Socialistas acusam o PSD de ter gasto «113 milhões de despesa corrente em assessorias, projetos, viagens, festas e romarias)» desde 2005.
A concelhia do Partido Socialista (PS) de Vila Real de Santo António, criticou hoje, quinta-feira, 4 de julho, o Partido Social Democrata (PSD) local.
Em causa está a publicação de «um velho comunicado com um conjunto de atoardas disparadas de forma desconexa sobre a gestão do PS nos anos 2001 a 2005», o que para o PS não passa de um «ato de puro desespero político de quem não tem argumentos que possam justificar a total incompetência com que gere os destinos do concelho desde finais de 2005».
«Não vamos perder tempo a responder a todas as afirmações falsas proferidas no comunicado do PSD de VRSA, mas não podemos deixar de comentar a mentira dos 30 milhões de dívida escondida que teria sido deixada pela Câmara PS em 2005», lê-se na nota.
Assim, argumenta o PS, a melhor «prova de mentira» é uma auditoria mandada fazer pelo anterior presidente de Câmara, «principal, mas não único, artífice do descalabro financeiro em que o concelho hoje se encontra».
«O PSD fala em mais de 30 milhões de euros faturas deixadas em 2005 amontoadas em caixas de cartão!!! As contas que o PSD aprovou em 2005 relativas à gestão do PS referiam uma dívida total de inferior a 8 milhões de euros. Na auditoria que o PSD mandou fazer (página 33) os auditores acresceram 1,3 milhões fixando o valor total da dívida deixada pela gestão PS em 10,5 milhões de euros (página 38)», inventaria o PS de VRSA.
Em suma, «uma pequena mentira que transforma 1,3 milhões de euros auditados em 30 milhões inventados. É uma dívida herdada que representa menos de 8 por cento da dívida total que nesta data é reconhecida pelo município de VRSA, que hoje tem largas dezenas de milhões de euros de processos em tribunal (só às Águas do Algarve são mais de 20 milhões)».
Ou seja, a «herança deixada pelo PS de processos em tribunal era inferior a 60 mil euros» (página 30 do relatório)».
O PS diz ainda que «o PSD fala no enorme investimento que levou a cabo ao longo dos 14 anos de mandato para justificar a enorme dívida acumulada. A prova da mentira vem nas contas do município onde podemos constatar que, dos quase 140 milhões agora assumidos, apenas cerca de 27 corresponde a dívida de investimento sendo os restantes 113 milhões de despesa corrente assessorias, projetos, viagens, festas e romarias)».
No entanto, «a dívida bancária é hoje de 103 milhões quando a pesada herança do PS em 2005 foi de 2,8 milhões (página 26 do relatório de auditoria)».
«À demagogia e à mentira o Partido Socialista responde com verdade e transparência utilizando os dados de uma auditoria que foi escondida durante 13 anos pelo PSD. Sim, só em 2019 conseguimos que nos dessem cópia de uma auditoria feita em 2006 sobre o último mandato do PS à frente da autarquia. Percebe-se porquê! Podiam continuar a mentir sem qualquer pudor», remata a nota.
«Dubai teria inveja de Vila Real de Santo António»
Na terça-feira, 2 de julho, os vereadores do Partido Socialista votaram contra os resultados da reabertura de contas da VRSA SGU dos exercícios de 2016, 2017 e 2018.
Isto porque «em maio de 2007, a Câmara Municipal de VRSA, de maioria PSD, decidiu criar a Empresa Municipal, designada Sociedade de Gestão Urbana. Esta empresa seria destinada a fazer o céu na Terra em Vila Real de Santo António, vinha trazer um desenvolvimento económico florescente digno das miríades Árabes, designadamente do Dubai. O Dubai teria inveja de Vila Real de Santo António».
O PS lembra que «desde então decorreram 12 anos, e estamos hoje confrontados com uma proposta dos mesmos protagonistas que aprovaram a constituição da empresa Municipal para deliberar a dissolução desta empresa de capitais exclusivamente municipais.
Agora, a decisão de fechar a SGU, tomada pelo executivo na segunda-feira, 1 de julho, é para o PS «um ato anormal e uma decisão que deveria no mínimo envergonhar os decisores, Luís Gomes, Carlos Barros e Conceição Cabrita».
O PS «cá estará quando se der o encerramento da empresa em 31 de dezembro de 2019, para apreciar o valor da banca rota, calculado em cerca de 100 milhões de euros. Esta dívida irá juntar-se à já existente na Câmara Municipal e assim chegaremos a um valor estimado de cerca de 300 milhões de euros».
«É caso para dizer: mas que grandes caloteiros!», reforçam os socialistas, prevendo que «os nossos bisnetos serão chamados a pagar a colossal dívida desta gente que governa ou melhor, desgovernou, a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António desde 2005».
O PS relembra que alertou os munícipes «para esta realidade, mas a demagogia dos candidatos do PSD conseguiu vencer e convencer a população».
«É uma desfaçatez enorme que decorridos três anos após a aprovação das contas, os mesmos que as aprovaram com toda a determinação, venham agora modificar para pior as contas aprovadas. É caso para dizer: mas que grandes vigaristas!».
Os autarcas do PS «alertaram que as contas estavam mascaradas, solicitaram mesmo uma auditoria às contas, e os autarcas do PSD votaram contra».
«Estes senhores mentiram deliberadamente aos vilarealenses, e fizeram com segunda intenção, tinham medo de mostrar a verdadeira realidade porque sabiam que coincidia com o período eleitoral, mascararam os resultados deliberadamente para mostrarem valores positivos e não ficarem sujeitos à chancela da população, simplesmente é vergonhoso, desonesto e mostra uma falta de transparência total, mais, mostra falta de respeito para com os munícipes», acusa ainda o PS de VRSA em nota enviada à redação do «barlavento».
«Estes senhores são um autêntico logro, por favor peçam a demissão, parem de castigar a população, ninguém merece isto, a taxa do IMI está no máximo, o IRS no máximo, é as águas e os esgotos, licenças, parqueamento pago, valores estes que aplicaram para recuperar as dividas colossais que fizeram, para que os munícipes paguem o vosso desvario financeiro.
Após a apreciação das contas da SGU, PS verificou «Juros a pagar devido a empréstimos em 2018, no valor de 1,657 milhões; passivo em 2018 no valor de 108 milhões; dívidas de 24 milhões às Águas do Algarve; uma dívida de 330 mil euros relativo a acordo de pagamento celebrado com a empresa Mota e Engil, decorrente de serviços prestados à VRSA-SGU», cujo acordo não foi cumprido.
Por fim, o PS diz que «não é claro o que irá acontecer aos 94 trabalhadores da empresa» agora em processo de dissolução.