Ribat da Arrifana vai ser escavado e terá Centro Interpretativo

  • Print Icon

Centro Interpretativo do Ribat da Arrifana será criado nos próximos quatro anos. Plano de ação prevê ainda novas escavações no local.

Após a visita à Fortaleza de Sagres, na sexta-feira, dia 26 de novembro, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, e a secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, estiveram na Câmara Municipal de Aljezur, onde foi assinado o Plano de Ação Plurianual para a implementação e gestão do Centro Interpretativo do Ribat da Arrifana.

O plano surge na sequência de um protocolo assinado, em 2019, entre o Ministério da Cultura, o município de Aljezur, a Universidade Nova de Lisboa e o Fundo Aga Khan para a Cultura, que estabeleceu uma as bases de uma parceria estratégica para a investigação, preservação, desenvolvimento e divulgação daquele sítio arqueológico.

Ouvida pelos jornalistas, Graça Fonseca destacou que, além da «vontade política», houve «um trabalho de grande proximidade, que permitiu a assinatura do protocolo em 2019, com o objetivo de se revolver vários problemas, como era o caso da propriedade dos terrenos. Desde o início, todos em conjunto, nos empenhamos em resolver, através da expropriação e da aquisição. Era um ponto relevante porque é isso que garante o futuro. Resolvida essa questão, e uma vez património do Estado, era importante desenvolver um plano de atividades para aquele local», resumiu.

Assim, ao longo dos próximos quatro anos, além da edificação do futuro centro interpretativo, estão previstas novas escavações arqueológicas, «atividades de investigação e de preservação do local», e o desenvolvimento dos conteúdos a apresentar no novo equipamento.

Tudo isto, em grande parte financiado pelo Fundo Aga Khan para a Cultura, que aliás, a ministra fez questão de realçar. «Tem sido um parceiro muito ativo para que isto avançasse».


A construção de um centro interpretativo, segundo a ministra, «vai permitir mais conhecimento e mais investigação, e que mais pessoas venham conhecer este espaço que conta um pouco da história do nosso país, numa perspectiva que cruza cultura com turismo e que, acreditamos, é um bom modelo de desenvolvimento económico do ponto de vista territorial».

Localizado na Ponta da Atalaia, o Ribat da Arrifana está classificado como Monumento Nacional e é considerado por muitos investigadores que se dedicam ao estudo da presença islâmica medieval no ocidente como uma das mais importantes descobertas arqueológicas do século XXI.

Protocolo com Aga Khan Trust requalifica Ribat da Arrifana em AljezurO complexo terá começado a ser edificado em data próxima a 1130 da era cristã por iniciativa de Ibn Qasi. Da sua morte, em 1151, que se pensa resultante de uma conspiração interna, terá resultado a quebra do movimento e a desagregação da comunidade religiosa ali residente.

As pesquisas histórico-arqueológicas indiciam que o local teve um papel relevante num movimento de matriz sufi, de existência efémera, que se impôs no extremo Sudoeste do Gharb al-Ândalus e está bem identificado nas fontes escritas do século XII.

Esse movimento foi liderado por Ibn Qasi, chefe (mahdi) da oposição aos Almorávidas e temporariamente aliado do rei D. Afonso Henriques.