9.ª Feira da Dieta Mediterrânica em Tavira «vai ser excelente»

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Feira da Dieta Mediterrânica, a decorrer de 7 a 10 de setembro, celebra o décimo aniversário da inscrição na listagem do Património Cultural Imaterial (PCI) da Humanidade, dinamizada pela UNESCO.

Sonoridades de países como Portugal, Itália, Argélia, Espanha, França e Marrocos que se estendem pelos sete palcos, 200 stands de produtores locais, artesanato e botânica, demonstrações gastronómicas e até uma Marcha inserida no Programa Distrital de Marcha e Corrida do Algarve compõem o cartaz da Feira da Dieta Mediterrânica, que este ano decorre de 7 a de setembro, em Tavira.

O evento celebra também o 10.º aniversário da aprovação da inscrição dos sete países que apresentaram a candidatura da Dieta Mediterrânica a Património Cultural Imaterial (PCI) da Humanidade, pela UNESCO, no Azerbaijão, a 4 de dezembro de 2013.

Apesar de Tavira ser a comunidade representativa em Portugal, para a autarca Ana Paula Martins, «o projeto sempre foi transversal à região. É um trabalho que temos feito com todos e para todo o Algarve. Esta feira começou por ser uma mostra pequena de produtores, com algumas demonstrações culinárias e uma parte institucional pequena. Hoje somos muito maiores e todo este património merece a nossa melhor atenção. Esta edição vai ser excelente».

Novo Plano Regional de Salvaguarda na calha

José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, marcou presença na apresentação oficial do evento, na quarta-feira, dia 26 de julho, onde destacou a Dieta Mediterrânica enquanto elo entre o meio urbano e rural. É «absolutamente essencial do ponto de vista cultural, dos produtores locais e da inovação e acrescenta valor ao território», começou por dizer. Tem «uma curta pegada ecológica do ponto de vista da gestão de recursos hídricos, uma vez que não se desenvolve numa agricultura intensiva, mas sim sustentável. A nossa ambição é associar, cada vez mais, esta Dieta à alimentação saudável, valorizando o contributo de Tavira no Plano Nacional».

Nesse sentido, o responsável desvendou que, uma vez terminado o Plano Regional de Salvaguarda da Dieta Mediterrânica, que definia um conjunto de atividades até 2021, «entendemos que devíamos manter e lançar um novo horizonte. Não é possível valorizar uma atividade ancestral e tradicional sem o conhecimento. Por isso, o nosso objetivo para esta feira é relançar o debate público do novo plano para os próximos quatro anos, construído com a Universidade do Algarve (UAlg) e todos os parceiros».

Por sua vez, Ana de Freitas, vice-Reitora da UAlg para a Qualidade, Planeamento e Inovação, adiantou que «as ações para o período 2023-2027 já começam a estar consistentes, mas o documento em si, ainda será alvo de apresentação de linhas gerais e depois, sujeito a consulta pública. São mais de 30 as entidades a colaborar na sua elaboração e penso que será bastante rico». Concluído o processo, será lançado «um livro com produtos da Dieta Mediterrânica, a sua caracterização, os processos da sua produção e os novos produtos inovadores que já se encontram no mercado».

Sobre o certame, Ana de Freitas acredita que é o apogeu de todo o trabalho realizado. «A UAlg sempre aderiu à salvaguarda deste património porque é um instrumento importantíssimo de proteção da nossa cultura, para a coesão territorial e sustentabilidade. Além disso, contribui para todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): combate à pobreza, promoção da saúde e de sociedades mais integradas e sustentáveis, e para a paz».

Algarve «só tem a ganhar» 

Pedro Valadas Monteiro, responsável pela Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, sublinhou que «cada vez encaramos com mais importância a Dieta Mediterrânica como um elemento integrador da paisagem, da cultura, da história e do trabalho em rede. O que pretendemos é aprender com o passado, e acima de tudo perspectivar o futuro e integrar neste modelo algum cariz inovador».

Já sobre a feira, «além de ter um cariz festivo, é acima de tudo um elemento estruturante de intervenção de um conjunto de políticas públicas. O Algarve tem tudo a ganhar. Os setores produtivos, o turismo, o ambiente e a biodiversidade têm todos a ganhar se cada vez mais conseguirmos internalizar, na nossa prática e nas medidas de política, o conceito da Dieta Mediterrânica. Poderá alavancar a imagem de um Algarve que se quer cada vez mais sustentável. Temos é de saber aproveitar, trabalhando em rede e ser criativos nas propostas», explicitou.

Adriana Freire Nogueira, diretora regional da Direção Regional de Cultura do Algarve, manifestou «o propósito de contribuir para a proteção do nosso património imaterial. Não estamos a falar só de alimentação, mas de todo um modo de vida e de estar. É importante que não se percam».

Gastronomia atrai turistas 

Fátima Catarino, vice-presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), enalteceu a importância da gastronomia e do vinho para o sector. Citando um estudo recente sobre o perfil do turista que escolhe o Algarve, «concluímos que 36,6 por cento viajam por motivos de sol e mar, mas 41,5 por cento são motivados pela cultura e experiências criativas. Destes, 8,3 por cento visitam-nos à procura de gastronomia e vinhos». A Feira da Dieta Mediterrânica «permite o desenvolvimento da economia local e a divulgação dos nossos valores tradicionais. O turismo não vive sem a gastronomia. Mais do que a massificação, queremos ter qualidade na nossa oferta e a prova disso é que temos tido um melhor desempenho turístico na época baixa e média do que na época alta. Estes eventos têm que, cada vez mais, fazer parte da nossa estratégia», assumiu.

Para Paula Vicente, diretora da Escola de Hotelaria e Turismo (EHT) do Algarve, «a nossa missão é formar os jovens da região para serem os futuros profissionais de hotelaria e restauração. A nossa responsabilidade e comprometimento é grande no passar aos alunos o que é esta cultura. E também aos muitos jovens internacionais que temos vindo a receber. É um desafio fazer-lhes chegar este conceito, e que possam levar consigo estes princípios».  Uma ideia corroborada por Manuel Serra, diretor da EHT de Vila Real de Santo António.

«A feira é o culminar de um ano de trabalho, de investigação e de interação com os nossos alunos. Estes 10 anos de salvaguarda da Dieta Mediterrânica têm sido intensos, muito profícuos e de extrema colaboração entre entidades. Esta valorização do conhecimento é muito importante para nós e para os alunos, a geração vindoura e que vai passar e levar este Património Cultural e Imaterial da Humanidade para o seu futuro», explicou, dando ainda a informação de que as 12 EHT do país vão celebrar este 10º aniversário, no dia 4 de dezembro, com atividades diversas.

Certame é exemplo nacional

Artur Gregório, presidente da direção da Associação IN LOCO, afirmou que a Dieta Mediterrânica motiva um evento «numa lógica de colaboração que é um exemplo nacional. Quando uma região se revê na sua identidade cultural, no seu território, no seu património e na sua herança, é dessa matéria-prima que se deve fazer o futuro». E são cada vez mais os produtores a quererem marcar presença no evento, sendo que existe mesmo uma lista de espera «enorme, o que demonstra que a mostra é um sucesso. Este ano, vamos ter cerca de uma centena de produtores a mostrarem o que é genuíno e autêntico», assegurou. «Durante estes quatro dias, Portugal, o Algarve e em particular Tavira, são o centro do Mediterrânio. Vamos ter uma Feira ainda mais rica».

Um programa diversificado

A programação inclui oficinas, danças tradicionais, artes performativas, exposições, visitas ao património natural e seminários, com destaque para o que terá lugar no primeiro dia da feira, no Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT), subordinado ao tema «Inovação na Dieta Mediterrânica». Além da oferta no recinto, junto ao Castelo, 18 restaurantes do concelho oferecem menus especiais. Rui Veloso (dia 7); Estrella Morente (dia 8); Camané com a Orquestra do Algarve (dia 9) e Carolina Deslandes (dia 10) são os cabeças-de-cartaz.