Festival MED, Açoteia e Festival F integram movimento nacional inédito

  • Print Icon

Pela primeira vez, entidades promotoras de espetáculos, festivais e eventos em Portugal juntam-se para lançar uma iniciativa de âmbito nacional.

DeclareAção é a primeira declaração em que para «assinar» é preciso agir. O movimento inédito, apresentado esta manhã na Câmara Municipal de Lisboa, surge no ano da Capital Verde Europeia 2020 e visa desafiar a comunidade nacional a adotar comportamentos em prol de uma sociedade mais justa e equilibrada, utilizando as plataformas digitais e o seu potencial mobilizador como principal canal de convocação.

O movimento nacional de consciencialização por um mundo melhor é lançado por 15 entidades, das quais fazem parte a Better World (promotora do Rock in Rio), Câmara Municipal de Loulé (organizadora do Festival MED), Câmara Municipal de Sines (promotora do FMM Sines), Everything is New (promotora do NOS Alive), Live Experiences (responsável pelo EDPCOOLJAZZ e ID NO LIMITS), MOT (organizadora do RFM SOMNII), Música no Coração (promotora dos festivais Galp Beach Party, Super Bock Super Rock, Super Bock em Stock, MEO Sudoeste, Sumol Summer Fest), PEV (promotora do MEO Mares Vivas), Pic Nic (promotora do NOS Primavera Sound), Ritmos (promotora do Vodafone Paredes de Coura), Sons em Trânsito e Câmara Municipal de Faro (organizadores do Festival F e do Açoteia – Faro Rooftop Festival), Surprise & Expectation (EDP Vilar de Mouros), APEFE e APORFEST.

Estas empresas desafiam agora outras entidades públicas e privadas, de todos os setores, a juntarem-se à causa. Para criar esta «declaração de ações», as entidades irão desafiar jovens lideranças de todo o país para um workshop do qual resultarão 17 atitudes.

Essas atitudes, baseadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, focar-se-ão em áreas tão distintas como as alterações climáticas, a diversidade, a inclusão social, o desenvolvimento económico, a reciclagem, entre outras, cumprindo todas elas com a premissa de contribuírem ativamente para a construção de um mundo melhor.

O processo de seleção destes jovens passará por três fases. Na primeira, será levada a cabo uma pesquisa de metodologia quantitativa e qualitativa, com validação etnográfica, para identificação dos perfis de jovens líderes com voz ativa nas suas comunidades.

Identificados esses jovens, com idades compreendidas entre os 16 e os 30 anos, serão selecionados cerca de 30, oriundos de diferentes distritos do país, de diferentes géneros, nacionalidades, classes sociais e nível de formação.

Numa terceira etapa, o coletivo de jovens então formado será desafiado num workshop com metodologia Torke CC (comprovada em mais de 300 workshops, em 14 países diferentes), onde de forma colaborativa trabalharão o desenvolvimento das «atitudes» com base nas ODS.

Os jovens que se queiram voluntariar para participar no processo de definição das atitudes poderão fazê-lo através de e-mail, até 31 de janeiro.

A seleção dos jovens, assim como o workshop, decorrerá já no próximo mês de fevereiro, estando a divulgação das 17 atitudes agendada para o início de março.

É nesta altura que as atitudes então definidas pelo coletivo de jovens serão transformadas em GIFs, a serem utilizados como «assinatura» digital da DeclareAção.

Ao mesmo tempo será lançada uma landing page que funcionará como hub agregador das boas atitudes, onde se reúnem todas as ações que vierem a ser implementadas por empresas, escolas, influenciadores e pelo público em geral, partilhadas nas redes sociais e utilizando os GIFs e o hashtag #DeclareAcao.

Recorde-se que, em 2019, se realizaram 287 festivais de música só em Portugal, acumulando um total de 2,1 milhões de visitantes. A par com este estudo, dados da Forbes indicam que 94 por cento da Geração Z afirma que a música é muito importante na sua vida, enquanto 45 por cento afirma que o seu artista preferido influencia o seu estilo de vida.

Já dados do Spotify revelam que 79 por cento dos utilizadores acredita que a música permite às pessoas conectarem-se entre si e com outras culturas.

Torna-se evidente, com isto, o potencial influenciador e transformador dos festivais nas comunidades locais e nacionais onde ocorrem, assim como a responsabilidade de assumirem uma atitude positiva e que contribua para a construção de um mundo melhor.

Segundo Vitor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, a entidade promotora do Festival Med, «o município de Loulé considera a salvaguarda ambiental e a ação climática como a maior responsabilidade do século XXI, pelos impactos e consequências transversais, tanto a nível ambiental, como económico e social e por isso um colossal desafio também no plano local que se impõe encarar».

Neste contexto, com o objetivo de sensibilizar a sociedade para a mudança de comportamentos, «tem sido contínuo o trabalho do município em equiparar todas as iniciativas e projetos em curso com essa visão estratégica, exemplo disso o Festival MED, já distinguido pelo Sê-lo Verde e pelo facto de ter recebido um Iberian Festival Award pelo Melhor Contributo para a Sustentabilidade no contexto ibérico. Em Loulé considera-se que o exemplo e compromisso com a redução do impacto ambiental nos espetáculos, festivais e eventos dará viva voz a um futuro melhor».

Já Paulo Santos, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Faro, refere que o Festival F «não podia deixar de se associar ao projeto DeclareAção. Organizar um festival que se implanta no centro histórico, integra e anima o património edificado da cidade, envolve os seus residentes e visitantes e abraça um parque natural é certamente um desafio do ponto de vista da sustentabilidade. O Festival F quer crescer e afirmar-se nesta área garantindo a redução e separação dos resíduos produzidos, a utilização de copos recicláveis, a minimização do recurso a materiais de utilização única, oferta de transporte público e dedicado, mas também na criação de condições para que todos os públicos, independentemente das suas limitações, possam fruir deste festival único».

A capital algarvia conta ainda com outro evento associado a este manifesto que é o Açoteia – Faro Rooftop Festival em que «um dos principais pilares é justamente a sustentabilidade, para além da comunidade e da arte, convida a olhar a cidade de uma perspectiva diferente. Faro apresentou uma candidatura ao Europa Criativa que propõe pensar as cidades a partir de cima», explicou Paulo Santos.