Festival PARAGEM – Práticas artísticas contemporâneas em épocas balnear vai parar em Ferragudo e Carvoeiro.
A quinta edição do Festival PARAGEM: práticas artísticas contemporâneas em épocas balnear e baixa realizar-se-á entre setembro de 2023 e junho de 2024 assente, uma vez mais, numa programação multi-transdisciplinar com o objectivo de promover plataformas de acessibilidade à cultura e criação artísticas contemporâneas, desejando, por isso, envolver as comunidades locais e turísticas (sazonais e permanentes nacionais e estrangeiras) de Lagoa.
O evento, organizado pela BÓIA – Associação Cultural (a salvar vidas desde 2018), com direção artística de Filipa Brito e Nelson Guerreiro, tem beneficiado de um apoio contínuo, desde a primeira edição em 2019, a nível financeiro, institucional e logístico do município de Lagoa, «sem o qual não teria sido possível a sua realização ano após ano, sublinham os diretores artísticos.
Esta edição, pretende, mais uma vez, oferecer em palcos arredados dos grandes centros urbanos uma selecção cuidada de projectos nas áreas da música, teatro, dança e performance, mas também nas artes visuais, literatura e outras áreas da criatividade, apostando numa combinação de artistas consagrados e de jovens criadores portugueses e internacionais.
«A grande novidade deste ano é que reconfigurámos a nossa programação espacio-temporalmente, explorando entre setembro de 2023 e junho de 2024 o mesmo mote curatorial: (De) Férias no Algarve», dizem os responsáveis.
«Esta edição é um ponto de viragem porque amplia a noção de férias no Algarve. Ao integrar a época baixa, abre-nos múltiplas e infinitas possibilidades de exploração desse mote curatorial e permite-nos oferecer experiências estéticas acompanhando o espírito dos tempos: o do clima e das suas estações cada vez mais diluídas, mas também das questões e problemáticas que ressurgem sócio-culturalmente em Lagoa enquanto destino turístico hiper-atractivo. Um exemplo: a possibilidade de fazer uma residência artística com pessoas desempregadas sazonais (ligadas à área do Turismo) na época baixa e explorar as suas biografias e visões sobre o Turismo», acrescentam.
Um objetivo a atingir «através de uma programação variada que visa também explorar a convencionada época baixa através de residências artísticas, ações de formação de públicos (nos campos da criação artística e da recepção estética) no contexto do LA(B)GOA: Laboratório de Afinação do Gosto e do Olhar nas Artes que este ano estará intimamente ligada ao festival. Importa reforçar o cariz itinerante da programação, assente na apresentação de intervenções artísticas multi-transdisciplinares em espaços não-convencionais com o objectivo de aproximar e envolver pessoas da comunidade com ou sem hábitos culturais, desencadeando novas formas de comunicação entre as práticas artísticas contemporâneas, os públicos e esses espaços».

Como tal, o PARAGEM estará em praias, escarpas, grutas, estações de serviço, mas também no Algar Seco, Anfiteatro da Nossa Sra. da Encarnação, passadiço do Carvoeiro, entre outros locais.
Pretender-se-á, «uma vez mais, criar um ambiente único em cada espaço a partir de espectáculos de música, teatro, dança, performance, e de actividades colectivas como passeios performativos contribuintes para novas ligações aos lugares, criando uma nova percepção do território resultante numa psicogeografia que remapeará Lagoa em cada espectador.
Em suma, o Festival PARAGEM pretenderá, conjugando as dimensões local, nacional e internacional, oferecer anualmente às comunidades de Lagoa e arredores dita «fora dos grandes centros urbanos» – a possibilidade de uma oferta cultural contemporânea que nos permita e a todos habitar o território criativamente, contribuindo para uma melhoria da qualidade de vida através de desafios preciosos, das provocações saudáveis e dos abalos desejados das nossas convicções e visões cristalizadas do mundo através das artes. Nessa convicção, desafiámos, uma vez mais, sob o mote «(De) Férias no Algarve» artistas multi-transdisplinares a apresentarem, criarem e a reinventarem(-se) obras que respondam ao tema.

«Queremos proporcionar dias efervescentes, remexendo no Mundo, no Turismo e na época balnear através da visão de artistas em pleno diálogo com os territórios, modelando paisagens, mas também com as estruturas e lugares ligados às vivências turísticas, acrescentando sentidos às férias em época balnear/ alta e dita «baixa» no Algarve».
Ao longo dos cinco dias, está previsto o lançamento novas ilustrações de Mathieu Fleury disponibilizadas online; o acompanhamento documental de Maria Inês Brito, Alípio Padilha, Nuno Gervásio e Bruno Fonseca e ainda a cobertura mediática da Umbigo Magazine – Contemporary Art and Culture.
Mais uma vez, estará disponível o Instituto de Socorros a Espectadores Náufragos (ISEN) e o Turista Acidental (Acompanhamento de Luxo). Durante todo o festival, Nuno Gil será várias coisas em tempos diferentes. Começa por ser alguém que viaja de Lisboa ou de Viana do Castelo ou doutra parte qualquer de Portugal para o Algarve.
Programação
Primeira PARAGEM: 20 a 24 de setembro de 2023
Quarta-feira, 20 de setembro
18h30
Ponto de Encontro com Beberete
Local: Anfiteatro Nossa Senhora da Encarnação (Carvoeiro)
19h00
«Discurso de Circunstância» (Conferência-Performance)
de Nelson Guerreiro
Anfiteatro Nossa Senhora da Encarnação (Carvoeiro)
Sinopse
Sendo desde a edição zero, o momento inaugural do Festival PARAGEM: práticas artísticas em época balnear, procuramos partilhar um discurso que apresenta a programação, enquadrando as nossas escolhas programáticas e objectivos artístico-culturais. Para além disso, é um momento de agradecimento a quem nos apoia e a quem acede a estar connosco. Por tudo isto, é e será muito mais do que um discurso de circunstância. É como se estivéssemos a partir uma garrafa de champanhe na proa do barco. A nossa programação procurou proporcionar um conjunto de actividades para públicos locais permanentes e sazonais, visando acrescentar sentidos e olhares e outras vivências a um território que é vivido sobretudo pela sua atractividade balnear, mormente ao pôr-do-sol. Acreditando na co-existência – de etnias, identidades sexuais, credos, crenças e visões sobre o mundo – como princípio para melhorar a qualidade de vida das pessoas, o que nos importa também é criar momentos inesquecíveis para quem está de férias. Estando convictos do poder e dos impactos da cultura e das artes na vida das pessoas, mesmo que possam criar algumas fricções, arrelias, dificuldades ou desassossegos, eis-nos só a acrescentar possibilidades de ocupação dos tempos livres e, ao mesmo tempo, a alargar as escolhas e a reinventar um território apaixonante. É sob e sobre essas molduras que desejamos intervir, logo é desejo (re-)criar em lugares de relação autêntica e inesquecível.
19h45
«Se acabasse a água, pintava com o quê?» (Performance)
de Vanda Madureira (artista plástica, visual e performativa) com a colaboração de Catarina Fragueiro
Local: Anfiteatro Nossa Senhora da Encarnação
20h30
«Atenor» (Filme)
de João Ferro Martins
Local: Anfiteatro Nossa Senhora da Encarnação
Sinopse
um documentário de aparente ficção científica elaborado no contexto de um convite do coletivo Guarda Rios para uma residência em Miranda do Douro no ano de 2021. Com banda sonora de CATARATA, este filme apresenta uma viagem poética por esta região de Trás-os-Montes, onde a ilusão de uma evolução sustentável parece ainda confundir-se com a realidade.
Turista Acidental (Acompanhamento de Luxo)
um projecto de acompanhamento documental e performativo de Nuno Gil do Festival PARAGEM: práticas artísticas contemporâneas em época balnear
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Quinta-feira, 21 de setembro
19h00
«Recordar é Viver – Take 1» (Conferência-Performance)
de Nelson Guerreiro
Trilha Sonora e Efeitos Especiais: Rafael Diogo
Local: Ferragudo
Sinopse
Neste primeiro avanço de um projecto de investigação sobre as suas memórias de férias desde a mais tenra idade no Algarve e, mais concretamente, entre Faro e Portimão, cruzando algumas vezes Lagoa, sobretudo a Praia do Carvoeiro e a de Ferragudo, de Nelson Guerreiro partilhará listas de lugares, notas soltas, palavras-chave, vislumbres, flashbacks que serão explorados posteriormente para compor uma Conferência-Performance e um Livro de Artista. É permitida a entrada a pessoas estranhas à antecâmara de um passado que celebra a passagem do tempo através de um inventário do desaparecimento. Será um convite a uma viagem pelo passado e pelo presente e uma certa ideia de futuro. É natural que o Nelson se comova no aqui e agora do encontro com as pessoas. Nada de preocupante, pois teremos pacotes de lenços de papel reciclado secantes das Vossas lágrimas.
20h00
CINE-ESPLANADA (Cinema ao Ar Livre)
«Cinema no Estendal» (sessão com exibição de curtas-metragens com curadoria do Colectivo PÁTIO
Local: Rua Padre Domingos Lapa da Rocha (Escadinhas)
Sinopse
O Cinema no Estendal (CNE) é um cinema para as ruas. A tela viaja por estendais de diferentes ruas, praças e escadinhas de Portugal, para celebrar a vida nos bairros e nas pequenas localidades, em sessões exclusivamente ao ar livre. Com a realização de sessões de cinema ao ar livre procura-se reivindicar o uso do espaço público como ponto de encontro comunitário, através da cultura e da arte audiovisual, assim como reconhecer o valor do cinema como transformador social.
Nesta sessão do Festival Paragem o CNE trará para as ruas de Ferragudo uma programação variada de curtas metragens de vários géneros, de ficção a videodança, passando pelo documentário e animação. Trazer temas e tópicos da sociedade atual para o centro da tela é e tem sido um ponto comum em todas as edições do CNE. São apresentadas obras cinematográficas que pensam e retratam a sociedade que as rodeia e que têm um olhar crítico, cómico ou observacional sobre esta.
O Colectivo PÁTIO constituiu-se inicialmente como coletivo informal com sede no Algarve mas com atividades espalhadas pelo país. As pessoas que o constituem vêm de diferentes cidades e descobrem o seu ponto de encontro nos pátios de Lisboa. A sua bagagem e experiência vai do cinema ao design, passando pela produção de eventos, fotografia e curadoria. Todos/as partilham a visão do cinema e da cultura como transformadores sociais.
O Pátio é promotor do Cinema no Estendal e de outras iniciativas como a criação de instalações vídeo-arte (2018 Sardinhas em Petróleo, 2019 Santos Pecadores, 2020 A Carta – uma vídeo carta), instalações sonoras (2020 Festival Lisboa Soa), telediscos (2020 Time for T – Best Behaviour, 2021 Totun – Lundi Manchot, 2023 Totun – Récupérateur d’eau de pluie) e produção de curtas-metragens (2022 Última Hora de Ricardo Greenough-Guerreiro).
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Sexta-feira, 22 de setembro
19h00
Richard Bishop (Concerto)
Local: Algar Seco
20h00
«Coça-Roça» (Performance)
de Electro-Domésticas (dupla artística composta por Filipa Brito & Lara Boticário Morais)
Local: Algar Seco
Quem Somos?
Electro-Domésticas é uma dupla artística formada por Filipa Brito & Lara Boticário Morais, deixando, porém é sempre, a possibilidade de convidar artistas performativas e visuais, conforme o contexto e o apelo do trabalho.

Sinopse
Nasceu de um desejo de abrir as janelas do quotidiano da vida doméstica (e ainda muito associado ao género feminino), explorando os seus elementos físicos e simbólicos: objectos, utensílios, ferramentas, etc. e respectivos significados. Operam uma (re)conversão do universo doméstico como ponto de partida para os seus diversos trabalhos, Há uma transformação performativa desses elementos, dando-lhes novas e inesperadas utilizações e funcionalidades que resultam na partilha de um novo olhar através da gestualidade, do som e da imagem. Por tudo isto, é legítimo falar-se em gestos subversivos com um toque feminista, mas não se esgotando nessa dimensão. Perguntam-se-nos: – Alguém sabe onde é que está a vassoura? E a Água Raz?
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Sábado, 23 de setembro
14h00-18h00
«Vou A Tua Casa (de férias)», tele-performance duracional de Rogério Nuno Costa (performer, investigador, professor e escritor) em colaboração com a prado – espaço ruminante
Após a residência de pesquisa que teve lugar no Festival Paragem de 2022, Rogério Nuno Costa propõe, para a edição de 2023, a partilha de uma versão remota e experimental da sua performance «Vou A Tua Casa» (2003), numa derivação veraneante – para o efeito re-intitulada ‘de férias’ – difundida a partir da Finlândia mas com ligação directa (e em directo!) ao Barlavento algarvio. Terá a sua derradeira e tautológica estreia, em regime presencial-relacional, na edição do Festival Paragem de 2024, assim concluindo um laboratório experimental de processos pouco criativos, quiçá desinspirados, onde o ‘dolce far niente’ de teor doméstico é elevado à categoria de prática artística.
Como?
Para usufruir deste entrelaçamento quântico entre o Algarve e o Báltico, espectadores interessades só terão que marcar uma das horas disponíveis e ligarem-se a Rogério Nuno Costa via WhatsApp, preferencialmente com a câmara ligada. A viagem-power-nap terá a duração de cerca de 15 minutos. Viajantes podem escolher como querem usufruir da experiência: em casa, na esplanada, na praia, na viagem a caminho das férias ou no regresso às-jaulas, juntes ou acompanhades (máx. de 5 espectadores). Na zona do Carvoeiro e estâncias balneares adjacentes.
Incrição prévia através de reserva via WhatSapp para o número 915141134.
Performance incluída no macro-projecto «Retrospectiva (2003-2023)», que assinala, de forma mais crítica que celebratória, os 20 anos desde a estreia do conjunto de performances em espaços inusitados «Vou A Tua Casa» e os sub-projectos educacionais, curatoriais, académicos e gastronómicos que, em diálogo tensional e (in)disciplinado, se lhe seguiram. Mais:
in-saio (passeio performativo aquático)
de Eunice Artur
Ponto de encontro: Praia de Benagil
Este passeio performativo aquático realizar-se-á nos dias 23 e 24 de setembro (sábado e domingo) consoante as horas vs marés e será para uma pessoa com duração aproximada de 20 minutos mediante inscrição prévia através de reserva via whatsapp para o número 915141134 (em que será directamente feita a marcação)
18h00
Bóia de Salvação (secção programática dedicada à partilha do pensamento e transmissão de conhecimentos)
Do Materialismo e da Paisagem* #02
Pedro Rogado convida Sancho Silva para uma conversa-acção
Local: Passadiço de Carvoeiro
Sinopse
O ciclo de conversas-acções «Do Materialismo e da Paisagem», desenvolvido inicialmente no âmbito da Escola Provisória para Nada, propõe analisar e debater formas alternativas de organização política, social e económica revisitando os princípios do Materialismo. O Materialismo considera que as condições materiais concretas são determinantes primordiais para a existência humana, contrapondo-se ao idealismo, que valoriza as ideias e a consciência. O Materialismo Histórico, analisa a forma como os fenómenos históricos surgem das condições materiais dos diferentes grupos de indivíduos, nomeadamente as condições relacionadas com o acesso aos «meios de produção» e às «relações de produção».
«Do Materialismo e da Paisagem» pretende revisitar, criticar e atualizar o Materialismo como instrumento de análise concreta, abordando os seus temas básicos: Alimentação, Habitação, Saúde e Cultura. Articulando-se com temas intemporais e contemporâneos ao atual panorama global e local: organização económica, organização social, organização política, igualdade de direitos, hierarquia, desertificação populacional e paisagística, gentrificação, extrativismo, exploração, decolonização, segregação, decrescimento, economia circular, ansiedade climática, cooperação, ajuda mútua, tendo sempre em conta o respeito pela paisagem e a harmonia com a Natureza.
Como relacionar-nos com a Natureza, e entre nós, de forma harmoniosa, para obtermos diretamente da paisagem os bens de produção necessários para vivermos dignamente e em abundância neste fustigado planeta?
Explorando alternativas para uma organização política, social e económica mais justa e em consonância com a Natureza, o ciclo de conversas-acções é complementado por oficinas práticas, visando desenvolver ações concretas que proporcionem soluções materiais para os atuais desafios. Criando uma rede educativa de cooperação e ajuda mútua, capaz de operar em diferentes áreas e disciplinas, que empodere os cidadãos com conhecimento para criar meios de produção e relações de produção mais justas e respeitadoras da Natureza.
*um conceito desenvolvido no âmbito Escola Provisória para Nada
19h00
Leituras de Verão – nova secção programática dedicada à edição de literatura de ficção e não-ficção: contos, poesia, crônicas, textos performativos, breves ensaios, etc.
Lançamento do conto: O Culminar do Desejo de uma Calçada de Bárbara Costa com apresentação de Nelson Guerreiro e leitura de excertos do mesmo com a presença da autora
Design Gráfico e Intervenção Artística de: Nayara Siler
Local: Anfiteatro do Forte da Nossa Senhora da Encarnação
20h00
«Ethereal Journeys: A Sonic Expedition of the Mind» (Live-Act)
de Rafael Diogo
Local: Anfiteatro Nossa Senhora da Encarnação
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Domingo, 24 de setembro de 2023
14h00-18h00
«Vou A Tua Casa (de férias)» tele-performance duracional de Rogério Nuno Costa em colaboração com a prado – espaço ruminante
19h30
«Making Waves» (Instalação-Performativa)
de Candido Efeémer & Hornydolphin
Local: Algar Seco
20h30
«Concerto»
de João Ferro Martins com a Banda Filarmónica Silvense
Local: Anfiteatro de Carvoeiro
Sinopse
Músicos da Sociedade Filarmónica Silvense apresentam, num breve concerto, o resultado de uma residência onde foram desenvolvidos métodos de improvisação musical a partir de bases e com direção de João Ferro Martins.
19h00-21h00
AFTER SUN PARTY (Cocktail-Party)
com os/ as DJs:
Electro-Domésticas (Lara Boticário Morais & Filipa Brito)
Rafael Diogo
João Ferro Martins
Nelson Warrior
Ricardo Pimentel
VJing a cargo do Colectivo PÁTIO (Kim, Ricardo Dias e Ricardo Guerreiro)
Sinopse
Será uma festa de encerramento para descontrair, dançar e sermos felizes. Let’s dance!