O PAN, Partido das Pessoas, dos Animais e da Natureza, questionou o Ministério do Ambiente e da Transição Energética acerca das Alagoas Brancas, em Lagoa e exige um novo parecer do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas sobre aquela zona húmida.
Segundo Paulo Baptista, comissário político distrital do PAN, é urgente que aquele local seja classificado como Perímetro de Proteção Local (PPL) e Zona de Proteção Especial (ZPE).
«Apesar da sua importância ecológica, estética e cultural, as zonas húmidas a nível global foram consideradas durante muito tempo, áreas desvalorizadas que deveriam ser impermeabilizadas para outros fins. Hoje é consensual que desempenham um papel importante no controle de inundações e erosão, na purificação e alimentação de reservatórios naturais de água, contrariaram o efeito estufa através da retenção do dióxido de carbono e claro têm todo o valor associado a ecossistemas constituídos por um grande conjunto de seres vivos que fazem destes locais o seu habitat permanente ou temporário.
As Alagoas Brancas, em Lagoa, «são neste momento a única zona restante de uma antiga zona húmida mais vasta que noutros tempos deu o nome à cidade de Lagoa. Detém um forte valor histórico e identitário, e apresenta um enorme valor natural, ao nível da flora e da fauna, em particular aves, mas também anfíbios e insectos. No entanto, a Câmara Municipal de Lagoa parece não ter olhado para a importância do local por este prisma, apesar de existir um forte movimento de contestação por parte de cidadãos e associações a se opor desde o início à transformação desta zona húmida em mais um mero espaço urbano comercial», explica o responsável em nota enviada às redações.
«Também é estranho que sabendo de antemão que estava a ser realizado um estudo profundo sobre as Alagoas por parte da associação Almargem, a autarquia de Lagoa tenha levado à Assembleia Municipal a aprovação do loteamento umas semanas antes. Diriam as regras de bom senso e boa gestão que havendo um estudo a ser preparado que se aguardasse pelo seu resultado e depois que se decidisse o caminho a seguir em conformidade com base nessa nova informação», acrescenta.
«Não foi isso que aconteceu. Mas hoje está claro que o caminho a seguir só pode ser um. As Alagoas de Lagoa devem ser classificadas como zona protegida pela Câmara Municipal de Lagoa, dada a comprovada relevância ecossistémica ao nível da diversidade e raridade da sua flora e fauna».
Paulo Baptista sublinha que «as ferramentas para tal existem e poderão vir a ser reforçadas com novo parecer sobre a importância desta área por parte do ICNF, agora fundamentado com base no recente estudo da Associação Almargem, substituindo o documento incorreto de 2017. Nesse, basicamente dizia-se que as Alagoas Brancas eram desprovidas de valor para a avifauna, e desconsiderava a sua classificação».
«Se até agora foram sendo tomadas decisões com base neste parecer errado, como afirmaram por mais do que uma vez publicamente representantes da Câmara Municipal de Lagoa, então fica agora claro que elas careciam de validade por parte da comunidade científica. É essa factualidade que o estudo da Almargem vem trazer. Assim a forma como se abordam as questões relacionadas com a gestão desta zona têm que forçosamente ser reconsiderada».
O PAN deseja que «no futuro as Alagoas Brancas sejam um motivo de orgulho para as pessoas de Lagoa, na forma como souberam defender e apreciar a riqueza do seu património natural, colocando esta zona húmida à frente de valores extemporâneos de cariz meramente economicista».