Operação de narcotráfico detetou três embarcações a 80 milhas da costa sul, onde apenas uma continha o haxixe. Foram detidos dois indivíduos.
No âmbito da operação denominada «Porta Fechada», que juntou a Autoridade Marítima Nacional (AMN), a Marinha Portuguesa e a Força Aérea (FAP), foram detetadas três embarcações de alta velocidade, em águas internacionais, a 80 milhas náuticas, cerca de 148 km a sul de Portugal, na última noite, quinta-feira, dia 31 de agosto.

Crédito: João Lázaro
A bordo de uma das embarcações encontravam-se 41 fardos de haxixe, aproximadamente 1,1 toneladas, bem como 20 jerrycans de combustível.
Foram identificados seis tripulantes, no total, do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 24 e os 48 anos, de nacionalidades marroquina, francesa e espanhola.
Dois deles, os únicos que se encontravam na embarcação com material ilícito, foram detidos pela Polícia Judiciária (PJ), encontrando-se a aguardar que lhes sejam aplicadas as medidas do coação. Quanto à embarcação, esta foi entregue à Diretoria do Sul da PJ a fim de se efetuarem as diligências de investigação.
«O meio aéreo da FAP detetou as embarcações, fez o panorama de superfície e guiou os nossos meios de deteção rumo aos alvos por eles identificados. Inicialmente, esse meio áreo detetou um grupo de duas embarcações, mas mais tarde foi detetada uma outra isolada, a cerca de 30 milhas da costa. À partida, as duas primeiras não teriam carga ilícita, enquanto que na última tudo indicava que tivesse produto estupefaciente a bordo», explicou aos jornalistas Mário Lopes de Figueiredo, Comandante da Zona Marítima do Sul, durante a tarde de hoje, no cais comercial de Faro.

Crédito: João Lázaro
Apesar de não conseguir afirmar com certeza qual o destino dos fardos de haxixe, uma vez que tanto Portugal como Espanha «tinham costas disponíveis para aproximação a terra, pelo que acho que a escolha seria um destino de oportunidade», nas palavras do também Capitão do Porto de Faro, há pelo menos uma certeza.
«Já conseguimos dizer que o modo de atuação deles é mais ou menos conhecidos. Temos embarcações que costumam estar paradas, mais juntas, e depois, por algum motivo que ainda não conseguimos detetar, temos outra com carga ilícia a bordo».
Outra das certezas de Lopes de Figueiredo, «é que já conseguimos afirmar com um grande grau de certeza que, de alguma forma, estamos a conseguir afastar os narcotraficantes da nossa costa. O resultado da intensificação do controlo que está a ser feito por parte das autoridades portuguesas, tem feito com que os fenómenos se tenham vindo a deslocalizar em direção a Espanha», apontou.
Sobre essa mesma intensificação de meios da AMN no combate ao narcotráfico, que tem resultado em diversas apreensões recentes de droga e embarcações na costa a sul do país, o comandante referiu tratar-se de uma «conjugação de esforços naquilo que é o combate às redes internacionais. Este fenómeno já tem vários anos, e desde o final de 2022 que tem havido uma intensificação no combate a este flagelo».
Por sua vez, e também presente no local, encontrava-se Fernando Jordão, diretor da Diretoria do Sul da PJ, que esclareceu que os próximos passos da operação passam por «consolidar a prova. Depois é todo um trabalho sobretudo de análise e recolha de informação de outros países e de modus operandi». Isto porque, «não estamos perante redes de tráfico só portuguesas ou só espanholas. Isso já não existe. Estamos perante grupos que atuam em qualquer sítio, que fazem a sua análise de risco e que tanto descarregam em Espanha, como em Portugal, conforme também as informações que têm de terra», informou aos jornalistas.

Crédito: João Lázaro
Sobre a possível origem da droga, Jordão aponta o Norte de África, «sem dúvida», e é da opinião que descarregar droga em Portugal, «está mais difícil, sobretudo devido às ações da Marinha Portuguesa».
Ainda assim, alerta que, na Europa, principalmente na zona Ocidental, «há cada vez mais consumo. É um continente apetecível e há dinheiro. Logo se há procura, a oferta existe e há mais produção. Se foi o aumento da produção que levou ao aumento consumo ou vice versa, isso já não sei»
Além disso, ainda nas palavras do diretor, o haxixe apreendido também tem cada vez maior grau de pureza.

No total, esta ação envolveu entre 30 a 40 operacionais da AMN, da Marinha Portuguesa e da FAP. Desde o início do ano, só no Algarve, foram detidas 72 pessoas e apreendidas 31 embarcações de alta velocidade com cerca de 31 toneladas de produto estupefaciente.