Laboratório Colaborativo do Turismo nasce em Loulé para orientar o futuro

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Com abrangência alargada a todo o território nacional, o Laboratório Colaborativo do Turismo pretende contribuir, através de investigação e inovação, para o futuro desenvolvimento mais resiliente e sustentável do turismo.

A conjuntura atual, os impactos da pandemia de COVID-19 e a necessidade de preparar o sector do turismo para um futuro mais sustentável dão o mote para o lançamento do primeiro Laboratório Colaborativo do Turismo, que decorreu no campus de Gambelas da Universidade do Algarve (UAlg), em Faro, na quinta-feira, dia 8 de julho, e que juntou o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, Rita Marques, secretária de Estado do Turismo e João Fernandes, presidente da Região do Turismo do Algarve (RTA).

Denominado em inglês, Knowledge to Innovate Professions in Tourism (KIPT), surge por iniciativa da Universidade Europeia, com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), e resulta no primeiro centro nacional, com uma liderança conjunta de entidades, dedicado à investigação do turismo.

«A nossa visão é valorizar e dignificar o emprego no sector, assumindo o fator humano como centro dos processos de inovação e das vantagens competitivas que contribuem para um desenvolvimento mais resiliente e sustentável. Temos 10 atividades previstas e propomos começar a trabalhar em três eixos: resiliência, recuperação e transformação », começou por explicar Antónia Correira, docente da UAlg e representante da comissão instaladora do KIPT.

«Dividimos a área de trabalho em cinco ações: o Digital Data Lab, onde vamos trabalhar a produção de informação; a formação e a educação; a carreira e as competências, porque acreditamos que temos de avançar com um ensino muito baseado nestas vertentes; a certificação de qualidade; e por fim, a inovação e o empreendedorismo» Para já, a sede é em Loulé, «mas mais tarde pretendemos estender o projeto aos países de língua portuguesa e aos cinco continentes do mundo», acrescentou Antónia Correira.

Para Paulo Águas, Reitor da academia algarvia, o turismo «diz-nos muito e estamos aqui para colaborar e para integrar este projeto que tem uma diversidade tremenda. Espero e estou certo que haverá maior criação de valor, mais transferência de conhecimento, criação de produtos, maior competitividade e um país mais coeso».

Por sua vez, João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve, considerou o KIPT «importantíssimo para que tenhamos uma base de decisão», já que segundo os mais de 100 indicadores que compõem os índices de competitividade da indústria, «vemos que na produção de conhecimento estamos muito longe do 12º lugar que ocupamos no ranking geral».

Fernandes abordou também a necessidade de se formarem profissionais qualificados na região.

«É estranho que no Algarve, que em janeiro somava 33 mil desempregados, os empresários reportem a dificuldade em recrutar pessoas qualificadas para determinados perfis. Esta é uma matéria importante de estudar e concretizar melhor. É um fator crítico para o qual o KIPT deve dirigir a sua atenção», recomendou.

O responsável pediu ainda empatia na hospitalidade, algo que uma estrutura como o KIPT pode valorizar com dados.

«Somos tão bons como aqueles que são mais vulneráveis. É importante ao nível da valorização dos recursos humanos, termos cuidados com aqueles que acolhemos, muitas vezes vindos de situações difíceis. Que sejam bem tratados e reconhecidos como qualquer um de nós, numa região que se quer inclusiva. O turismo pode e deve ser uma força para o bem. Não tenho a mínima dúvida que, embora o turismo atravesse um momento vulnerável e sensível, será um sector que também se encontra na posição de poder contribuir para um mundo melhor», sublinhou João Fernandes.

Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, embora de forma remota, reconheceu a importância da data e da nova estrutura.

«Porquê? Sabemos bem que o Algarve tem todas as condições para desenvolver um turismo de excelência. Aliás, tem sido reconhecido por este mundo fora pela excelência. Mas de facto faltava um passo. O Algarve também pode ser, e sê-lo-á com este projeto, uma região mundialmente conhecida pela produção de conhecimento associado ao turismo».

A última mensagem da secretária de Estado foi de «esperança, reforçando o compromisso no que toca ao futuro do sector, à digitalização, à sustentabilidade. Temos já uma máquina montada que pode responder a este desidrato. Estou em crer que temos todas as decisões para apoiar quem faz, sejam decisores políticos, agentes privados, estudantes ou profissionais de sector, desenvolvendo sempre projetos inovadores, visionários e apoiando o sector».

Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, encerrou a sessão com otimismo.

«Os laboratórios colaborativos correspondem a uma nova fase da maturidade científica nacional. Temos o desejo e a ambição de fazer mais, melhor e de nos posicionarmos como um país inovador, que produz conhecimento, mas que também valoriza económica e socialmente esse conhecimento».

O Turismo, «área tão crítica e tão sensível para Portugal, tem de ganhar a sua identidade e tem de se articular, quer com o sistema científico quer com o sistema económico» numa Europa competitiva.

«Sabemos que temos uma estrutura económica baseada em pequenas e médias empresas e fragmentada pelo território. Espero que esta sede em Loulé possa multiplicar-se por um conjunto de relações. A observação de dados exige, depois trabalho no local, em laboratórios vivos, uma rede» que pode incluir toda a hotelaria e restauração nacionais.

«O sucesso deste laboratório depende da criação de valor para o turismo em Portugal, uma área que sabemos que é tão crucial para a economia» portuguesa. O KIPT está sediado no edifício da Inovacenter – Centro de Competências Tecnológicas, no Parque Industrial de Loulé, e conta com uma liderança conjunta.

A nova estrutura envolve as seguintes entidades:

• Algardata;
• Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal;
• BLue Geo LIghthouse, Lda;
• Câmara Municipal de de Loulé;
• Cooperativa de Formação e Animação Cultural;
• HOTI STAR- Portugal Hotéis;
• Instituto Politécnico de Bragança;
• Instituto Politécnico de Leiria;
• ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa;
• Logical Safety;
• Media Invest MITG LDA;
• Pestana Hotel Group;
• Prizmakat Lda;
• Salvor – Sociedade de Investimentos Hoteleiros;
• SGS Portugal;
• Turismo do Centro:
• UNIAUDAX – Centro de Empreendedorismo e Inovação;
• Universidade de Évora;
• Universidade do Algarve (UAlg);
• Universidade Europeia (entidade proponente);
• Universidade Lusófona;
• UPSTREAM – Valorização do Território;
• Vila Galé – Sociedade de Empreendimentos Turísticos.