FARO 1540 quer guardar memórias da cidade na Torre de São Francisco

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Torre da Horta dos Cães ou Celeiro de São Francisco ou Torre de São Francisco vai ser uma «grande casa da cultura» pela mão da associação Faro 1540.

Foi com «enorme alegria» que a FARO 1540 – Associação de Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural de Faro, assinou o protocolo de cedência do edifício denominado de Torre da Horta dos Cães ou Celeiro de São Francisco ou Torre de São Francisco, classificado como Imóvel de Interesse Público, com o município de Faro, no dia 7 de setembro.

«Foi uma longa e desafiante caminhada, repleta de simbolismo, em que os privados, o município e a sociedade civil uniram esforços em busca de uma solução para um desafio com décadas», diz o dirigente Paulo de Oliveira Botelho.

«Este é um momento de grande significado para a FARO 1540 e para os seus associados, enquanto agente cultural promotor e defensor do património ambiental e cultural, poderá a partir de agora rumar a uma nova etapa dos seus 12 anos de vida».

«Isto é, a implementação de um projeto cultural que abraçamos com grande determinação, e pretendemos através destes contribuir de forma positiva e ativa para a preservação do património material e imaterial da cidade de Faro, alicerçados na construção de pontes a favor dos farenses, o nosso maior património, com as suas história e as suas memórias».

Logo que a segunda fase das obras esteja concluída, a FARO 1540 pretende instalar no local um projeto de cariz cultural designado de Torre de São Francisco: Território e Memória, um espaço de reflexão, interpretação, organização, exposição e divulgação do património histórico material e imaterial da cidade de Faro, desenvolvido em estreita articulação com a comunidade farense e para a comunidade farense, ao nível da colaboração e co-criação, envolvendo tanto a academia, como associações e ONGs, arquivos, bibliotecas, museus e redes informais de cidadãos.

«O nome do projeto é inspirado no próprio edificado, cuja construção é vertical, remetendo-nos para Torre é a representação da identidade da cidade e as pedras que a estruturam são as memórias que a integram, num crescendo de conhecimento que a consolidam e reforçam», acrescenta Paulo Botelho.

Em termos de missão e valores, o principal objetivo é construir uma «casa» de cultura, de porta aberta, muito mais do que um espaço museológico no sentido tradicional.

Será um espaço focado essencialmente no património imaterial, como as memórias, criando um espaço de experiência, um lugar de histórias e ideias, através da participação dos seus atores que são os farenses, o maior património da cidade de Faro.

Um projeto onde os farenses são convidados a experienciar o espaço como se tratasse de uma sala de visitas, de uma «grande casa» que pertence e se destina à comunidade farense, recorrendo-se a métodos participativos para inventariar, conservar e divulgar o património cultural local, material e imaterial.

«Através de uma abordagem participativa em que a comunidade local é chamada a intervir de forma ativa, será implementado um conjunto de projetos cooperativos (Alma F; Ico-Memória – Arquivo Iconográfico de Faro; Caixa de Memórias – Objetos que contam Histórias e Cadeiras com Estória) indo ao encontro da quarta dimensão de atuação definida pelo município de Faro no Plano Estratégico para a Cultura 20/30», explica Paulo Botelho.

Será «como um ponto de chegada de vivências e também de partida para a produção de novos objetos e novas leituras, novas interpretações da nossa memória e da nossa identidade».

A FARO 1540 e seus associados «agradecem a Câmara Municipal de Faro, na pessoa do presidente Rogério Bacalhau e a toda a sua equipa pela confiança depositada neste Projeto e na Associação e por mais este passo no reforço da identidade de Faro, na preservação e valorização do Património da nossa cidade e em especial no restauro e requalificação da Torre de S. Francisco».

Por último, «uma palavra de reconhecimento e agradecimento à D. Maria Rita Ortigão Pinto Cortez e à Família Ramalho Ortigão pela doação deste edifício ao Município de Faro, permitindo desta forma a fruição pública do espaço e a criação desta nova infraestrutura cultural na cidade de Faro. Às associações e farenses que partilhem do mesmo sentimento de identidade pela nossa cidade de Faro, juntem-se a nós e tornem-se nossos parceiros nestes projetos ou noutros que queiram desenvolver neste espaço».

Projeto Alma F

Lançado em junho de 2019, por Paulo de Oliveira Botelho e Cláudia Luz, ambos associados da FARO 1540 e cuja génese esteve na busca da alma farense. Esta busca tem como base a recolha de registo áudio e vídeo de testemunhos orais que permitam contextualizar e integrar de forma transversal os diferentes protagonistas na narrativa histórica. São histórias que muitas vezes a História não conta. São as memórias das pessoas e as recordações das pessoas enquadradas no tempo e no espaço. Ouvindo as suas memórias, aprendemos mais sobre o território e sobre nós próprios. As memórias da vida na cidade, partindo do individual para construir o coletivo. É um Projeto de afetos, que pretende evidenciar a importância da história de vida para o conhecimento e compreensão da história local e para a construção de identidade e o fortalecimento de dinâmicas comunitárias.

Projeto Icono-Memória – Arquivo Iconográfico de Faro

Construção de um repositório iconográfico de referência composto por documentação iconográfica diversificada: de fotografias, diapositivos, mapas, gravuras, cartazes, desenhos e vídeos.

Projeto Caixa de Memórias – Objetos que contam Estórias

Os objetos que nos rodeiam transportam consigo valor histórico no espaço quotidiano e permitem-nos sentir que a nossa existência se dá onde se desenvolve um continuum histórico do qual também fazemos parte. O Projeto Caixa de Memórias desafia a toda a comunidade farense a partilhar a sua história pessoal e familiar através da doação de objetos pessoais com história (com referência à história subjacente à relevância desses objetos) contribuindo para a afirmação da identidade cultural. Os objetos que transportam em si uma carga simbólica, contribuem para contar a história de quem somos, a formar nossa identidade e a moldar como nos apresentamos ao mundo. Estes objetos, obviamente, não possuem uma memória própria, mas funcionam como um reservatório, acumulando tudo o que ali depositamos: as nossas dores, alegrias, um dia triste e outro alegre, um beijo, enfim, tudo aquilo que deixa marca e não queremos guardar sozinhos. Mais do que fazer emergir essas memórias, os objetos levam-nos a partilhar essas experiências, influenciando aqueles que estão à nossa volta com as suas histórias e segredos

Projeto Cadeiras com Estória

A cadeira é uma peça que possui uma carga simbólica muito forte, sendo um verdadeiro símbolo cultural de relação com o estar à mesa e, consequentemente, estar em família ou com amigos, momentos em que se partilham histórias e momentos da vida. Este Projeto pretende convocar os farenses a doarem a sua cadeira e partilharem as suas histórias. Pretende igualmente, levar estas cadeiras, a diversos pontos do concelho, com o objetivo de convidar os farenses a sentarem-se e conversarem sobre as suas experiências, interligando este Projeto ao Projeto Alma F.