já estão a investir em sustentabilidade. «Queremos chegar a todos!» explicita a responsável.

Além da divulgação que cada um dos parceiros irá fazer, a Águas do Algarve irá realizar workshops personalizados e ajustados a cada uma das entidades, com o objetivo de «ensinar dicas de poupança de água. Não considero que a água seja cara e, por isso, as pessoas não têm a sensibilidade de fechar a torneira quando esta já não é precisa. Mas claro que esta questão não tem apenas a ver com o preço. Embora se fale em escassez do recurso, a verdade é que este vai sempre correndo nas torneiras», evidencia.

Já na segunda quinzena de agosto, a Águas do Algarve prepara-se para iniciar um roadshow em todos os 14 municípios banhados pela costa. Numa das praias, em cada um dos concelhos, existirá uma área com diversas ações direcionadas aos veraneantes.

Será possível medir o grau de hidratação e perceber quantos copos de água cada indivíduo deverá beber por dia, entre várias outras iniciativas. Para a responsável «esta é mais uma forma divertida e dinâmica de chamar a atenção para a poupança de água, não só para os residentes, mas também para os turistas».

Adicionalmente, a empresa compromete-se a marcar presença em vários eventos espalhados pela região, de maneira a «partilhar e divulgar a campanha com todos.

Serão, por exemplo, entregues brochuras, onde mostramos quantos litros de água são gastos em tarefas simples do quotidiano.

Veja-se este caso: só para se produzir uma chávena de café são necessários 150 litros de água, desde que ele é plantado. É muita a água usada e as pessoas não têm noção destes dados», revela Teresa.

Também os próprios colaboradores da Águas do Algarve terão a oportunidade de desfrutar de uma atividade artística. A Companhia de Teatro do Algarve (ACTA) une-se à empresa e irá apresentar uma peça sobre a temática. Além disso, os colaboradores serão desafiados a criar e apresentar a sua própria peça de teatro.

«Não faz sentido estarmos a desenvolver uma campanha para o público de fora e esquecermo-nos do interno», justifica a responsável.

A ARS Algarve também vai colocar a campanha acessível em todos os centros de saúde da região. «Teremos ainda cerca de uma centena de autocarros algarvios que irão circular pela estrada com uma mensagem no vidro traseiro a alertar as pessoas para a necessidade de se poupar no recurso hídrico. Entre várias outras ações que irão decorrer até final de outubro. Esta é uma campanha que não pretende alarmar, queremos apenas sensibilizar para a necessidade de se reduzir o desperdício. Neste momento, somos a única empresa nacional com uma campanha com esta ambição», conclui Teresa Fernandes.

Poupança para o futuro que passa primeiro por investigação

A Águas do Algarve, empresa responsável pela gestão do sistema municipal do abastecimento de água nos 16 municípios de toda a região, aposta em dois projetos de investigação vocacionados para a poupança e qualidade da água.

Segundo Teresa Fernandes, responsável da Comunicação e Educação Ambiental da empresa, «temos uma equipa que trata apenas das questões relacionadas com as origens de água. A gestão que fazemos, quer das barragens, quer dos aquíferos é muito rigorosa. Nesse sentido, temos a decorrer um investimento muito interessante na identificação de eventuais perdas de água que tenhamos na rede. Servir a região com qualidade e quantidade durante todo o ano é uma preocupação constante da Águas do Algarve. Estamos a fazer a nossa parte, e infelizmente, não podemos confiar na sorte e na possibilidade de chuva», sublinha.

Ainda com o objetivo de poupar no recurso hídrico, a Águas do Algarve tem vindo a apostar no desenvolvimento de outras investigações no âmbito da reutilização de água tratada em Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).

«Pretendemos que a curto prazo seja possível utilizar esta água na rega de jardins, lavagens de rua e de contentores de lixo. Será também água de qualidade que, apesar de não ser própria para consumo, não tem qualquer problema se estiver em contacto com o ser humano. Estamos neste momento a abastecer já alguns campos de golfe da nossa região. Creio que estamos muito perto dessa realidade. Estamos a preparar o futuro», remata a responsável.

Quarteira e Vilamoura com 60 estabelecimentos a servirem água da torneira

O projeto começou a ser preparado o ano passado, mas a assinatura do protocolo entre a Águas do Algarve e a Associação de Empresários de Quarteira e de Vilamoura (AEQV), foi formalizado apenas no passado dia 24 de julho.

Ao todo são cerca de «60 estabelecimentos que já disponibilizam a garrafa de vidro da Águas do Algarve. Não há imposição, há é mais uma possibilidade de se consumir, de forma segura, um produto que é extraordinariamente bom» explicou ao «barlavento» Joaquim Peres, presidente da Águas do Algarve.

De acordo com João Guerreiro, presidente da direção da AEQV, «a intenção é promover, de forma generalizada, junto da população e aderentes, o consumo de água da torneira e a vida sustentável. Começando por esta iniciativa conseguimos diminuir a pegada de carbono, reduzindo drasticamente o uso do plástico. O planeta tem limitações e queremos chamar a atenção para isso mesmo».

Para o futuro, a ideia é abranger novas tipologias e juntar águas aromatizadas com ou sem gás. A iniciativa, pioneira na região, tem sido posta em prática desde o verão de 2018 em cafés, restaurantes e hotéis.

«De um modo geral, os estrangeiros não resistem, acham normal e uma boa iniciativa. O cliente português, algarvio ou não, tem maior resistência. Não quer dizer que não queira… mas questiona», sintetiza João Guerreiro.