ICIA lança a segunda Meridional, Revista de Estudos do Mediterrâneo

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Apresentada em 2021, o número dois da Meridional é agora editado em exclusivo pelo ICIA. Lançamento é no dia 12 de dezembro, em Portimão.

A edição número dois da Meridional, Revista de Estudos do Mediterrâneo, agora editada em exclusivo pelo ICIA – Instituto de Cultura Ibero-Atlântica é lançada no dia 12 de dezembro, às 18 horas, na Biblioteca Municipal de Portimão.

A apresentação será feita pelo por João Guerreiro (professor catedrático da Universidade do Algarve, ex-reitor da academia e atual presidente da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior) e pela diretora da revista, professora doutora Maria da Graça A. Mateus Ventura.

Uma vintena de autores, escritores e historiadores-de diferentes nacionalidades traçam o caminho a trilhar nas 300 páginas da revista.

Caminho aberto na capa com uma fotografia de uma azinheira da autoria da fotógrafa Elsa Martins. E aberta a revista, outra árvore, inaugural, «a alfarrobeira do caminho» de Lídia Jorge estendendo os seus ramos para o mundo.

Um mundo meridional que, no dossiê temático deste número, «atravessamos até ao Mar Negro, com a sua história em movimento (Rui Bebiano), a sua literatura («Odessa, cidade aberta», incursão geográfica e literária de João Ventura através de uma cidade ameaçada pela guerra) e os traumas de um passado soviético que ainda marcam os georgianos (pelo depoimento da escritora e ativista Tamta Melashvili)», explica o ICIA.

«A guerra em voz baixa», pela palavra do poeta Nuno Júdice. António Cabrita escreve desde Moçambique, um sul longínquo onde chega o eco das sirenes de Kherson que «antecipam bombardeamentos». É ainda a Ucrânia massacrada de hoje que Maria Cantinho sugere em contraste com o «Mediterrâneo que foi luz grega e sonho de Ulisses».

O Algarve e a Andaluzia também presentes quer no estudo de João Romero Chagas Aleixo quer na recensão de Jorge Semedo Matos ao livro «Por este mar adentro».

A pesca, atividade ancestral praticada no Mediterrâneo com diferentes artes e variadas descrições, é abordada por Carlos Osório, que evoca a «copejada do atum», e pela recensão de Andreia Fidalgo no estudo sobre A Pesca no Algarve Medieval.

«O sul é também o Alentejo e o vagar dos pastores que seguem as suas ovelhas pelas planícies verdejantes de que fala Joana Portela. E Marrocos, claro. A outra margem fronteira ao Algarve, o outrora Algarve d’Além, recupera as marcas da presença portuguesa na Época Moderna (estudo de Frederico Mendes Paula) e do imaginário coletivo representado pela lenda da Aisha Qandisha, contada por Mohamed Saadan», refere ainda o ICIA em relação ao conteúdo.

O escritor e artista plástico marroquino Mahi Binebine «partilha connosco, em conversa com o seu e nosso amigo José Alberto Alegria, memórias fantásticas dos tempos dos contadores de histórias e uma leitura contemporânea da realidade cultural do seu país. A pirataria argelina que assolou a costa do Algarve leva-nos um pouco mais para leste, quando António Jorge Afonso relata as peripécias do lacobrigense Abraão Cardozo».

O sul «depende sempre do ponto de vista do observador e, por isso, Manuel Jorge Marmelo se sente sempre meridional, quer esteja em Castelo de Vide ou no Polo Sul, e nos lembra que para os marroquinos o Algarve fica a norte. Tal como Maria Adelina Amorim situa a morte, a matança atual, a norte (para os turcos a Ucrânia fica a norte, assim como para habitantes do hemisfério sul). Dora Gago foi de Macau, a Sul, para Florença, onde as memórias de infância irromperam a relembrar as fragrâncias das ervas medicinais colhidas nos campos de São Brás de Alportel com a sua bisavó».

Por fim, Nuno Júdice, que celebra 50 anos «de uma fulgurante carreira literária, reconhecida e premiada internacionalmente em ambos os hemisférios. Como escreve Luís Castro Mendes, outro poeta algarvio que apresenta aqui uma recensão do livro 50 anos de poesia, antologia pessoal, Júdice brinca com as palavras e, sem se comprometer com nenhuma corrente de escrita, é dos autores que ficam e fundam».

Eis a Meridional 2, «um projeto coletivo concebido e editado pelo Instituto de Cultura Ibero-Atlântica, sediado em Portimão, que se assume rigorosa, exigente, versátil e criativa, uma obra aberta».