«A cultura é uma das poucas coisas que nos mantém inteligentes»

  • Print Icon

A descida rumo ao sul acontece em plena quadra natalícia. Mas a companhia francesa Akoreacro não se importa.

«É uma oportunidade fantástica. Na verdade, estamos ansiosos por conhecer Monchique. A companhia que esteve aí no ano passado (Circa Tsuica – Cheptel Aleïkoum) contou-nos muitas coisas boas sobre o Algarve. Vai ser um prazer passar convosco esta época tão especial», disse Claire Aldaya, acrobata e uma das protagonistas de «Klaxon», espetáculo que tem andado na estrada desde 2013 e que terminará, de vez, na vila serrana algarvia. «É verdade. Será o final de uma grande aventura de vida. Por um lado, sentimo-nos um pouco tristes. Chegamos ao fim uma jornada de cinco anos de partilha com amigos, parceiros, famílias e sobretudo com o público. A despedida não será fácil, tenho a certeza que haverá muitas lágrimas, mas também bastantes sorrisos. Não nos levem a mal se os sentimentos se apoderarem dos nossos corpos», pediu.

Depois de ter passado pelo Reino Unido, Espanha, Bélgica e Alemanha, Claire Aldaya e a equipa, percebe que «públicos de culturas e códigos sociais distintos reagem de forma diferente. Mas este espetáculo sempre teve bastante sucesso em todos os países por onde tem passado, porque a música e as acrobacias são a única linguagem em palco. E isso parece ser não ter fronteiras». Mas afinal o que é se passa na tenda, durante uma hora e meia? «Bem, é como se fosse um grande concerto. Parece que nada acontece conforme o planeado. O ritmo da música é frenético do princípio ao fim. As pessoas até podem pensar que se trata de uma grande confusão, mas na verdade, tudo é perfeitamente coreografado. Há trapézios, malabarismos, um violino voador e uma mulher contrabaixo. Tudo segue uma sequência que mistura uma atmosfera poética com a essência básica das artes circenses: risco e performance», descreveu ao «barlavento».

A Akoreacro segue a tradição da Escola de Circo de Moscovo. Nos primeiros meses de 2018 já tem agendadas residências para desenvolver uma nova criação. «Nunca poderemos substituir o Klaxon. Tentaremos apenas fazer algo que seja tão bom quanto este, e sobretudo diferente. Vamos continuar a trabalhar de forma exigente, com uma equipa muito sólida. E pela primeira vez, vamos ter um diretor artístico novo que, de certeza, nos guiará por outros caminhos». Questionada sobre os anos da crise e os cortes no financiamento que muitas companhias profissionais sofreram pela Europa fora, a acrobata francesa é peremptória: «a cultura é uma das únicas coisas que nos mantém inteligentes».

Novo circo para toda a família

O projeto «Lavrar o Mar» leva a Monchique «Klaxon», de 28 a 31 de dezembro, às 21h00, e a 1 janeiro, às 17h00, no Heliporto Municipal. O coletivo francês Akoreacro é formado por 11 artistas: cinco músicos e seis acrobatas. Vai ser montar uma tenda de circo tradicional, com capacidade para 520 pessoas, no Heliporto de Monchique.

Será o palco para «Klaxon», um espetáculo de novo circo para ver em família. Os bilhetes custam 7 euros (adultos) e 5 euros (crianças dos 4 aos 12 anos).

Estão disponíveis online na plataforma BOL, na Casa «Lavrar o Mar» (Rua João Dias Mendes, em Aljezur) e Biblioteca Municipal de Monchique. A bilheteira local abre duas horas antes do início do espetáculo. «Klaxon» insere-se no segundo ciclo do «Lavrar o Mar – as artes no alto da serra e na costa vicentina».

Há autocarro gratuito para portadores de bilhete nos dias 29 e 30 de dezembro, com partida de Aljezur (paragem do mercado) às 19h30 e partida de Monchique (Heliporto) às 22h30. Os lugares são limitados e por isso a reserva e obrigatória para pelo contacto 351 913 943 034, número que também está disponível para pedidos de informação.

Neste segundo ciclo de existência, o «Lavrar o Mar», projeto de programação cultural em época baixa nos territórios de Aljezur e Monchique, está inserido no programa «365 Algarve» e conta com o apoio do CRESC Algarve – Portugal 2020.