Maria Alice Pestana Serrano e Silva, médica fundadora da clínica Luzdoc e profissional muito estimada no Algarve, faleceu na noite de terça-feira devido a uma complicação repentina de uma doença crónica, aos 78 anos.
É com profunda tristeza e consternação que o Grupo HPA Saúde manifesta publicamente o mais profundo pesar pelo falecimento da doutora Maria Alice Serrano.
João Bacalhau, presidente do conselho de administração, assina a nota de pesar onde reconhece que a médica «teve um papel relevante no desenvolvimento do nosso Grupo Hospitalar. Os seus contributos para a saúde da região são incomensuráveis».
Com a sua partida, «todos nós ficamos mais pobres, nomeadamente toda a região do Algarve. Vamos sentir a sua falta, pois tudo o seu percurso foi fundamental para a população e para o que, atualmente, hoje existe na área da saúde».
A sua carreira médica começou há mais de 50 anos num dos maiores hospitais universitários de Portugal. Cresceu em contacto estreito com a comunidade inglesa em Lisboa e, em 1983, mudou-se para o Algarve para exercer a profissão na Luzdoc, na Praia da Luz, onde ficou muito conhecida e estimada pela comunidade estrangeira residente. Este ligada, desde o início, ao Grupo HPA Saúde.
A Dr.ª Maria Alice acreditava que a essência da relação médico/paciente é a confiança; que a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. E que a doença deve ser vista no contexto da pessoa que a tem, tornando assim a prática da medicina mais realista e humana.
No início de 2016, Maria Alice Serrano deu à estampa o seu livro ««Coisas de Tudo, Pedaços de Nada». O barlavento noticiou e recorda agora algumas das palavras.
«Nasci mulher num tempo em que as mulheres ainda eram, como princípio, apenas mulheres. Exceções à regra já havia. Mas não era fácil. E eram poucas. Desde sempre, fui avessa ao que deve ser, só porque deve ser. Na escola e no liceu fui afirmativa, mas não rebelde. Nunca deixei passar o que achava errado, até prova em contrário. Mais tarde, e para espanto de muitos, sempre me recusei a tomar parte das lutas pelos direitos da mulher, não aceitando que mulheres e homens fossem realidades diferentes. A essência é a mesma. São pessoas. A diferença está nos detalhes e é bom que assim seja», começou por dizer, numa apresentação curta, mas suficiente para emocionar a maioria dos presentes que encheram a sala de conferências do Hospital Particular do Algarve, em Alvor.
«Sempre defendi o direito a ser diferente, a ser uma pessoa única e, por inerência, os direitos dos outros a viverem cada um a sua vida, a seu modo, que não o nosso. A vida é, de facto, um mosaico de todas essas igualdades e diferenças, de coisas de tudo, que são, muitas vezes e apenas, pedaços de nada. O que vou escrevendo surge de muitas vidas que pela minha foram passando. De tudo e nada, que fui vendo e sentido à minha maneira, e por isso única», explicou.
A equipa do barlavento expressa sinceras condolências à família, amigos, colegas e pacientes. Até sempre, Dr.ª Maria Alice e obrigada por tudo.