O presidente do Partido Social Democrata (PSD) alerta que o governo pode estar a preparar «outra encenação», como aconteceu com o caso dos professores e dos motoristas de matérias perigosas.
Numa tertúlia num café em Faro, em que respondeu a perguntas da assistência, esta terça-feira, 24 de setembro, Rui Rio voltou a acusar o governo e o primeiro-Ministro de terem feito «um golpe de teatro» em maio quando António Costa ameaçou demitir-se se fosse aprovada a contabilização integral do tempo de serviço dos professores, tal como foi prometida pelos socialistas.
«Um golpe de teatro que surtiu efeito, basta olhar para o resultado das europeias, que foram vinte dias depois. O problema é que, passado algum tempo, ele faz a mesma jogada com os motoristas de matérias perigosas, percebeu-se que estava a montar uma outra encenação», denunciou.
O líder do PSD deixou então um alerta aos portugueses. «Eu penso que amanhã ou depois vamos também perceber uma outra encenação, num outro sector, onde eles estiveram a preparar também coisa parecida», disse.
Durante cerca de uma hora, Rui Rio respondeu a perguntas dos presentes, num café histórico no centro de Faro.
Rio reafirmou a admiração pelo fundador do PSD, Francisco Sá Carneiro, repetindo que foi por sua causa que aderiu ao partido.
«Continuo ainda hoje fascinado pela convicção, coerência e firmeza com que estava na política, que escasseava nesse tempo e escasseia ainda mais hoje», declarou.
Sobre a época antes do 25 de Abril, o líder do PSD contou uma história da sua juventude, quando, à última hora, o pai o proibiu de ir a um encontro na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto contra o regime.
«Eu não fui, todos os estudantes que foram, foram presos. O meu pai nem sabe o mal que me fez, pouco tempo depois houve o 25 de Abril e eu hoje era um antigo preso da PIDE e assim não posso puxar dessa medalha», expressou.
Saúde, pescas, carga fiscal e transportes foram outras das perguntas desta conversa, que foi antecedida de um momento de rábula humorística encenado por dois atores intitulado «O caos na saúde em Portugal», o tema central no primeiro dia da «volta nacional» do PSD.
O cabeça de lista do PSD por Faro, o deputado Cristóvão Norte, começou por apresentar este novo formato de campanha, inédito em Portugal, que se repetirá mais algumas vezes em outras cidades.
«Um modelo que é ligeiramente diferente do que em regra se faz em campanhas: em regra fazem-se grandes comícios, onde estão sempre as mesmas pessoas, queremos fazer diferente», justificou.
Antes, num almoço com empresários em Setúbal, o presidente do PSD desafiou o ministro das Finanças a aceitar debater nos média com o porta-voz do Conselho Estratégico Nacional para as Finanças Públicas, Joaquim Sarmento, as contas e modelos económicos dos dois partidos.