Rute Silva: «O futuro de Vila do Bispo é o que a natureza nos dá»

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«O futuro de Vila do Bispo é o que a natureza nos dá. Só temos de a aproveitar de forma sensata e sustentável», diz Rute Silva.

Rute Silva, recém eleita presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, está, desde o início do Festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza, em Sagres, envolvida na sua organização e empenhada no seu sucesso.

Foi até quem sugeriu várias alterações ao longo das 12 edições, como, por exemplo, o maior ênfase, desde 2019, dedicado à educação ambiental e ao público infantojuvenil.

«Antes da criação deste Festival já existia um grupo de pessoas que se juntavam em Sagres nesta altura do ano para observarem as migrações das aves. Este evento foi uma sequência natural para essa comunidade poder fazê-lo de forma mais organizada. De facto, no início, havia um foco no birdwatching, mas o programa foi evoluindo para outras propostas e este ano teve 262 atividades na natureza. Penso que é um evento que está consolidado», explicou a autarca ao barlavento, ouvida no Forte do Beliche.

No futuro, ao longo deste novo mandato autárquico, «um objetivo que temos de assegurar é que, a cada ano, com a realização do Festival, fique no concelho um equipamento que possa servir também para os anos seguintes».

Ou seja, «a partir de 2022, quero anualmente inaugurar uma nova estrutura que possa servir para apoio ao birdwatching ou ao turismo de natureza e fazer o mesmo no ano seguinte. Significa isto que, ao fim de quatro anos, teremos um património com vários equipamentos disponíveis, espalhados por este território, para que possa ser mais facilmente visitado ao longo de todo ano».

No Cerro da Cabranosa, zona por excelência em Portugal para observação de aves planadoras, «gostava de criar uma varanda, com base em materiais sem impactes na paisagem, com sinalética e informação técnica, e que se tornará num polo de interesse, visitável ao longo de todo ano. Também podemos criar uma rede de abrigos para melhorar as condições dos observadores de aves, em pontos estratégicos do concelho».

«O futuro de Vila do Bispo é o que a natureza nos dá. Só temos de a aproveitar de forma sensata e sustentável», diz a autarca, não pondo de parte a criação de um centro de interpretação e investigação da avifauna no concelho.

André Pinheiro, da Almargem – Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, concorda. «É sabido que a nível mundial quem se dedica ao turismo de natureza e ao birdwatching em concreto são pessoas com um poder aquisitivo elevado. Se forem criadas condições para essas pessoas, isso será uma grande mais-valia para um município que quer acolher este nicho durante muito mais tempo e com mais frequência, ao invés de um turismo de massas de praia e sol. Sagres acaba por ser sempre interessante para observar aves, sobretudo na época baixa, na primavera e no outono», quando há uma concentração de espécies dignas de registo.