O Palácio Gama Lobo, em Loulé, vai acolher a exposição «Práticas Situadas» da Origem Comum, durante três meses. Inauguração é dia 31 de março às 18 horas.
Ao longo dos últimos anos, a plataforma Origem Comum colaborou com vários artesãos e parceiros para revisitar tecnologias, formas e modelos ancestrais.
Aplicando e repensando o conhecimento vernacular próprio de cada lugar, esta colaboração resultou numa colecção de objetos utilitários simples, destinados à nossa vida quotidiana.
A exposição apresenta objetos desenvolvidos maioritariamente com a Casa da Empreita e a Oficina de Caldeireiros do Loulé Criativo.
Estas peças funcionais feitas em palma, cobre, cortiça e cana são mostradas lado-a-lado com uma série de curtos filmes que oferecem uma perspetiva única e crítica da visão dos artesãos sobre a sua arte e a sua filosofia de trabalho e vida.
Com a apresentação deste projeto fora dos centros urbanos maiores, pretende- se devolver a discussão sobre cultura material do quotidiano aos meios onde continuam a ser criados produtos em harmonia com o ambiente e a cultura local.
Desta forma, abre-se um espaço para a recontextualização, envolvimento e crítica do saber fazer vernacular, para que as práticas artesanais integrem a discussão global de alguns dos temas mais pertinentes do nosso tempo: produção sustentável, comércio justo e consumo responsável, mas também o respeito pelo clima e pelo bem-estar em comunidade.
A exposição ficará patente até 17 de junho no Palácio Gama Lobo. Poderá ser visitada de terça a sexta-feira, das 9h00 às 18h00 e sábados, das 9h00 às 14h30. A equipa da Origem Comum está disponível para marcações e visitas guiadas com profissionais, basta entrar em contacto (934 151 551)..
Eventos Paralelos
Em maio e junho, a exposição será enriquecida por dois eventos paralelos. Primeiro, uma conversa sobre os documentários da Origem Comum com o cineasta Jorge Murteira e convidados (em data a confirmar), e, em seguida, uma residência artística com Evey Kwong (futurprimitv), de 26 de maio a 17 de junho.
Evey Kwong é designer, investigadora e artesã baseada em Berlim, dedica o seu tempo a aprender sobre os ofícios tradicionais. Nascida na Malásia e formada como designer gráfica na Alemanha, documenta culturas materiais locais e tecnologias artesanais com mestres artesãos de todo o mundo.
Alimentada pelo seu desejo de promover esta cultura intangível, atualmente ministra workshops e cursos práticos sobre esta temática.
Além disso, o seu trabalho é apresentado em exposições internacionais de artesanato.
A Origem Comum convidou-a para uma residência de três semanas para aprofundar as técnicas de entrelaçados enraizadas na cultura algarvia.
De olho nas escolhas de consumo ecológico, a investigação das práticas tradicionais e contemporâneas resultará numa documentação escrita e visual. Os resultados desta investigação serão acrescentados à exposição.
Práticas artesanais situadas — conhecimento, técnica e feitura
A Origem Comum é uma plataforma sem fins lucrativos que se dedica a investigar, desenvolver, promover e comercializar objetos feitos à mão. Ao explorar o espaço contemporâneo para o conhecimento vernacular, coloca as práticas e artefatos artesanais no centro de uma discussão global sobre produção sustentável, comércio justo e consumo responsável.
A Origem Comum trabalha lado a lado com artesãos, investigadores, utilizadores e instituições públicas e privadas, operando em quatro áreas diferentes, que se cruzam entre si.
Observatório: através de publicações, ensaios, entrevistas e recursos audiovisuais, investigamos e partilhamos reflexões sobre a origem das práticas. Desde os materiais aos artesãos e utensílios, valorizando a sua inteligência prática e sofisticação.
Estúdio: fomenta e desenvolve projetos especiais, comissões e coleções juntamente com artesãos experientes – inspirados pelo conhecimento vernacular, reinterpretando tecnologias ancestrais ou redefinindo utilizações para as matérias-primas e técnicas de diferentes regiões.
Workshop: através de workshops, ações de formação e cursos, dissemina o saber fazer e abre novos horizontes e perspectivas para as artes tradicionais.
Loja: a loja online torna acessíveis a todos utensílios quotidianos de alta qualidade, feitos à mão. Dá acesso a objetos cuja origem é bem conhecida, que usam materiais autóctones e que são feitos ética e responsavelmente. Os produtos derivam de duas fontes: ou chegam diretamente, selecionados a partir do portfólio do artesão; ou são o resultado do envolvimento da Origem Comum, que tem o objetivo de potenciar as tecnologias, formas e utilizações contemporâneas.
A Origem Comum quer restabelecer o equilíbrio entre os ciclos da natureza e o interesse dos seres humanos. Um equilíbrio baseado no bem comum.
Objectos feitos à mão para o quotidiano
Utensílios de cozinha em madeira de oliveira, jarras de barro vermelho, cobertores feitos de têxtil reciclado, cestos e malas em fibras vegetais.
Os artigos intemporais da Origem Comum são todos feitos à mão – a partir de matérias-primas naturais e muitas vezes reutilizadas. Estes produtos podem ser comprados online.
O preço de venda ao público para cada produto inclui o pagamento justo ao artesão, o apoio aos custos de funcionamento da loja e uma contribuição adicional de 10 por cento à associação sem fins lucrativos, permitindo o financiamento a longo prazo de projectos que preservam a cultura artesanal tradicional.
Quem são os fundadores?
Álbio Nascimento (PT) e Kathi Stertzig (DE) trabalham juntos enquanto designers no cruzamento com as artes tradicionais desde 2004. O fascínio pelos métodos de produção manual e sustentável é a base do seu trabalho. Desenham produtos e documentam padrões culturais de uso dos objetos, materiais e tecnologias.
A convite do Ministério da Cultura de Portugal, desenvolveram em 2019 a estratégia nacional «Saber Fazer» para a preservação das artes tradicionais. Várias medidas deste plano serão implementadas ao longo dos próximos cino anos.
Durante a pandemia, decidiram trilhar novos caminhos. Fundaram esta associação sem fins lucrativos e apresentaram uma coleção na sua loja online: objetos para o quotidiano cuidadosamente selecionados, criados em colaboração próxima com pequenas manufaturas e negócios artesanais.