Universidade de Évora e GEOTA unidos para restaurar Monchique

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A Universidade de Évora e o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) assinaram um protocolo de colaboração mútua no início do mês de janeiro com o objetivo de criar sinergias entre os projetos de conservação que cada entidade coordena na serra de Monchique.

Com o propósito de conservar um dos habitats naturais mais raros da Europa e um dos mais singulares da serra de Monchique, a Universidade de Évora coordena o Life-Relict.

Este projeto tem como principal objetivo a conservação das comunidades arborescentes de espécies lauróides (habitat prioritário para a conservação listado no Anexo 1 da Diretiva Habitats com o código 5230).

«É aqui que vivem as plantas testemunhas das florestas de Laurissilva que ocuparam a Península Ibérica em épocas geológicas passadas, quando o clima dominante era do tipo subtropical. Nesta situação estão os raros Adelfeirais, dominados pelos imponentes arbustos de Rhododendron ponticum subsp. baeticum, espécie florística escassa e fragmentada nas áreas do oeste da Península Ibérica», explica a bióloga conservacionista Cristina Madeira Baião da Universidade de Évora.

Entre as mais variadas ações concretas de conservação levadas a cabo pelo Life-Relict, «é de destacar as que pretendem beneficiar as etapas maduras da sucessão ecológica, incluindo os bosques potenciais da serra de Monchique. Pois pretende-se incrementar a área de floresta autóctone e, por conseguinte, aumentar a resiliência e a robustez deste habitat prioritário, face a exposição das ameaças mais significativas, como é o caso dos fogos, das intervenções silvícolas inadequadas, propagação de espécies exóticas invasoras, alterações climáticas, entre outras».

Em simultâneo, o GEOTA coordena o projeto Renature Monchique, que visa restaurar os principais habitats da Rede Natura 2000 afetados pelo incêndio de 2018, considerado como o maior da Europa, consumiu mais de 27 mil hectares deixando um rasto de destruição no património natural.

Assim, está previsto renaturalizar a paisagem da serra de Monchique com mais de 75 mil árvores de espécies autóctones.

Prevê-se ainda conseguir contribuir para o bem- estar da comunidade local e mitigar os futuros impactes das alterações climáticas no território.

Desta forma, como os objetivos específicos do projeto Life-Relict (UE) e do projeto Renature Monchique (GEOTA) complementam-se, tornou-se evidente a necessidade de uma cooperação entre as entidades coordenadoras, potenciando o melhor sucesso na salvaguarda do património natural deste Sítio de Importância Comunitária (SIC) através da replicação e transferência de conhecimentos adquiridos por ambas as partes.

A serra de Monchique tem cerca de 78 mil hectares e alberga mais de duas dezenas de habitats naturais e seminaturais, sendo cinco deles considerados prioritários para a conservação pela Diretiva Habitats (92/43/CEE).

É por isso, designado Sítio de Importância Comunitária, pois está num contexto biogeográfico muito particular e onde existem espécies florísticas raras, algumas endémicas e outras ameaçadas de extinção, como é o caso do carvalho de Monchique (Quercus canariensis). Esta planta, em conjunto com outras espécies florísticas da região, confere particular valor à floresta autóctone da serra de Monchique.

A atividade económica, contudo, com a ocupação de solo mais expressiva é a florestal, onde algumas dezenas de milhares de hectares estão ocupados com povoamentos de eucaliptos e pinheiros bravos.

A maioria da área deste SIC tem uma dinâmica socioeconómica frágil e a propensão para o abandono é bastante elevada, uma vez que o rendimento do trabalho está a menos de 60 por centoda média da região (Algarve).

Talvez por isso, os fatores de ameaça mais significativos sejam a florestação intensiva com espécies exóticas, os incêndios florestais, a destruição da vegetação autóctone, a expansão de espécies exóticas invasoras bem como as alterações climáticas, entre outras ameaças que, comutativamente, estão a contribuir para uma franca degradação da floresta autóctone da Serra de Monchique.

Para mais informações sobre cada projeto o site do projeto «Renature Monchique».