Faz hoje um ano que terminou o mais recente «grande incêndio» na Serra de Monchique. Afectou fortemente os concelhos de Monchique e de Silves.
Entre 3 e 10 de agosto de 2018 arderam no grande incêndio florestal e rural da Serra de Monchique, segundo dados oficiais do ICNF, 268,85 km2, dos quais 267,54 km2 no distrito de Faro.
99,5 por cento do incêndio ocorreu, então, na região algarvia. São, nada mais nada menos, 5,35 por cento da totalidade do Algarve.
Foram atingidos os concelhos de Monchique (167,49 km2), Silves (96,67 km2) e Portimão (3,38 km2).
Em Monchique, o concelho mais atingido, a extensão ardida corresponde a 42,37 por cento da sua superfície total.

A avaliação dos usos do solo que foram atingidos pelo incêndio pode ser feita recorrendo à Carta de Ocupação / Uso do Solo de Portugal continental em 2015 (COS 2015), da responsabilidade da Direção-Geral do Território. Os mais importantes são:
- matos (vegetação esclerófila) – 97,40 km2 – 36,40 por cento da área ardida algarvia;
- eucalipto (povoamentos puros e com outras folhosas e/ou resinosas) – 89,91 km2 – 33,6 por cento;
- sobreiro (povoamentos florestais e sobreiros em sistemas agro-florestais) – 42,63 km2 – 15,9 por cento;
- pinheiro manso (povoamentos puros e com outras folhosas e/ou resinosas) – 16,62 km2 – 6,2 por cento.
A área de eucaliptos ardida corresponde aproximadamente 27 por cento da área total de eucaliptos no Algarve. Por outro lado, ardeu 6 por cento da área total de sobreiros no Algarve.
Um ano depois a paisagem continua desoladora.

As árvores mortas continuam negras e de pé. Os eucaliptos e sobreiros que resistiram ao fogo vão rebentando lentamente, o que leva um pouco de verde à paisagem. A seca severa que atinge o Barlavento algarvio não ajudou em nada à sobrevivência da fragilizada vegetação e a desertificação biológica e humana vai-se apoderando do território.

«O fogo levou-nos tudo e deixou-nos a todos desmotivados» , afirma um popular, nas proximidades de Alferce.
«Parece que ninguém quer que nos esqueçamos do que aconteceu. Veja que nem os sinais de trânsito queimados foram mudados. Está tudo na mesma. Quando se vem de Monchique, mesmo à entrada em Alferce, até os candeeiros públicos que derreteram com o calor continuam iguais».
O «barlavento» passou uma tarde a visitar áreas ardidas nos concelhos de Monchique e Silves, e pôde testemunhar que muito pouco foi ainda feito, no terreno, para trazer um novo alento à Serra e às populações que nela residem e trabalham…
