Sede do Parque Natural da Ria Formosa recebeu um upgrade por parte da entidade que lhe reconhece importância para turistas e residentes. Centro de Educação Ambiental de Marim está mais atrativo e ganha um novo guia de visita. Tutela do ICNF mostra-se disponível a parcerias para uma nova cogestão.
O Turismo do Algarve ofereceu equipamentos de apoio ao Centro de Educação Ambiental de Marim (CEAM), que conta agora com novos painéis informativos, mais sinalética e mobiliário urbano.
O objetivo é valorizar aquele espaço natural, que só em 2019, teve mais de 33 mil visitas pagas. As estruturas de acolhimento e visitação do centro interpretativo foram cedidas ao abrigo de um protocolo assinado pelo Turismo do Algarve e pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), através da Direção Regional da Conservação da Natureza e Florestas do Algarve (DRCNF), na manhã de quinta-feira, dia 22 de outubro.
Joaquim Castelão Rodrigues, diretor regional da DRCNF, agradeceu a parceria, pois «a sinalética estava muito degradada. Há muito tempo que não havia investimento e, de facto, não dava uma boa imagem» àquela paisagem privilegiada que une mata, sapal, dunas, charcos e salinas à beira da Ria Formosa. Agora «as pessoas não vão pisar áreas adjacentes aos percursos e não vão provocar a morte de plantas ou de outra fauna», já que os percursos estão bem assinalados.
«Este ano, e mesmo com a COVID-19 já contabilizamos, até ao mês passado, 13 mil visitantes. Há que lhes dar condições para que, acima de tudo, saiam daqui satisfeitos e informados. Toda a sinalética e todos os painéis têm um QR Code de acesso a informação detalhada sobre os valores» do Parque Natural da Ria Formosa.
De acordo com o responsável, estão em curso mais intervenções no espaço, já que o Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR) cofinanciou um projeto de conservação dos ecossistemas florestais, que permitirá investir 370 mil euros não apenas no CEAM, mas também no Ludo e no Pontal.
Além disso, desde 1 setembro, estão ali sediados cinco agentes florestais, «que irão também fazer ações de manutenção e que são uma grande ajuda».
O investimento do Turismo do Algarve decorre do projeto Valuetur, que tem como principal objetivo tornar geradoras de atividade económica sustentável, áreas protegidas de valor natural, histórico e cultural.
João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve, ouvido pelos jornalistas explicou que «estamos no coração da Ria Formosa, num espaço que é visitado por dezenas de milhares de pessoas e que tem um potencial para ter mais visitas e com isso mais recursos» com vista à sua reabilitação e manutenção, algo que não tem acontecido nos últimos anos.
«Este é um espaço também muito visitado por residentes. Também por isso queremos dar nota clara de que o turismo não é um fim em si mesmo, é um contribuinte para um desenvolvimento sustentável da região e que para isso conta o bem-estar do residente», sublinhou.
Os novos equipamentos também têm uma particularidade ambiental. «São feitos de plásticos que habitualmente vão para o aterro e que não têm condições para serem reciclados. Mas há empresas que trabalham estes materiais e dessa forma aumentamos o seu ciclo de vida, tornamos a economia mais circular e reduzimos o impacto da utilização destes recursos».
Ainda segundo João Fernandes, «a ecovia do litoral vai passar por dentro deste parque, e temos vindo a trabalhar com o ICNF nesse sentido, evitando o desvio para a EN125. Há pelo menos dois anos que andamos a trabalhar num modelo em que o Turismo do Algarve também é um cogestor deste equipamento, em conjunto com a Câmara Municipal de Olhão, que será o parceiro fundamental».
«Tudo isto simboliza um estado de maturidade muito importante. Por um lado, o ICNF percebe a vantagem de valorizar o território através do seu usufruto com responsabilidade. As autarquias têm também hoje uma consciência daquilo que é um património natural e do seu valor. E o sector do turismo também reconhece nos espaços naturais e no turismo de natureza uma oportunidade de desenvolvimento», sobretudo numa altura em que se prevê que este segmento venha a crescer.
Uma estratégia que João Catarino, secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, acarinha. «Esta quinta tem um potencial turístico extraordinário. Estes 33 mil visitantes podem vir a ser 100 mil e se investirmos todos esse dinheiro aqui, teremos capital para recuperar», por exemplo, o edificado, as vias rodoviárias, e até o cais.
Além dos equipamentos, há ainda um novo folheto para oferecer a quem passa pelo CEAM, também produzido pelo Turismo do Algarve em parceria com a DRCNF.
Agora, está a ser preparada a edição de novas brochuras dedicadas ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, ao Parque Natural da Ria Formosa e à Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António.
Todos estarão disponíveis em quatro idiomas (português, inglês, castelhano e francês).
A par de aspetos sobre os ecossistemas, habitats e espécies de fauna e flora de cada parque, os materiais de divulgação contam com imagens ilustrativas, mapas, e pontos de interesse.
Para breve estão também previstas ações de capacitação interna das empresas algarvias sobre o potencial turístico e a necessidade de preservação do património natural do Algarve.
Os visitantes mais novos têm ao dispor o «Guia de Turismo de Natureza Júnior».