Ginásio Clube Naval de Faro aproveitou a celebração do 95º aniversário para anunciar três novas modalidades desportivas.
Corria o ano de 1923 quando um grupo de entusiastas da náutica decidiu começar a aproveitar as condições favoráveis para a prática de atividades lúdicas e desportos aquáticos numa cidade rodeada pela Ria Formosa e pelo mar.
Escrevia-se a primeira página do Ginásio Clube Naval de Faro (GCNF), coletivo que viu os seus estatutos aprovados a 19 de janeiro de 1928.
Hoje, 95 anos depois, tem mais de três mil sócios e 200 atletas, com provas dadas a nível nacional, internacional e até olímpico.
Entre natação, triatlo e vela (ligeira e de competição) o Naval de Faro é já um clube de referência, com atletas premiados em cada uma das modalidades, tendo levado o nome do Algarve e da sua capital além fronteiras.
Com o objetivo de aumentar o palmarés, o GCNF apresentou na gala do seu 95º aniversário, que decorreu no Eva Senses Hotel na sexta-feira, dia 20 de janeiro, uma novidade, a aposta em mais três modalidades desportivas: stand up paddle, pesca grossa e caça submarina.
«Decidimos abraçar estes projetos para criar mais atividade e porque já tínhamos as equipas formadas. A equipa de stand up paddle advém da parceria com a Universidade do Algarve (UAlg) e, como somos um clube com estatuto de utilidade pública, fazia sentido apoiarmos este desporto. A equipa de pesca grossa já tem prémios nacionais e internacionais e depois são as próprias condições naturais que temos que justificam esta aposta», explicou ao barlavento João Marques, presidente da direção do GCNF, cargo que ocupa há cinco anos.
No uso da palavra, Custódio Moreno, diretor regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), enalteceu a gestão «modelo» do Naval e a sua vertente formativa.
«Trabalhar, competir, mas essencialmente formar, é fundamental. E não é formar para a vitória, isso é alimentar um desejo. O GCNF não forma apenas atletas, forma pessoas e o mais importante é terem dado asas a vários jovens para concretizarem os seus sonhos. Isso é o mais importante. Muitas vezes, nós, IPDJ, não conseguimos chegar ao bairro, à casa e à família de um jovem, mas vocês chegam. Esse trabalho personalizado é muito importante e a maior homenagem a este clube é reconhecer esse trabalho e agradecer. Aos pais, peço que não exijam sempre mais, que não coloquem sempre mais carga competitiva aos vossos filhos. Em vez de lhes perguntarem se ganharam, perguntem se se divertiram», sugeriu.
Por sua vez, Marta Sancho, presidente da Assembleia Geral, também abordou a importância da atividade desportiva, em concreto a náutica, na formação individual.
«O impacto no desenvolvimento físico, intelectual e na promoção de autoestima, é cada vez mais reconhecido e determinante para um estilo de vida saudável. Podemos mesmo afirmar que a prática do desporto promove a felicidade e é para isso que devemos trabalhar, para que os nossos sócios-atletas possam desfrutar do seu clube na sua máxima plenitude e que essa condição lhes permita serem mais saudáveis e mais felizes», apontou.
Também Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, presente na cerimónia, abordou a componente formativa do clube, «algo que valorizo muito».
Os jovens «que desde cedo começam a praticar desporto, levam esses ensinamentos para a escola e para a vida académica, porque é aqui que muitas vezes eles aprendem regras de estar, de convívio, de respeito aos formadores e de superação. Isso passa para a vida. O desporto é talvez das atividades mais importantes que as crianças podem fazer. Aliás, nós vemos isso nas escolas. Os bons alunos, regra geral, têm uma atividade desportiva e bebem muito daquilo que aprendem nessa atividade», afirmou.
O edil farense disse mesmo que a cidade de Faro ficava mais rica com o GCNF. «Congratulo o trabalho que têm feito nas modalidades, na dignificação das mesmas e da notoriedade que traz ao concelho. O Naval é conhecido por ter atletas olímpicos, mas isso leva também o município de Faro muito longe. Desejo que continuem a honrar o legado daquilo que foram estes 95 anos», concluiu.
Obras da Marina exterior «têm» de iniciar até dezembro
Questionado sobre quais os planos do GCNF para o futuro, João Marques respondeu que «o maior desafio para o Naval, que é um desejo fundamental do clube e da cidade, é o estudo da Marina exterior. As obras têm de ser iniciadas até dia 14 de dezembro deste ano, data em que caduca o Estudo de Impacte Ambiental. Se até esse dia, nós, GCNF, em conjunto com a Docapesa e a Câmara Municipal não o fizermos, é uma derrota para toda a cidade. Essa é uma grande preocupação nossa».
Nesse sentido, «pedimos que se iniciem as obras», assegurando que o GCNF «tudo fará, com os seus esforços, para que essa Marina se realize e se reordene toda a zona envolvente da Ria Formosa».
Outro dos planos passa pela requalificação das instalações no núcleo do Farol, na Ilha da Culatra, de forma a «criar um pequeno Centro de Estágios de Vela». Para João Marques, «estas são as nossas ambições para estarem concluídas dentro dos próximos quatro anos».
Rogério Bacalhau, sobre o novo porto de recreio, referiu que «até ao verão deveremos ter o projeto concluído. Já temos os pareceres favoráveis de todas as entidades, que levámos três anos a conseguir».
Neste momento, «estamos a terminar projetos estruturantes para a cidade. Temos a requalificação desde a estação de caminho de ferro, Avenida da República, Jardim Manuel Bivar até ao Largo de São Francisco, que dentro de alguns meses deve ter o projeto concluído».
«Depois, temos a requalificação da rua por trás da estação de comboio, que passou a ser gestão nossa desde o ano passado. Vamos ter, nas portas do mar, um pontão que vai passar a ter o triplo da dimensão e vamos ter outro pontão desses em frente ao Largo de São Francisco. Em paralelo a estes projetos, está incluído acabarmos com as passagens de nível, com passagens subterrâneas: uma atrás do Hotel Eva, outra nas portas do mar e outra para fazer a ligação ao Largo de São Francisco. Este será o ano de conclusão destes projetos e depois vamos passar ao financiamento e à execução», assegurou.
Praia de Faro «deverá ter» nova ponte no próximo ano
O edil farense deu nota ao barlavento do ponto de situação das obras da nova ponte de acesso à praia de Faro.
«As sondagens já foram feitas. Já sabemos a dimensão dos pilares, já estão encomendados e logo que estejam produzidos, vamos passar à colocação e a dar sequência à ponte. Penso que, provavelmente, em abril/maio estaremos a fazer isso. A nossa projeção era que no próximo ano estivesse concluída, mas estamos a falar de uma obra com alguma complexidade porque mexe no mar», apontou.
Daí, «termos feito a sondagem para perceber a profundidade a que os pilares têm de estar, mas se tudo correr bem, no próximo ano teremos a ponte e isso vai trazer mais segurança à praia. Não vai resolver o problema da praia ter uma capacidade limitada para automóveis, mas pelo menos terá duas faixas e uma de saída sempre liberta. Esperemos que se conclua rapidamente», disse.
Faro teve um «grande crescimento» desportivo
Segundo o presidente da Câmara Municipal de Faro, o município «tem tido uma projeção muito grande a nível desportivo. Nos últimos 10 anos, quase que duplicámos o número de clubes e associações que existem no concelho. São quase 10 mil os jovens e atletas a praticar desporto em Faro e isso dá-nos uma grande satisfação, mas também uma grande responsabilidade em apoiar estas instituições», referiu ao barlavento.