Jardim da Alameda de Faro será «devolvido aos munícipes» até abril

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Câmara de Faro organizou uma visita guiada a três obras municipais em curso. Segundo o autarca Rogério Bacalhau, a requalificação da Alameda é a mais ansiada pela população

«É das coisas mais desejadas que deve haver no concelho». A prova é que têm sido vários os emails na caixa do autarca farense Rogério Bacalhau a perguntar quando é que, finalmente, a Alameda João de Deus, principal espaço verde e de lazer da cidade, reabre portas.

A requalificação tinha como prazo de conclusão setembro do ano passado, mas acabou por não acontecer devido ao contexto pandémico, que trouxe obstáculos inesperados como escassez de materiais e baixas na mão de obra.

Rogério Bacalhau e José Brito.

Agora, a empreitada está na fase final e «em março ou abril, o mais tardar, teremos a Alameda devolvida aos munícipes», disse o edil aos jornalistas, no âmbito de mais um ciclo de visitas «Faro Positivo», na sexta-feira, dia 28 de janeiro.

José Brito, arquiteto paisagista responsável pelo projeto, começou por recordar as linhas mestras desta intervenção de fundo, que foi apresentada pela primeira vez em junho de 2018. Contas atualizadas, o investimento, segundo a autarquia, é de 736.431 euros.

«Esta Alameda, desde que foi construída, foi sempre um espelho social da sociedade [farense]. De acordo com a sua dinâmica, assim ela se transformava. Tínhamos feito uma grande obra em 2004/2005, mas foi mais à superfície e não tão profunda como a atual. Agora, pretende-se uma Alameda com caráter de jardim que possa absorver várias valências, sem que estas entrem em conflito. Pretendemos avivar algumas componentes perdidas» como o desenho original que «recupera o eixo do chalet» do final do século XIX.

«O material vegetal deu muito trabalho. Estamos a falar de espécies que foram maltratadas ao longo da sua história. As árvores que se abateram estavam com podridão, poderiam colapsar e causar acidentes», acrescentou. Foram também retiradas árvores secas. «Mais nada. Em paralelo, as novas plantações que fizemos garantem a próxima geração, porque alguns plátanos terão de ser abatidos dentro de 10 ou 15 anos. Esperemos que as novas árvores sejam melhor tratadas do que estas foram», esclareceu José Brito.

E o que falta fazer? Terminar a colocação de pavimentos, os caminhos e percursos. Entre os aspetos que mudam, desaparecem as gaiolas de aves, o antigo balneário do polidesportivo dá campo a uma nova cafetaria com esplanada e a uma superfície multiusos «para patinar, dançar, ou montar feiras» temporárias.

A Biblioteca Municipal António Ramos Rosa ganha um espaço aberto, junto à fonte, que estava ocupado por estufas inativas, onde poderão decorrer eventos culturais, ao exemplo do que acontecia no passado romântico da Alameda. Um pormenor: o projetista deixou à vista um antigo tanque de água de formas invulgares, que «hoje já não sabemos porquê».

Ainda segundo José Brito, a nova iluminação instalada dará «ar relaxante para passear» ao lusco-fusco. As redes de abastecimento e rega são novas e eficientes e em certos recantos «o som da água volta a estar presente, dando uma sensação purificadora».

O parque infantil também foi alargado a pensar na estadia dos pais e nas festas de aniversário ao ar livre para as crianças. Apesar de não estar previsto, o minigolfe foi reapetrechado e o mobiliário urbano substituído.

Dado o elevado investimento, Sophie Matias, arquiteta e vereadora com os pelouros do ordenamento do território, gestão urbanística e regeneração urbana, garantiu que «a autarquia está muito empenhada em manter o espaço na qualidade máxima» ao longo dos próximos anos. Bacalhau corroborou: «tivemos o cuidado de fazer um plano de manutenção porque este é um edifício vivo. Esse cuidado tem de estar sempre nas nossas preocupações».

Avança a terceira circular de Faro

Outra obra municipal estruturante e que está em marcha é a conclusão da Avenida 25 de Abril, há muito adiada. Marca o arranque da primeira fase da nova terceira circular de Faro, cujo projeto, quando estiver concluído, ligará a rotunda de Olhão (junto à Pista de Atletismo) às pontes de Marchil.

Para já, a conclusão da Avenida 25 de Abril permitirá uma ligação entre a EN2 e a Estrada da Penha. À primeira vista pode parecer uma intervenção simples, em reta, mas segundo o autarca farense teve «alguma complexidade» pois foi preciso retirar 14 mil metros cúbicos de terra para abrir o caminho. Aos jornalistas, Rogério Bacalhau estimou que possa estar concluída em «meados do verão». Este troço representa um investimento de 805.157 euros, inclui ciclovia e vários lugares de estacionamento paralelos, até porque se trata de uma zona habitacional. Outra vantagem, segundo o edil é a abertura de uma ligação ao Bairro Mendonça, saída há muito reclamada pelos moradores.

O próximo passo da terceira Circular será a conclusão da Avenida Mário Lyster Franco, um troço que ligará a EN2 à Lejana (e à Avenida 25 de Abril). Um aspeto curioso é que a interseção entre as duas avenidas perpendiculares à EN2 será uma nova rotunda, em formato oval, onde a autarquia quer construir um novo polo de interesse para os muitos turistas que chegam a Faro depois de terem atravessado o país vindos de Chaves. A ideia é aliviar um pouco a pressão na rotunda do quilómetro 738, na Avenida Calouste Gulbenkian, que é hoje paragem turística obrigatória para quem faz o itinerário e que acaba também por atrapalhar a vida aos condutores farenses.

«Já temos o projeto feito e está neste momento no Tribunal de Contas» a aguardar o visto, disse Rogério Bacalhau. O orçamento para esta fase rondará os cerca de três milhões de euros, já contando com uma verba adicional para expropriações de terrenos. Para mais tarde ficará a fase final da terceira circular, que incluirá a construção de uma nova rotunda em Marchil, entretanto já projetada, e que será útil no acesso e saída da zona do Montenegro.

Canil e gatil de excelência

Depois de ter passado por, pelo menos, três localizações diferentes, o Centro de Recolha Oficial de Animais de Faro já está bastante adiantado num terreno da Câmara, na zona do Medronhal, no Guilhim.

«Este equipamento é pedido há muitos anos pelos farenses», disse Rogério Bacalhau, e todo o projeto obedece aos pareceres e exigências da Direção-Geral de Veterinária. A obra está a decorrer há cerca de um ano e o autarca espera que esteja concluída «dentro de quatro a cinco meses e que a partir daí possa minimizar os problemas dos animais errantes e abandonadas do concelho».

A obra custa 1,1 milhão de euros, «financiados pela banca». Ao todo poderá acolher até 173 animais em boxes individuais ou coletivas, agrupadas conforme as caraterísticas fisiológicas e de porte dos futuros ocupantes.

O terreno, de pouco mais de um hectare, durante muitos anos serviu de depósito de entulhos de construções que tiveram de ser removidos, o que acabou por dificultar e atrasar os trabalhos.

Em termos técnicos, o novo centro contempla uma área de reserva, caso no futuro seja necessário duplicar a capacidade de acolhimento. Conta com dois gabinetes veterinários, receção, acolhimento, e uma parte operacional com zonas de enfermagem e tratamentos e gaiolas especiais para quarentena. Terá ainda dois pátios de recreio, estacionamento e acesso construídos de raiz.

Centro Cultural de Bordeira para charolas, acordeão e memória da pedra

A visita do ciclo «Faro Positivo» terminou no Centro Cultural e de Inovação de Bordeira que surge «de uma aspiração da comunidade. Não é muito natural e normal fazer um equipamento destes e com estas dimensões fora do meio urbano, mas a Bordeira tem um movimento associativo e cultural muito forte. Por isso, temos a plena consciência que será bem usado. Foi isso que nos levou a apostar e a fazer este investimento», frisou Rogério Bacalhau.

Além da sala principal para espetáculos e eventos, o centro reserva espaço para dois núcleos expositivos ligados às tradições e à identidade da freguesia. Assim, uma sala será dedicada à pedra e à arte da cantaria e a outra ao acordeão, ambas com o apoio científico, de estudo e de investigação da equipa do Museu Municipal de Faro.

E porque se trata de um edifício polivalente, terá ainda um bar e restaurante. Outro aspeto digno de nota é que a construção está a cargo de uma empresa local, a Martins Gago & Filhos. O orçamento ronda 1,5 milhão de euros.

Ciclovia para Olhão custa dois milhões a Faro

Questionado sobre as discrepâncias na empreitada da futura ciclovia Faro – Olhão, em que o município vizinho tem a sua parte concluída, Rogério Bacalhau justificou o atraso com poucas palavras. «O nosso projeto está em fase final de conclusão. É um projeto com muita mais complexidade e maior intervenção, a prova disso é que tem um orçamento na ordem dos dois milhões de euros. Tem muitos pontões, tendo em conta as várias linhas de água que atravessa. Já conseguimos os pareceres favoráveis das várias entidades, portanto espero que fique concluído ainda este ano», disse.