Vita Nativa faz balanço positivo de dois anos do projeto Bio-ilhas

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A Associação Vita Nativa – Conservação do Ambiente, com sede em Olhão, faz um balanço positivo dos dois anos do projeto Bio-ilhas.

São várias as espécies de aves aquáticas que constroem o seu ninho no chão, encontrando nas salinas e nos sapais locais de nidificação adequados.

A deterioração destes habitats e a perturbação das colónias, contudo, comprometem a nidificação e a sobrevivência destas espécies.

Para inverter esta tendência, a Associação Vita Nativa – Conservação do Ambiente, em parceria com a Associação Viridia – Conservation in Action, criou em 2021, o projeto Bio-Ilhas – Requalificação de Salinas e Áreas Lagunares de Sapal (Olhão e Faro).

Este projeto, concluído no passado mês de julho, teve como objetivo requalificar as áreas degradadas de sapal, zona de grande importância para alimentação de aves limícolas invernantes e de nidificação para a perdiz-do-mar (Glareola pratincola); e implementar ilhas artificiais em tanques de Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e de salinas que permitem a nidificação de aves aquáticas, como a chilreta (Sternula albifrons), o alfaiate (Recurvirostra avosetta) e o borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus).

Além de preservar estas espécies-alvo, o projeto Bio-Ilhas pretende ainda potenciar e sustentar núcleos populacionais de outras espécies aquáticas.

Instalaram-se ao todo 10 bio-ilhas nas áreas salineiras entre Olhão e Faro e também nas lagoas das ETAR desta região.

Nas áreas salineiras, foi ainda limitado o acesso do público aos cômoros e instaladas estruturas anti-predação.

Na ETAR de Olhão-Poente, procedeu-se também à renaturalização da ilha natural da lagoa principal e à instalação de proteções anti-predação.

Por fim, na ETAR de Faro-Olhão, foi regenerada a área de sapal.

Cria de chilreta (Sternula albifrons).

No total, durante o Projeto Bio-Ilhas foi intervencionada uma área de 10.256 metros quadrados (m2), com 10 mil m2 de sapal regenerado e 256 m2 de ilhas e cômoros.

Ao longo dos 26 meses de projeto foram conduzidas visitas semanais a estas áreas, que resultaram em cerca de 380 mil observações de 88 espécies de aves diferentes, e confirmaram a nidificação de todas as espécies-alvo na área de intervenção.

As chilretas, os alfaiates e os borrelhos-de-coleira-interrompida construíram os seus ninhos nas ilhas, cômoros e zonas de acesso limitado, com 109 ninhos a serem registados nestas áreas durante a época de nidificação de 2022 e de 2023.

Perdiz-do-mar (Glareola pratincola).

Em 2023, e depois da remoção do entulho, 15 casais de perdizes-do-mar nidificaram na área de sapal regenerado.

Além das sessões de monitorização foram ainda realizadas sessões de anilhagem científica, que resultaram na marcação de 465 indivíduos de 21 espécies.

Durante o projeto foram ainda promovidas visitas escolares às salinas e produzidos materiais de sensibilização.

Chilreta (Sternula albifrons) no ninho.

Os dados recolhidos demonstraram que as ações do projeto não só criaram zonas de nidificação de elevado sucesso reprodutivo, como ainda criaram condições de ocupação e repouso nas áreas contíguas às zonas intervencionadas.

Com o sucesso deste projeto espera-se em breve ampliar a zona de ação, multiplicando e prolongando assim os resultados já alcançados.

O financiamento da Associação Viridia – Conservation in Action foi fundamental para a concretização deste projeto, que contou ainda com a parceria da direção regional do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) do Algarve, das Águas do Algarve, da Necton – Companhia Portuguesa de Culturas Marinhas, e das Salinas do Grelha – Segredos da Ria.