Ministra da Agricultura quer aumentar adesão à Dieta Mediterrânica. Em julho, a tutela abre um aviso para apoiar a plantação de alfarrobeiras, a pedido dos agricultores.
A apresentação dos Polos de Inovação de Tavira e Faro, criados com o objetivo de promover a Dieta Mediterrânica, trouxe Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura e Alimentação à capital algarvia, na terça-feira, dia 31 de maio.
Na sede da Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve, no Patacão, a governante anunciou a «ambição de aumentarmos em pelo menos 20 por cento a adesão à Dieta Mediterrânica» e para isso estão identificados os desafios que o governo considera prioritários no âmbito da Agenda de Inovação para a Agricultura 2030.
«Quisemos responder àquilo que são as necessidades dos cidadãos, conscientes que estão da sua saúde, do seu bem-estar, mas também das problemáticas associadas às alterações climáticas», começou por explicar.
«Se olharmos para o problema da seca, é necessário ter uma resposta estrutural. Olhámos para o abandono de algumas zonas rurais e para a forma como temos de trazer os jovens agricultores para este sector. Como é que poderíamos melhorar o rendimento do agricultor, criando uma atividade atrativa, que tem de o ser, sob pena de ser abandonada definitivamente? Mas também olhámos para este sector com uma vontade acrescida de o Estado não se substituir à atividade privada, mas ser o motor, a ignição e a cola de uma rede de atores no território, entidades públicas e privadas, para desenvolver práticas, fazer investigação e dedicar recursos públicos» para cumprir o objetivo.
Ainda no uso da palavra, a ministra afirmou que o futuro da região tem de passar pelo aumento da capacidade de produção e o uso eficiente da água e do solo. A região algarvia «tem um potencial imenso, mas temos de saber tirar partido» dele.
Ao referir-se ao problema «estrutural» da falta de água no Algarve e ao Plano para a Eficiência Hídrica, Maria do Céu Antunes disse que é necessário ir ainda mais longe.
«Temos de encontrar forma de sustentar não só a agricultura, mas as outras atividades, tendo por base o uso eficiente da água. Temos a obrigação de ter uma agricultura e uma floresta sustentáveis, e de utilizar as nossas variedades regionais para ocupar o solo e gastar menos água. A preservação das espécies regionais e o uso eficiente da água e do solo, são determinantes para podermos produzir mais e melhor».
Para exemplificar, enalteceu a recuperação da casta tradicional algarvia Negra Mole, que «está, finalmente, a ser utilizada com grande processo para a produção de vinho».
«Em julho próximo vamos abrir um aviso para promovermos a instalação de alfarrobeiras, a pedido dos próprios agricultores que o querem fazer, porque neste momento há um grande potencial de negócio que queremos incentivar. Faz todo o sentido do ponto de vista da sustentabilidade, mas sempre na perspetiva de não ficarmos presos a uma memória e a um romantismo que já não existe», anunciou.
Mas, se há culturas tradicionais com potencial para o futuro, há também «culturas emergentes, como o abacate, para podermos trabalhar, melhorando a eficiência e o uso dos recursos, e promover o Algarve enquanto uma região que não fica dependente, exclusivamente, do turismo. Temos de desenvolver as nossas regiões com base na diversidade de atividades económicas».
Por fim, a ministra esclareceu que «estamos também num território piscatório» e esse sector «é um complemento do ponto de vista da garantia da sustentabilidade. Até porque é um dos mais exportadores neste momento e um dos que maior potencial tem neste território. Em breve, voltarei para falar sobre as pescas e sobre o que significa para esta comunidade, as sinergias entre a agricultura e as pescas ao serviço do desenvolvimento da região».
«Queremos promover a qualidade de vida, tendo por base os produtos alimentares que produzimos na terra», concluiu.
Na ocasião, foram também apresentadas as novas «Petiscadas» artesanais de sardinha e cavala que vão servir para promover a gastronomia do Algarve e a Dieta Mediterrânica.