Reservas de água «não vão durar muito mais» alerta Águas do Algarve

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Águas do Algarve tem em cima da mesa um Plano de Eficiência Hídrica que abrange todos os atores públicos. Ação envolve a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e várias entidades regionais.

Com o Dia Mundial da Água a celebrar-se hoje, domingo, dia 22 de março, e após dois anos de seca, o barlavento foi conhecer que estratégias estão a ser adotadas pela Águas do Algarve para mitigar esses efeitos na região.

Responde Teresa Fernandes, responsável da Comunicação e Educação Ambiental da Águas do Algarve: «a pluviosidade tem sido fraca ou nula. As barragens estão com os níveis muito abaixo dos desejáveis para esta altura do ano e ainda estamos no inverno. Temos vindo a trabalhar desde 2019, porque as nossas preocupações são grandes».

Sendo a chuva a principal origem do abastecimento público, a situação era crítica até ao mês de janeiro, momento em que «o nosso concedente nos permitiu começar a utilizar a água que existe na albufeira do Funcho, exclusiva para uso agrícola, mas que neste momento está adstrita ao consumo humano», refere a responsável.

E é possível garantir água em todas as casas até ao final do ano? Teresa Fernandes afirma que sim, «considerando as reservas que temos no Funcho, nas duas barragens e em reservas subterrâneas. Vamos continuar a abastecer a região quer em termos de quantidade, quer em termos de qualidade». Mas tal situação não significa que «se possa desperdiçar água. As reservas não vão durar muito mais e de nada serve começarmos a fazer um uso consciente quando já não existir».

Teresa Fernandes, responsável da Comunicação e Educação Ambiental (CEA) da Águas do Algarve.

É nesse sentido que, a empresa Águas do Algarve, se uniu à APA e a várias entidades da região, para se elaborar um Plano de Eficiência Hídrica com o objetivo de ser apresentado ao governo assim que possível.

«As campanhas que temos vindo a fazer costumam ser dirigidas à população em geral e sentimos que estão cientes desta necessidade de reduzir o desperdício. Agora estamos a entrar numa nova fase. Há um novo desafio que será consertar um esforço de todas as entidades e de todos os atores intervenientes nos consumos. Falo do turismo e da agricultura e de um conjunto de entidades que devem realmente começar a adotar medidas», diz a porta-voz da Águas do Algarve.

Uma das vertentes do documento é uma nova campanha para a consciencialização do uso da água que «pretende abordar todas as entidades porque só todos em sintonia é que conseguimos travar esta situação», garante.

Trata-se de uma campanha que será desenvolvida, de acordo com Teresa Fernandes, «depois de reunirmos as informações completas de todos os atores públicos na matéria sobre o que vamos fazer. O plano será implementado por fases e esta é mais uma que está agora a iniciar».

Para a responsável, os municípios da região têm de começar também a desenvolver esforços em relação às perdas de água. Porque «de que adianta termos barragens quando o copo está roto? Há perdas muito elevadas em determinados casos. A Águas do Algarve cria as infraestruturas, mas depois existem muitas perdas nos municípios. Da nossa parte, fizemos já um grande investimento nesse sentido e temos perdas mínimas. Mas agora é necessário que os municípios o façam também. Só quando isso acontecer é que conseguimos ter maior quantidade de água para todos».

A opção de se construir uma nova barragem está a ser estudada no Plano, mas de qualquer maneira, «antes de a criarmos, seria importante começarmos a fechar roturas», explica.

Também em cima da mesa está a possibilidade de reutilizar a água produzida nas Estações de Tratamento de Águas [ETA], através «da criação de um formato exequível a todos os produtores, quer seja rega agrícola, quer seja de campos de golfe. Já temos alguns exemplos, mas ainda há muita para ser utilizada e a Águas do Algarve disponibiliza-a sem qualquer custo adicional», acrescenta.

A Estação de Tratamento de Água (ETA) de Tavira trata água superficial proveniente das albufeiras de Odeleite.

Por fim, Teresa Fernandes revela ainda que o Plano vai também contemplar chamadas de atenção para determinadas situações. «Além das perdas dos municípios estamos a aumentar espaços de rega na região, mas as reservas são as mesmas que tínhamos antes. Por exemplo, será que justifica ter plantações de arroz em alturas de seca? Há uma série de circunstâncias que têm de ser vistas, mas essa campanha que vamos começar a fazer com as várias entidades pretende, de alguma forma, começar a chamar a atenção para esses casos».