Lavrar o Mar volta a trazer o Novo Circo a Monchique

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Companhia francesa Akoreacro regressa a Monchique com o novo espetáculo de novo circo «Dans Ton Coeur», a convite do Lavrar o Mar.

Depois da passagem de ano 2017/2018, data em que o espetáculo de novo circo «Klaxon» fez sucesso em Monchique, a vila serrana algarvia volta a receber a companhia francesa Akoreacro.

Desta vez, a proposta é «Dans Ton Coeur» (em francês: no teu coração), a mais recente criação daquele coletivo de equilibristas, acrobatas e músicos.

«Será na mesma tenda que já conhecemos, com 560 lugares. Vamos recebê-los a partir de 26 de dezembro e vão atuar até dia 1 de janeiro, com seis apresentações, no total», explica o programador cultural Giacomo Scalisi, que assegura a direção artística do Lavrar o Mar, ao lado da coreógrafa Madalena Victorino.

«Esta é uma das companhias que continua a fazer tournées pela Europa com um chapitô, porque ainda acreditam num circo feito em tenda e na rua, embora já desenvolvam projetos para outros espaços. Fazem um trabalho de acrobacia aérea, muito técnico, até porque têm uma escola russa na base da sua formação», detalha. Nesta criação, «trabalharam pela primeira vez com um encenador e contam uma narrativa do ponto de vista dramatúrgico e teatral. Misturam a música ao vivo com os números acrobáticos para, no fundo, contarem a história de um amor. É sobre um casal moderno que tem uma rotina doméstica que podemos ver de forma muito original, com eletrodomésticos que baloiçam e voam pelo ar, em coreografias muito bem feitas. Tem a ver com ciúmes, amantes, traições, tudo contado de uma forma muito divertida e na qual todos nos podemos rever, de uma forma ou de outra», acrescenta.

Tal como aconteceu antes da pandemia, os bilhetes (já à venda) estão a desaparecer a bom ritmo.

As apresentações estão agendadas para as 21 horas (o espetáculo dura 1h15) e a classificação etária é para maiores de seis anos. As entradas têm preços únicos: 10 euros para o público e cinco euros para menores até 11 anos.

E claro, «vamos festejar a passagem de ano 2022/2023 em Monchique, com champanhe e filhoses para todos e um grande concerto de rua, depois do espetáculo, pelos músicos da Akoreacro».

Desta vez, o Heliporto não é o lugar escolhido porque a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) deu parecer negativo. Portanto, o centro nefrálgico será um terreno paralelo e mais abaixo do local.

«Pão e água» para o próximo biénio

Depois de seis anos de atividade cultural em zonas de baixa densidade populacional, primeiro em Aljezur e Monchique, e numa fase posterior em Odemira e Santiago do Cacém, a Cooperativa Lavrar o Mar (ex-Cosanostra), está de volta para mais um biénio de programação, até 2024.

«Nestes dois últimos anos, com o projeto Lavrar o Mira e a Lagoa, conseguimos abrir um público novo para as artes performativas, com artistas a intervir em espaço público que criaram uma nova dinâmica cultural. Em Odemira, apesar de não termos conseguido atingir a vila logo desde o ínicio, no fundo, já existia uma ligação que se aprofundou», diz. «Não é Algarve, não é Alentejo é um território muito próprio com muitas afinidades», explica.

A cooperativa ganhou o concurso da Direção-Geral das Artes, com o segundo lugar na vertente de cruzamentos multidisciplinares (bienal).

«É gratificante vermos assim o o nosso trabalho reconhecido, com um orçamento de 240 mil euros por cada ano. É de facto, um excelente apoio» e as autarquias de Aljezur e Monchique contribuem com 45 mil euros. «Até aumentaram um pouco o financiamento».

O projeto Bowing, em Odemira, segue para o terceiro ano, apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação «la Caixa» através da iniciativa PARTIS & Art for Change. E depois da exploração artística do medronho, em Monchique, «temos um projeto-âncora novo que se dedicará ao pão e água. Há aqui uma grande produção em pequenas padarias e também na agricultura, uma ligação dos cereais e da água. No fundo, queremos voltar a temas ligados ao território com a ajuda de alguns criadores para explorar uma poética. Vamos ter residências de companhias estrangeiras e portuguesas», neste caso a Formiga Atómica, companhia de teatro, fundada e dirigida por Miguel Fragata e Inês Barahona e a Hotel Europa, formada por André Amálio (Portugal) e Tereza Havlíčková (República Checa) que vão «pesquisar e imaginar um trabalho sobre as questões do estado do mundo e como podemos corrigir a nossa maneira de viver e de interagir com planeta».

O trabalho incluirá conversas com ativistas e com agentes com intervenção no território. Aos escritores residentes Afonso Cruz e Sandro William Junqueira, juntar-se-ão outros nomes convidados ao longo dos próximos dois anos.

Fotos: Richard Haughton.