Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, congratulou-se pela implementação da medida «Creche Feliz – Rede de Creches Gratuitas».
O Lar da Criança de Portimão, na Urbanização Quinta da Ouriva, Ladeira do Vau, passa a contar com mais 42 novas vagas na creche, depois do financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que permitiu a criação de três novas salas.
A inauguração, na manhã de sexta-feira, dia 1 de setembro, contou com a presença de Ana Mendes Godinho, que caracterizou o dia como «especial», repetindo por diversas vezes que a «Creche Feliz – Rede de Creches Gratuitas» é uma medida «transformadora» para o país.
Primeiro, «porque garante que liberta as mulheres para terem um nível de participação e de igualdade no trabalho como os homens. Além disso, temos já cerca de 30 mil pais que beneficiaram das nossas licenças parentais e exigem partilha entre homens e mulheres. Esta é uma medida também articulada neste grande objetivo, porque ainda temos de fazer muito. Existe muita desigualdade e temos mesmo de mudar ferozmente», começou por justificar.
Ainda na questão da igualdade e inclusão, a ministra destacou o facto de a «Creche Feliz garantir que as crianças, independentemente do rendimento dos pais e das condições socioeconómicas em que vivem, têm o mesmo espaço de desenvolvimento. Sejam ricos ou pobres. Com esta medida, não há barreiras de acesso, o que a deve tornar um orgulho para todos. Não podemos aceitar que tenhamos 16 por cento das crianças em risco de pobreza».

Para os jovens, Ana Mendes Godinho quis deixar nota de que a «Creche Feliz» também foi criada a pensar neles. «Esta é uma medida transformadora de vidas na opção que os jovens têm de ter ou não crianças. Já podem riscar da equação este custo. Somos todos nós, coletivamente e enquanto sociedade, que precisamos das crianças e que os jovens tenham filhos. Estamos a assumir isso enquanto compromisso de sociedade», assegurou no seu discurso.
A ministra chegou mesmo a falar em «revolução» no Algarve com esta rede, enaltecendo o trabalho de Margarida Flores, diretora do Centro Distrital de Faro do Instituto da Segurança Social.
«Para terem noção, só no Algarve, desde julho e até à data de hoje, fruto de uma capacidade espetacular de trabalho conjunto entre sector social e creches privadas, temos mais 600 lugares que conseguem entrar em funcionamento. Isto nunca teria acontecido», afirmou.
Na opinião da governante, «este é só o início da grande transformação de eliminar tudo o que não faz sentido. Hoje temos esta capacidade de, simbolicamente, inaugurar o PRR, que alocámos grande parte à resiliência social, que não é um conceito abstrato. É prático: são as crianças numa creche. É esta transformação que vem ajudar a acelerarmos as respostas num país que precisa, desesperadamente, e quer muito, dar as condições a que os jovens e os migrantes venham, porque somos um país aberto e precisamos de todos. Portugal tem de ser um país para todos», deixou claro.
Por fim, Ana Mendes Godinho, sobre inauguração que presidiu, salientou o trabalho articulado.

«A Câmara Municipal de Portimão cedeu o terreno. O diretor do Lar da Criança avançou sem medo. O PRR financiou, a Segurança Social descomplicou e a secretária de Estado não parou nesta missão de fazer acontecer». A ministra referia-se a Ana Sofia Antunes, secretária de Estado da Inclusão, que a acompanhou no momento.
Apesar do aumento do número de vagas nas creches da região, ainda são vários os pais que não conseguiram resposta para os filhos.
Questionada pelos jornalistas sobre que palavras poderia deixar aos encarregados de educação, Ana Mendes Godinho respondeu que tudo também «depende da grande capacidade que tem havido das próprias instituições, das creches privadas, para fazerem parte deste programa. Temos estado a trabalhar permanentemente numa grande articulação e tem sido extraordinário. O que parecia ser impossível está a acontecer do ponto de vista de grande mobilização e alargamento de capacidade. Mas há também uma maior procura e estamos a procurar chegar ao maior número de crianças possível», garantiu.
E haverá respostas na «Creche Feliz» para todas as crianças elegíveis? «A nossa preocupação, e a que assumimos sempre, é que no primeiro ano chegaríamos a 40 mil. Começámos no ano passado e chegámos a 58 mil. Ou seja, até ultrapassámos aquilo que tínhamos identificado como sendo a capacidade possível. O que está a haver neste momento é uma mobilização extraordinária de todo o país para conseguir aumentar esta rede. Estamos comprometidos e estamos a trabalhar», garantiu.
Questionada sobre se os serviços da Segurança Social terão capacidade de responder, em tempo útil, aos pedidos dos privados, a ministra assegurou que «tudo também depende do número de salas disponíveis, porque temos dois níveis de investimento que estão a acontecer neste momento. As possibilidades de reconversão de espaços e as creches novas, que deverão demorar mais tempo a ficarem concluídas, fruto do investimento do PRR».
Ainda no mesmo dia, durante a tarde, a comitiva visitou a nova creche da Torre da Medronheira (Albufeira), onde foi assinado um protocolo para a implementação do Núcleo Local da Garantia para a Infância de Albufeira, tal como o barlavento noticiou.
Isilda Gomes: «Portimão está com uma enorme dificuldade»
A presidente da Câmara Municipal de Portimão também presente na cerimónia, onde fez questão de referir que a falta de vagas nas creches «é um problema para a própria economia da região e local, porque muitos pais dizem-nos que vão ter de deixar de trabalhar. Nesta inauguração temos uma resposta à altura daquilo que Portimão merece e precisa».
Ainda assim, para Isilda Gomes, «será difícil» responder a todos. «Este ano, o município aumentou 200 alunos nas nossas escolas. É muito complicado qualquer autarquia estar preparada para, de um ano para o outro, aumentar 200 lugares. Todos fizeram o máximo nas escolas primárias e secundárias, mas tivemos que, à pressa, conseguir uma solução», explicou. A autarca avançou que «vamos abrir cinco salas de pré-escolar e primeiro ciclo na Escola de Hotelaria e Turismo (EHT) de Portimão. Uma luta para evitar colocar crianças em contentores. Isso não queremos de todo», assegurou.
No entanto, para isso não acontecer, «foi preciso a ministra atravessar-se e reabrirmos salas de escolas que já tínhamos fechado, dadas ao movimento associativo, porque as crianças estão em primeiro lugar. E ainda vamos ter problemas, a partir de janeiro, que é quando temos a chegada de muitos migrantes. Portimão está com uma enorme dificuldade, mas a inclusão tem de ser uma palavra que não pode sair do nosso dia a dia. É nossa obrigação construir uma sociedade mais democrática e igual para todos. Isso só acontecerá quando conseguirmos dar uma resposta a estes grupos mais vulneráveis», concluiu.
Ana Sofia Antunes inaugurou «Os Piratinhas» de VRSA
A secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, inaugurou, na sexta-feira, dia 1 de setembro, em Vila Nova de Cacela, concelho de Vila Real de Santo António (VRSA), a creche «Os Piratinhas».
O projeto, gerido pela delegação local da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) e desenvolvido em parceria com o município de VRSA, representou um investimento de 85 mil euros, de forma a garantir 35 novas vagas. A inauguração contou com a presença do autarca, Álvaro Araújo, do delegado especial da Delegação da CVP de VRSA, Manuel Marrafa, da diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social, Margarida Flores, do deputado da Assembleia da República, Jorge Botelho, do presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Cacela, Luís Rodrigues, além de outros representantes políticos do concelho e forças de segurança.
A creche «Os Piratinhas» representa uma nova resposta social de natureza socioeducativa, vocacionada para o apoio à família e à criança, destinada a acolher crianças até aos 36 meses. O horário de funcionamento é das 8h00 às 18h30, encerrando aos feriados e aos fins de semana. Todas as salas estão abrangidas pela bolsa de gratuitidade do Instituto da Segurança Social.