Dívidas Públicas

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Nas minhas inúmeras contas, quando vejo que alguém está a ir de novo aos bolsos de todos nós, escondido em faltas desculpas, vejo claramente o caso português, em que a taxa de juros média dos empréstimos que temos, se aproxima dos 5%, enquanto o BCE, empresta a 0,05%. A diferença é de 100 vezes, diferença que os intermediários do capital ficam a ganhar.

Neste momento não estaríamos a falar de crise financeira em nenhum Estado da União Europeia, se, no caso do BCE, este emprestasse diretamente aos Estados. Claro que, neste momento, nos estatutos do BCE, tal opção não está contemplada. No meu entender, seria uma situação muito fácil de alterar, pois bastaria a assinatura dos chefes de Estado dos vários países da UE.

No caso de Portugal estaríamos a falar de uma diferença de pagamento em juros, de quase 8 mil milhões de euros, para no máximo 80 milhões. Saberão todos por isso onde ficam os restantes mais de 7 mil milhões.

Se a taxa de juros aplicada aos Estados fosse a que o BCE dá aos bancos europeus, os 0,05%, hoje, o Estado Português não tinha défice, aliás tinha um excedente de quase mil milhões. Agora qual é a justificação que se dá ao povo para todos os cortes que se andam a fazer, quando a solução é tão simples e, ao mesmo tempo, benéfica para toda a população, permitindo que não existissem os problemas que se vivem.

A grande questão é porque é que o BCE, que pertence ao povo de forma indireta (pois num sistema democrático os bens públicos são do povo, onde este apenas elege aqueles que devem gerir bem a coisa pública) não está a fazer o que deveria para defender corretamente o povo. O OXI Grego, assustou os políticos, mas logo foi derrotado com um novo pacote de austeridade, quando nada disto era necessário.

Afinal o que andam a fazer os senhores que gerem os Estados, se não gerem em função daqueles que os elegem, da maioria, mas da minoria, detentora do capital. O sistema está a esticar a corda e esta têm tendência a rebentar, alterando os sistemas políticos existentes.

Quais são os interesses que estão por detrás desta falta de esforço em efetuar políticas de desenvolvimento da sociedade, permitindo que todos possam ter uma vida agradável, com bom acesso à educação, segurança e saúde.

A qualidade de vida dos povos está na boa decisão dos gestores dos Estados, sendo que o povo, parte interessada, pela sua falta de união, acaba sempre por perder. No meu entender, o Estado, deverá efetuar tudo o que estiver ao seu alcance para melhorar as condições de vida dos membros da sua sociedade, e, deveria ser essa a orientação do trabalho de todos.

Da forma como vamos fazendo apenas estamos a alimentar a ganância de alguns, que abusam da vida de muitos, criando um conjunto de regras, que funcionam como um garrote. A evolução da sociedade deve-se ao grau de desenvolvimento de todos os que a compõem. Só a união do povo, ou povos, é que nos vai permitir ter uma vida melhor.

O trabalho que tenho desenvolvido no sindicato abriu-me os olhos para a necessidade da união dos mais fracos, de forma a se tornarem fortes. Até ao momento, a política da dependência e do medo têm levado à falta de união, deixando-nos cada vez mais dependentes e fracos. Todos sabemos como contrariar isto, só temos que nos unir.

SINTAP