Desemprego no Algarve aumenta 74 por cento e medidas «tardam»

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Desemprego no Algarve aumento de 74 por cento e exige medidas que o governo «tarda em dar» acusa o Partido Comunista Português (PCP).

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) acaba de divulgar informação mensal referente aos desempregados inscritos nos Centros de Emprego do Algarve.

«Sendo verdade que o universo do desemprego no nosso país e na região do Algarve é bem superior ao número dos inscritos nos Centros de Emprego, os dados que foram revelados confirmam as preocupações» do Partido Comunista Português (PCP).

Os dados mostram que no final de fevereiro estavam registados nos Centros de Emprego do Algarve, 33.459 desempregados, mais 14.271 (+74,4 por cento), do que em final de fevereiro de 2020.

Destes destacam-se os concelhos de Albufeira, com 19,6 por cento do total de inscritos, de Portimão com 16,1 por cento e Loulé com 15,8 por cento, representando no conjunto mais de metade dos trabalhadores desempregados na região.

Em relação ao mesmo mês do ano passado, verifica-se que foi no concelho de Faro, onde o desemprego mais do que duplicou (+141,5 por cento), passando de 1.569 para 3.360 inscritos neste concelho.

Como sempre acontece nestas situações, diz o PCP, «o maior crescimento no número de desempregados comparativamente com o mês homólogo deu-se nos trabalhadores com maior nível de precariedade e mais baixas qualificações».

Além disso, é no Algarve «onde o desemprego atinge de forma mais significativa a população emigrante. Eram 4.388 os emigrantes desempregados inscritos nos centros desta região em fevereiro 2020, para agora serem 8.980. O seu peso no total dos desempregados inscritos na região subiu de 23,8 por cento para 26,8 por cento, com destaque para os trabalhadores oriundos do Brasil, que representam mais de um terço dos trabalhadores estrangeiros desempregados no Algarve. Sublinha-se também que é do comércio, da hotelaria e das atividades imobiliárias, que provém a maioria dos trabalhadores desempregados na região».

Os dados agora divulgados pelo IEFP permitem concluir, na perspetiva dos comunistas, que o Algarve «é sem dúvida a região mais atingida pelo desemprego, o que não pode ser desligado da sua forte dependência da catividade turística e outras atividades a ela associada. Concorre também para estes valores a dimensão que estão a atingir os despedimentos coletivos, beneficiando das alterações à legislação laboral impostas por PS, PSD e CDS, e o elevado nível de precariedade nas relações laborais».

Tal como o PCP tem chamado a atenção, «a situação atual exige medidas de urgência que o Governo tarda em dar. Medidas de apoio a quem perdeu salários e o emprego, incluindo com o reforço das prestações sociais onde se inclui o alargamento da medida aprovada no Orçamento do Estado por proposta do PCP de extensão por seis meses do Subsídio de Desemprego a todos os trabalhadores que percam o acesso a esta prestação em 2019 e 2020».

Exige ainda «o reforço e alargamento das prestações sociais para quem está sem qualquer tipo de rendimento; o apoio sem discriminações às Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME) que foram profundamente atingidas no seu negócio ao longo do último ano, salvaguardando os postos de trabalho».

E ainda «o reforço da contratação pública onde fazem falta milhares de trabalhadores designadamente nas escolas, no Serviço Nacional de Saúde, na proteção e ordenamento florestal, nos equipamentos e atividades culturais, nas forças e serviços de segurança, nos equipamentos sociais, entre outros».

«Medidas de urgência que não dispensam, antes se articulam, com uma alteração profunda do modelo de desenvolvimento económico, envolvendo a diversificação da atividade e o reforço da capacidade produtiva regional, o reforço do investimento público recuperando atrasos nas infraestruturas e meios de transporte, nos equipamentos de saúde, na rede de creches e lares, na habitação», alerta o PCP em nota enviada à redação do barlavento.

«Mais do que propaganda, o país e o Algarve precisam de soluções. Precisam de uma política alternativa que não só rejeite a submissão do Governo PS às imposições da UE mas também a política de terra queimada de PSD e CDS, e dos seus sucedâneos reacionários – Chega e IL – que alguns querem reabilitar. Uma política patriótica e de esquerda que valorize os salários e os direitos dos trabalhadores, defenda os serviços públicos, promova a produção regional, aposte na recuperação pelo Estado de empresas estratégicas que foram privatizadas, aponte ao desenvolvimento em equilíbrio com a natureza».