Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, mostra-se otimista em relação ao impacto financeiro que o Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 trará à cidade e à região.
barlavento: Apesar de estar confirmada a redução do número de espectadores, na perspetiva da Câmara Municipal de Portimão, qual o retorno económico esperado para o município?
Isilda Gomes: Tudo indica que iremos receber neste fim de semana mais de 30 mil pessoas, com impacto direto na nossa hotelaria, restauração e comércio, sectores que em virtude da pandemia estão sofrer bastante com a redução de clientes e turistas. As estimativas iniciais, que considero realistas, apontavam para um impacto financeiro na ordem dos 30 milhões de euros. À luz do presente contexto, esses números serão menores, mas só no final poderemos fazer as contas. Seja como for, os dados estão lançados. No entanto, a realização da Fórmula 1 e do MotoGP são, desde logo, momentos únicos de grande projeção da região algarvia e do país em todo o mundo. Encaramos estes eventos como uma oportunidade única para dar a conhecer Portimão e a região, não só como destino turístico de eleição, mas também como uma oportunidade para viver e investir.
Que espera desta exposição mediática internacional?
Tanto a prova de Fórmula 1 do dia 25 de outubro, como a etapa do Moto GP, que aqui se disputará a 22 de novembro, garantem audiências de centenas de milhões de telespetadores em todo o mundo. Mas quisemos ir mais longe e lançámos o «Portimão Motor Sports», programa de animação que pretende ser um conceito e uma marca que afirma a cidade como a anfitriã do Autódromo Internacional do Algarve (AIA). Ao longo desta semana, Portimão embelezou-se para receber de braços abertos os grandes fãs dos desportos motorizados, fazendo questão de mostrar a sua identidade, do património à cultura, sem esquecer a gastronomia. Acreditamos que estes eventos trarão potenciais investidores e empresários que vejam aqui uma oportunidade de criar ou expandir os seus negócios, pelo que da nossa parte terão todo o apoio nesse sentido. A região precisa de investimento sustentável e diversificado, capaz de criar riqueza o ano todo e alavancar a nossa economia e as condições de vida dos nossos concidadãos.
É realista esperar que no futuro, a Fórmula 1 regresse ao Algarve?
Naturalmente que essa decisão não dependerá de nós, mas se tudo correr pelo melhor acredito que os responsáveis da Federação Internacional do Automóvel (FIA) poderão cativar o AIA no calendário mundial. As condições do circuito são ímpares e têm sido elogiadas por todos, dos pilotos às equipas técnicas. Em tudo aquilo que depender do Município de Portimão, no que diz respeito ao regresso da Fórmula 1 ao Algarve, com certeza que estaremos disponíveis e de portas abertas. Essa é uma garantia que assumo desde já. No curto prazo, face aos tempos de incerteza que vivemos, acreditamos que estes dois eventos poderão configurar um importante balão de oxigénio para a economia local, tendo potencial para retardar o fecho da época turística, mantendo mais empresas abertas e mais empregos durante as próximas semanas que se avizinham.
Que balanço faz dos 12 anos do AIA?
Olhado com algum ceticismo no momento do seu lançamento, certo é que desde a primeira hora o AIA afirmou-se como um equipamento desportivo âncora para o Algarve. Ao longo desta dúzia de anos, em que soube ultrapassar momentos de incerteza no futuro, o nosso autódromo foi conquistando a pulso o seu lugar no cenário internacional, quer por força das suas magníficas condições técnicas, com um traçado muito exigente, mas ao mesmo tempo aliciante, quer pelo empenho estratégico da Parkalgarve, que tem sabido agarrar as oportunidades. Como é óbvio, o sucesso da AIA reflete-se, numa primeira análise, no concelho de Portimão, mas também na região algarvia e no próprio país.