Fartos de tantas promessas nunca cumpridas os trabalhadores do Grupo JJW Hotels & Resorts, reunidos ontem à tarde no Hotel Dona Filipa, decidiram manter a greve de três dias já convocada para os dias 16, 17 e 18 de abril.
Está em causa os salários e subsídios em atraso há mais de um ano, situação que começou logo no mês de março de 2020 depois dos «anos de ouro» do turismo, sendo que a administração nunca recorreu aos apoios do Estado.
Segundo a Bloomberg, o dono do grupo hoteleiro JJW Hotels & Resorts, o multibilionário sheik Mohamed Al Jaber, tem uma fortuna avaliada em cerca de 7,2 biliões de dólares ocupando atualmente o lugar número 370 entre as 500 pessoas mais ricas do mundo.
Em comunicado enviado à redação do barlavento, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Algarve denuncia que no seguimento da decisão dos trabalhadores em fazer uma greve, a direção do grupo hoteleiro «volta a fazer promessas vãs e a tentar deturpar a verdade dos factos com o objetivo de desmobilizar os trabalhadores da greve. Este tem sido o modus operandi desde o início da inaceitável situação de salários em atraso que se verifica há mais de um ano».
Face ao noticiado por alguns órgãos de comunicação social, baseado em declarações e num comunicado da direção do grupo JJW, importa repor a verdade sobre algumas afirmações e factos alegados por esta.
«Não corresponde à verdade o que afirma a direção o grupo JJW quanto ao plenário de trabalhadores realizado no Penina Hotel & Golf Resort pois não foi posto à votação a proposta de greve».
«O que houve foi uma troca de opiniões em que vários trabalhadores manifestaram-se contra e outros a favor da realização de uma greve, sendo que os trabalhos do plenário foram fortemente perturbados por alguns trabalhadores presentes»
Ainda segundo o sindicato, a direção do grupo JJW afirma que «após o processo de refinanciamento o grupo ficará de boa saúde financeira e que não há planos para despedir trabalhadores no futuro, mas a verdade é que na reunião realizada no Hotel Dona Filipa, no dia 23 de março, entre representantes dos trabalhadores e representantes da administração, onde esteve também presente o advogado do grupo João Nabais, foi dito que não estava posta de lado a possibilidade da administração avançar com um processo de reestruturação no grupo e que essa reestruturação poderia passar por uma alteração e redução do quadro de pessoal».
O Sindicato da Hotelaria do Algarve alerta os trabalhadores para «as manobras da administração e direção do grupo JJW Hotels & Resorts para criar divisões no seio dos trabalhadores com o objetivo de enfraquecer a sua organização, unidade e capacidade de luta».
O Sindicato da Hotelaria do Algarve «apela a todos os trabalhadores para não se deixarem iludir com as falsas promessas e a reforçarem a sua unidade e coesão, aspetos imprescindíveis para garantir a defesa dos seus direitos e interesses». Além disso, «repudia as atitudes persecutórias da direção e apela a todos os trabalhadores para não continuarem a deixar-se enganar por falsas promessas e chantagens emocionais e para não se deixarem intimidar com ameaças».
Amanhã, sábado, dia 17 de abril, os trabalhadores irão realizar um protesto no Hotel Penina às 10 horas, onde será dada uma conferência de imprensa para denunciar a situação.
O sindicato irá disponibilizar um autocarro com partida às 9h00 do Hotel Dona Filipa para permitir a deslocação de todos os trabalhadores que queiram participar.