Projeto quer aumentar resiliência da população do Caldeirão aos incêndios

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«Condomínios da Aldeia» também pretende aumentar a resistência da Serra do Caldeirão às alterações climáticas.

O lugar da Quintã, na Serra do Caldeirão, concelho de Loulé, é o ponto de partida de implementação do «Condomínio da Aldeia», um projeto financiado pelo Fundo Ambiental que pretende tornar a presença humana em espaço rural mais resiliente e mais segura face aos incêndios florestais e à ameaça das alterações climáticas.

Esta iniciativa de apoio a aldeias localizadas em áreas de floresta foi apresentada na passada sexta-feira, dia 29 de abril, como mais uma medida integrada na política ambiental do município louletano.

Num terreno de oito hectares, nesta pequena localidade com apenas oito habitantes, na freguesia de Salir, em plena Serra do Caldeirão, a intervenção teve um duplo pressuposto: «criar uma área de proteção através dos mosaicos e efetuar ações de plantação», como sublinhou o vereador Carlos Carmo.

No local, área florestal transformada agora num sistema agroflorestal e de pastagens, foram plantadas 490 árvores de espécies autóctones, entre as quais pomares mistos constituídos por medronheiros, alfarrobeiras, oliveiras, romãzeiras, figueiras e ameixeiras. Na galeria ripícola instalaram-se freixos por forma a controlar as espécies invasoras.

O objetivo passou por assegurar em simultâneo e de modo sustentável a manutenção da zona, procedendo ao restauro e requalificação da envolvente de forma a promover o mosaico mediterrânico – resiliente a incêndios rurais – de proteção à volta deste aglomerado, criando ao mesmo tempo um aumento e valorização da biodiversidade local.

Como adiantou Carlos Carmo, esta candidatura «não previa um plano de manutenção do local. No entanto, e uma vez que as equipas de Intervenção Florestal e Sapadores Florestais do município, em conjunto com a Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão – o principal parceiro deste Condomínio -, irão fazer a monitorização do projeto, ficarão igualmente responsáveis pelas ações de manutenção no local».

O vereador com o pelouro do Ambiente e da Proteção Civil adiantou ainda que «no nosso concelho há uma freguesia identificada na legislação pela vulnerabilidade do seu território em termos de perigosidade de incêndio rural, Salir, e foi por isso que apresentámos esta candidatura, que envolveu um financiamento de cerca de 15 mil euros».

Depois da Quintã, a Câmara de Loulé aguarda a aprovação de mais duas candidaturas, já numa segunda linha de financiamento do «Condomínio da Aldeia», que terá um aumento da verba: Vale Maria Dias e Malhão, ambas na freguesia de Salir.

Vítor Aleixo, presidente da autarquia, falou da importância deste tipo de candidaturas para a concretização dos projetos ligados às áreas florestais: «Loulé tem know-how, tem densidade crítica, tem um ecossistema humano e técnico para lidar com esta problemática do mundo rural e da mudança climática».

O autarca destacou a Agenda da Sustentabilidade na Biodiversidade, um dos dossiers que Loulé tem neste momento em mãos e que manifesta «uma grande ambição para o interior», nomeadamente em projetos que têm a ver com a «transformação da paisagem, com a plantação de muitos milhares de árvores para capturar carbono da atmosfera ou com a recuperação das linhas de água (PERLA)».

O programa de transformação da paisagem que o Governo está a desenvolver desde os incêndios que fustigaram o País, em 2017/18, assenta tem quatro medidas: reorganização e gestão da paisagem nos 20 territórios definidos como «vulneráveis» (um deles a Serra do Caldeirão); emparcelamento ou ordenamento dos terrenos abandonados; áreas de intervenção e gestão da paisagem, e os «Condomínios das Aldeias».