Rede de voluntários «Viver ComPaixão» vai ajudar doentes terminais em Faro, Loulé e São Brás

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Faro, Loulé e São Brás de Alportel fazem parte da «Viver ComPaixão», rede que vai ajudar doentes em fim de vida.

A primeira Comunidade Compassiva do Algarve, oficialmente apresentada ontem, quarta-feira, dia 5 de março, no Teatro Lethes, em Faro, tem por objetivo criar e formar uma rede de voluntários para ajudar doentes crónicos ou terminais com necessidades paliativas e respetivos cuidadores, nos concelhos de Faro, Loulé e São Brás de Alportel.

O projeto, denominado «Viver ComPaixão», resulta de uma candidatura vencedora do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e da Delegação de Faro-Loulé da Cruz Vermelha Portuguesa ao concurso «Portugal Compassivo — Laços Que Cuidam», promovido pela Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) e pela Fundação «la Caixa».

Ana Feijó Cunha, da Fundação «la Caixa», afirmou que um dos principais objetivos é melhorar a qualidade de vida das pessoas com doença avançada e dos seus familiares. Referiu ainda que a intervenção reforçar e complementar as respostas existentes e «trabalhar de mão dada com quem está no terreno».

Dora Valério Luís, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Faro-Loulé, referiu a importância das comunidades compassivas e de «as pessoas aprenderem a preparar-se para a morte. Trabalhar o luto é essencial, não só daqueles que ficam, mas também daqueles que sabem que» vão partir.

De acordo com Giovanni Cerullo, médico da Equipa de Cuidados Paliativos da Unidade Hospitalar de Faro do CHUA e um dos principais impulsionadores do projeto, «este é mais um motivo de orgulho pelo facto do CHUA ser o impulsionador da criação de algo que irá melhorar a qualidade de vida das pessoas e criar uma cultura de compaixão».

O médico explicou que os profissionais de saúde do CHUA observam muitas pessoas com doenças graves e progressivas, associadas a grande sofrimento físico, psicológico e espiritual que vão às consultas sozinhos, e que os cuidadores têm «uma grande sobrecarga».

A ideia para o projeto segue outros congéneres que já existem em Portugal e surge da necessidade de dar uma melhor resposta ao dia a dia destes doentes.

Assim, será criada uma bolsa de voluntários, que terão acesso a formação e capacitação,  segundo Vítor Alua, coordenador do projeto «Viver ComPaixão».

Os voluntários poderão depois acompanhar os utentes às consultas e ajudar a gerir ou comprar medicação, mas também colaborar com cuidadores ou familiares, e exercer este trabalho de forma profissional e acompanhada pelos profissionais de saúde do CHUA.

De acordo com os dados da direção da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), entre 10 a 13 em cada 100 pessoas «irão morrer de forma súbita ou traumática», mas as restantes morrerão «de doença crónica, progressiva e incurável» com necessidades paliativas, o que justifica ainda mais este tipo de projetos.

Vítor Alua agradeceu aos parceiros e garantiu que «a comunidade compassiva que hoje nasce tem condições para realizar os seus objetivos e crescer numa dinâmica de partilha comunitária com todos os agentes, institucionais, tecido empresarial, academia, associações e projetos».

«A comunidade somos nós e podemos fazer a diferença», referiu Giovanni Cerullo.

A apresentação contou com a presença de Sílvia Villar, da Associação Borba Contigo Cidade Compassiva, responsável pela primeira comunidade compassiva de Portugal, e de Paulo Neves, vogal executivo do CHUA, e culminou com um momento musical levado a palco por Ricardo Martins e Cátia Solan Alhandra. Foram entregues diplomas a todas as entidades representantes e parceiras do projeto.

Paulo Neves.

Esta comunidade tem ainda como meta cumprir os critérios vigentes de certificação pelo movimento internacional Charter for Compassion.