Nelson Conceição, acordeão, a voz inconfundível de Cristina Paulo, o baixo elétrico de Paulo Machado, o clarinete e o saxofone de Petro Moroi, a trompa de Todd Sheldrick e as percussões de Pedro Branco proporcionaram ontem à noite em Loulé um espetáculo único, integrado na programação da Bienal Ibérica de Património Cultural.
A centena de lugares disponíveis no Auditório do Solar da Música Nova esgotou-se completamente. Houve até quem não pudesse entrar para assistir a cerca de 1 h 30 min de sonoridades que revisitaram diversos passados musicais portugueses, com arranjos originais de Nelson Conceição, sempre inspirados no presente e com os olhos postos no futuro.

O espetáculo começou com quatro temas populares do Alentejo e Algarve: «As armas do meu adufe», «Hino dos Mineiros», «Ai o barco vira» e «Olha as Ceifeiras», e Nelson Conceição aproveitou para recordar as «Moças Nagragadas», moças que hoje estão com 90 anos e que o acordeonista acompanhou em tempos.

Depois seguiram-se «Amigos na Argentina», um tema criado por João Barra Bexiga, e «Desencontro Permanente» e «Charolesca», dois originais de Nelson Conceição. Na parte final do concerto cantaram-se e tocaram-se ainda «Lisboa Menina e Moça», tema de Paulo de Carvalho e Ary dos Santos celebrizado por Carlos do Carmo, «Alma Algarvia», o hino dos acordeonistas algarvios da autoria de José Ferreiro Pai, «Canção do Mar», um dos fados icónicos de Amália Rodrigues, e um arranjo original de Nelson Conceição para os temas populares «Florinda» e «Ti’Anica».

Por certo, a única coisa de que o público não gostou foi que o espetáculo tivesse de acabar. À saída eram muitos os elogios a Nelson Conceição, a Cristina Paulo e a todos os músicos, e havia quem dissesse que os concertos criados e dirigidos pelo prestigiado acordeonista algarvio eram «sempre diferentes, sempre excelentes».
