Valadas Monteiro defende reforço da aposta na fileira da alfarroba

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Diretor de Agricultura e Pescas do Algarve deu a «Saborear o Algarve» aos turistas no Aeroporto de Faro, mas foram os furtos de alfarroba a dominar a agenda mediática.

As apreensões de alfarroba furtada por parte da Guarda Nacional Republicana (GNR) já duplicaram face ao ano anterior, enquanto os produtores aguardam a aprovação de uma proposta de lei para a criação de mecanismos de controlo nos circuitos de comercialização. A proposta foi enviada ao Ministério da Agricultura há cerca de um ano e ainda não há sinal por parte da tutela.

Ainda assim, Pedro Valadas Monteiro é da opinião que se trata de uma cultura em que a região «deve apostar cada vez mais», segundo afirmou aos jornalistas, na manhã de segunda-feira, dia 1 de agosto, durante uma ação promocional da Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve no Aeroporto Internacional de Faro.

«Temos que tomar consciência que é uma produção muito importante para o Algarve, da qual dependem milhares de produtores. É muito importante para a manutenção da paisagem tradicional e muito importante porque estamos a falar de uma cultura extremamente resiliente à falta de água. Portanto, entendemos que a região deve privilegiá-la e apoiá-la», sublinhou o diretor regional.

Nos últimos anos, o preço por uma arroba (medida equivalente a 15 quilos) de alfarroba, passou de cinco para 40 euros, e a previsão é que esse valor possa chegar, nos próximos meses, aos 50 euros.

«Sabemos de antemão que a cotação está a aumentar porque há, cada vez mais, aplicações industriais para a alfarroba. Hoje há também uma tendência muito grande para que os químicos, nomeadamente os emulsionantes (conhecidos como E), sejam substituídos por produtos naturais. A goma de alfarroba é um E de excelência. A semente é utilizada na indústria alimentar, farmacêutica, têxtil, na doçaria e na alimentação animal. A alfarroba está com uma cotação estratosférica e, obviamente, estes fatores são apelativos para os roubos», explicou, afirmando ainda que, «é inevitável que o preço continue a aumentar, sendo que, provavelmente, os valores vão acabar por suplantar os do ano passado».

Questionado sobre que ações a DRAP Algarve está a tomar para apoiar os produtores, Valadas Monteiro respondeu que «a breve trecho será aberto um aviso, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020, dedicado à instalação de culturas tradicionais, a nosso pedido, em que um dos principais objetivos é apoiarmos o investimento em pomares de alfarrobeiras».

Além disso, «temos tentado sensibilizar ao máximo o Ministério Público e as outras áreas governativas para a importância do reforço de fiscalização. É nesse sentido que quero também deixar uma palavra de apreço ao trabalho formidável da GNR, que tem tido uma preocupação acrescida com a segurança nas áreas mais pressionadas pelo turismo».

O aumento dos furtos levaram cerca de 200 produtores de alfarroba a manifestarem-se na sexta-feira, dia 29 de julho, junto à Câmara Municipal de Loulé.

Já sobre a proposta de lei, que se encontra no gabinete da ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, o diretor regional apenas disse que «os esclarecimentos devem ser prestados pela tutela. Não está na minha esfera de atuação, nem no âmbito da minha intervenção», concluiu Pedro Valadas Monteiro.

DRAP deu a «Saborear o Algarve» aos turistas

A zona das chegadas do Aeroporto Internacional de Faro tem sido palco de uma ação promocional, que termina na sexta-feira, dia 5 de agosto, com o objetivo de dar a conhecer a Dieta Mediterrânica.

Todos os turistas que aterrarem na capital algarvia, entre as 09h00 e as 12h00, vão receber as duas conservas artesanais da marca «Saborear o Algarve», chamadas «Petiscadas», inseridas no âmbito do Programa Operacional (PO) MAR2020.

«Estamos a chamar a atenção dos turistas para o facto de o Algarve ser muito mais do que sol e praia, também é gastronomia e uma grande riqueza de produtos alimentares e pescas. Ao mesmo tempo que oferecemos as conservas de carapau e cavala, estamos a distribuir flyers para divulgar a importância da Dieta Mediterrânica, sempre ligada ao imaginário da região, e que é feita com produtos sazonais, da época e em circuitos curtos, importantes para diminuir a pegada ecológica. Na prática, estamos a divulgar os recursos endógenos do Algarve e a demonstrar a importância desta dieta enquanto património histórico e cultural», referiu o diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve.

Apesar de as «Petiscadas» não poderem ser comercializadas, o responsável assegurou que «estamos em articulação com unidades conserveiras da região para que, cada vez mais, integrem produtos desta natureza nas suas linhas de produção».

Quem ainda não experimentou as conservas, vai ter oportunidade de as conhecer na Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e Indústria de Lagoa (FATACIL), entre os dias 19 e 28 de agosto no Parque de Exposições de Lagoa, ou na Feira da Dieta Mediterrânica, no centro histórico da cidade de Tavira, entre dia 8 e 11 de setembro.