O Movimento Mais Ferrovia (MMF) congratula-se por terem sido acolhidas as suas propostas mas discorda da implementação de uma tipologia rodoviária Metrobus ou BRT no Algarve.
O Movimento Mais Ferrovia (MMF), no âmbito da sua participação na consulta pública do Plano Ferroviário Nacional (PFN), congratula-se que tenham sido acolhidas as suas propostas identificadas no documento «Proposta – Estratégia para a Ferrovia do Algarve 2050», apresentado, anteriormente, como contributo para a elaboração deste PNF.
No entanto, o MMF considera, ainda, o infra exposto:
- Que deverão ser indicados os limites/as classes de velocidade associados às categorias principais de serviços ferroviários, especialmente o que referem como serviço de Alta Velocidade (AV), para que neste PNF não se limite a AV apenas ao serviço Alfa Pendular (AP) da CP atualmente existente. Se vamos investir em infraestruturas ferroviárias até um horizonte de 2050, temos que ambicionar atingir velocidades superiores às do AP.
- Às duas alternativas propostas no PFN – «modernização da Linha do Sul» ou «construção de uma nova Linha do Sul», reforça o interesse na concretização da alternativa associada à construção de uma nova Linha do Sul, com passagem por Beja, que sirva verdadeiramente, sem constrangimentos, o desenvolvimento do sul de Portugal, onde se inclui a sua ligação ao Corredor do Mediterrâneo.
- Contrariamente ao referido no PFN, a conversão da Linha do Algarve num sistema de ferrovia ligeira não inviabilizará as ligações diretas de todo o Sotavento a Lisboa em Comboio Intercidades, uma vez que a atual capacidade da linha ainda não está esgotada, segundo o «Ecossistema Ferroviário Português 2019», da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes. De qualquer forma, na «Proposta – Estratégia para a Ferrovia do Algarve 2050» do MMF é referida a construção de mais pontos de cruzamento na Linha de Algarve (cujo número deverá ser determinado em estudo mais pormenorizado) face à necessidade de aumento da sua capacidade para acolher um sistema ferroviário ligeiro (com aumento da frequência e do número de paragens), dotando esta linha de flexibilidade e versatilidade necessárias para se ajustar à evolução das procuras no futuro.
- A solução a adotar poderá encaixar uma centralidade intermodal que faça a interseção e interface modal entre a linha de AV de ligação a Espanha (com um traçado paralelo à Via do Infante), a Linha do Algarve e/ou a Linha do Litoral Algarvio, incluindo a ligação ao Aeroporto, na versão de sistema de mobilidade ligeira que o PFN refere, que sirva o Algarve Central, o Sotavento e o Barlavento algarvios. Esta grande estação intermodal deverá localizar-se estrategicamente num ponto central de interseção de todas as referidas linhas/serviços, como, por exemplo, no Parque das Cidades.
- O MMF não concorda que o PFN apresente para o Algarve o uso de «operação em modo rodoviário». Os modos ferroviário e rodoviário complementam-se, mas são distintos. O conceito evolutivo de «Mobilidade Ligeira do Algarve» referido neste PFN – «(…) que admite um início de operação em modo rodoviário, com custo de investimento inicial mais baixo, mas sem excluir a sua conversão futura para um sistema ferroviário ligeiro (…)» – poderia até caber num plano de mobilidade e transportes, mas não no âmbito de um plano ferroviário.Deduz o MMF que estarão a referir-se a uma tipologia rodoviária Metrobus ou BRT (que, basicamente, são autocarros elétricos ou híbridos de maior comprimento), cuja operação necessitará de corredores dedicados, usando corredores rodoviários já existentes e/ou a construção de novos corredores.
O uso do Metrobus/ BRT no Algarve implicará, ou um acréscimo considerável de constrangimento nos tráfegos de estradas existentes, ou um considerável prejuízo para o território e ambiente, se se optar pela afetação de novos espaços à construção de rodovias dedicadas. É impensável que num documento estratégico para o desenvolvimento e modernização da ferrovia se defenda um modo rodoviário, até porque se contraria um dos desígnios da ferrovia que é constituir-se alternativa ao modo rodoviário.
O Movimento Mais Ferrovia considera que o PFN se deverá centrar na concretização do grande potencial da Linha do Algarve, com a adotação de soluções de continuidade que justifiquem os grandes investimentos efetuados na sua modernização e eletrificação e que proporcionem ao Algarve qualidade de ferrovia de nível europeu, face às novas dinâmicas e padrões de mobilidade, mais sustentáveis e descarbonizados.
- Por fim, o Movimento Mais Ferrovia considera que ao PFN há que associar compromissos e prazos que se estendem até 2050.
O Movimento Mais Ferrovia é um grupo informal de cidadãos, constituído no final de 2018, que se foca na defesa e valorização do transporte ferroviário do Algarve.