Legislativas 2019: Em quem devemos votar?

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Não posso iniciar este artigo sem efetuar um registo prévio de interesses. Sou militante do PSD; desempenho o cargo de presidente da comissão distrital de auditoria financeira e sou mandatário distrital financeiro para a presente campanha eleitoral.

Mas isso não significa que não possa, justificadamente, fazer um apelo a que o voto dos algarvios recaía sobre um determinado partido. Neste caso, o PSD.

Como deve suceder em qualquer eleição legislativa, mais que as promessas eleitorais que todos os partidos fazem, o sentido de voto dos algarvios deve ser ponderada em função do desempenho do governo, para com o país e o Algarve, e quanto à postura que tiveram os deputados eleitos pela nossa região na defesa dos nossos interesses no decorrer da legislatura que termina.

E neste particular, convenhamos, o deputado Cristóvão Norte (PSD), foi quem mais afincadamente defendeu as legítimas ambições dos algarvios.

Cristóvão Norte centrou o discurso no tema da saúde durante a Festa do Pontal 2019, em Monchique.

Se compararmos os compromissos vertidos nos programas eleitorais do PS, BE e PCP para o Algarve, nas Legislativas de 2011, naquilo que verdadeiramente importa para os Algarvios – construção do novo Hospital Central; a redução para metade ou abolição das portagens na Via do Infante (A22) ou a conclusão da requalificação da EN125 – verificamos que todas ficarão por cumprir. E que, em alguns casos, nomeadamente no que respeita ao funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), tudo está pior, pelo menos no Algarve, que em 2015.

No que respeita ao PSD, naturalmente, porquanto não liderou o governo ou lhe deu apoio parlamentar, não lhe pode ser assacada responsabilidade pelos insucessos acima indicados.

E se alguns continuam, que não tão poucos, a insistir que a culpa de todos os males de que o Algarve padecer se deve ao PSD e, em particular, a Passos Coelho, era bom que se reconhecesse que a missão que a ambos coube cumprir, entre 2011 e 2015, não só era particularmente difícil, como foi o PS, nomeadamente o governo de José Sócrates, que logrou deixar o país em situação de pré-falência, obrigando o Estado a pedir ajuda financeira internacional.

A qual nos era entregue em tranches trimestrais e só após confirmação, através de relatórios monitorizados pela troika, que o país tinha atingido as metas contratadas para esse período.

Hoje é fácil dizer que podiam ter sido tomadas outras medidas.

É como ser-se treinador de futebol à segunda-feira, depois de sabermos o resultado de domingo.

Mas quem teve a oportunidade de ter responsabilidades executivas nesse período – como eu tive – sabe o quanto difícil era governar o que quer que fosse nesse contexto e, simultaneamente, encontrar soluções que permitissem reduzir os encargos do Estado e aumentar as receitas, que não aquelas que foram definidas no Memorando de Entendimento.

Em suma, considero que o PSD merece por parte dos eleitores algarvios um voto de confiança.

E quanto aos demais partidos, em particular o PS, porquanto os seus deputados não conseguiram impor ao governo a defesa dos interesses dos algarvios, que não são nos casos acima indicados, e porque nas suas listas se encontram pessoas que não vão honrar os compromissos que assumiram para com os seus munícipes (Tavira e Lagos) – pois ao serem eleitos terão que abandonar o cargo de presidentes de Câmara – merece ser penalizado nas urnas.

Como um dia disse António Costa: «Palavra dada, palavra honrada».

E quando assim não é, os eleitores devem demonstrar que não se pode impunemente falhar ao compromisso assumido.

Miguel Madeira | Gestor