Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, disse que «a vacinação está a decorrer em todo o território nacional e também no Algarve. Concluímos a vacinação dos cerca de 600 bombeiros da região que foram incluídos nessa primeira fase».
Agora, «vamos iniciar a vacinação com as forças de segurança» informou hoje o responsável, durante a a conferência de imprensa sobre a situação epidemiológica do Algarve, que decorreu esta manhã, nas instalações do Comando Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, em Loulé.
«No próximo fim de semana vamos vacinar os militares da GNR (745) e depois vacinaremos a PSP (536). É um processo que está em agendamento», estimou.
Segundo Ana Cristina Guerreiro, delegada regional de saúde do Algarve, «temos registado um surto numa equipa especial, na que fazia apoio ao Aeroporto de Faro. Tenho monitorizados seis casos. Eventualmente pode haver mais algum caso que tenha sido positivo ontem ou hoje, que ainda não esteja associada ao surto. Seis pessoas numa equipa de 32 ou 34 é bastante. Esta equipa ficou quase toda em casa, além dos seis positivos, cerca de 15 a 16 profissionais ficaram em isolamento profilático», confirmou.
A ARS do Algarve também já deu início a um «projeto piloto de agendamento e marcação para os utentes com mais de 50 anos com doenças associadas e a cidadãos com mais de 80 anos».
«Continuamos também a vacinação nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI), de segundas doses e algumas primeiras doses de algumas instituições que vão saindo de surtos. É um processo que está a ser feito pelas nossas equipas e que será continuado».
Para já, o principal constrangimento é a falta de vacinas disponíveis.
«Quando o país tiver vacinas em quantidade, que pelos vistos esse é o grande problema, temos condições para alargar a vacinação. Aliás, o país teve neste inverno um milhão e 200 mil vacinas para serem administradas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e em pouco mais de mês e meio, o SNS administrou um milhão e 200 mil vacinas com a maior das tranquilidades e que correu sem qualquer problema».
Em breve, «numa situação em que o país disponha de vacinas para administrar, nós temos a capacidade de escalar e de multiplicar este número com muita facilidade ao nível dos pontos de vacinação que temos no território. Os portugueses e os algarvios podem estar confiantes e tranquilos que os seus Centros de Saúde têm capacidade para vacinar toda a população e vacinaremos naquilo que são as nossas instalações e eventualmente naquilo que são instalações em que articularemos com as autarquias quando chegarmos à fase da vacinação em massa», garantiu Paulo Morgado aos jornalistas.
«Quando chegarmos a essa fase, que será muito provavelmente no segundo ou terceiro trimestre do ano a manterem-se as condições atuais da vacina, passaremos à fase III do Plano Nacional de Vacinação e aí iremos vacinar, provavelmente, fora dos Centros de Saúde e também nos Centros de Saúde».
No Algarve, até ao momento, pelo menos 5000 pessoas já foram vacinadas.
«As vacinas vão chegando e todas as semanas chegam numa determinada quantidade, mas as vacinas que o país recebe são poucas para esta população ainda. Já fizeram saber que a primeira fase possivelmente irá prolongar-se até abril e não março como inicialmente estava previsto», estimou.
Dadas as condicionalidades, «a este ritmo terá de ser necessariamente um processo mais lento do que aquilo que estimávamos. No Algarve, a população que temos identificada com mais de 50 anos e com cormobilidades oscila à volta dos 19 mil. A isto acrescentamos os cidadãos com mais de 80 anos que não têm patologia nenhuma. As 19 mil pessoas incluem esses cidadãos com mais de 50 anos com cormobilidades, onde também estão muitos que têm acima dos 80 anos. O universo será maior porque a percentagem de cidadãos com mais de 80 anos sem cormobilidades associadas também é grande e serão todos identificados, mas ainda não há esse número», estimou.
Vacinas para todos
Paulo Morgado, contudo, garantiu que ninguém ficará de fora, seja qual forma a sua situação de residência no Algarve ou no país.
«Existem múltiplas formas de chegarmos a estes cidadãos independentemente de estarem legais no nosso território ou não. Iremos vacinar todas as pessoas que estejam no território continental, independentemente de terem residência ou não, de estarem legalizados ou não e isso está no Plano Nacional de Vacinação, têm é de chegar até nós para serem identificados».
No dia de hoje, «nem todos os Centros de Saúde têm vacinas. Vamos alargar, possivelmente na próxima semana para sete pontos, sendo que neste momento temos em dois. Depois veremos, irá depender do número de vacinas que teremos». Concluiu Paulo Morgado.
Ana Cristina Guerreiro, delegada regional de Saúde do Algarve, confirmou.
«Vamos vacinar toda a população porque tecnicamente é essa a solução. Não é por sermos muito bonzinhos nem é para agradar todos os que cá estão. É porque se não vacinarmos todos os que estão cá, independentemente de serem de outros países, de não estarem inscritos em lado nenhum, nós próprios ficamos com uma brecha na segurança da vacinação. É importante vacinar o máximo de pessoas para toda a comunidade ficar protegida. Temos mesmo de ir a todos que é para conseguir uma boa percentagem de pessoas vacinadas».
ARS não comenta vacinação de Isilda Gomes
Paulo Morgado também admitiu que as vacinas ainda não chegaram a todos os profissionais de saúde do Algarve.
«Ainda não vacinámos todos os profissionais de saúde do SNS e é bom que fique claro. Vacinámos os que estavam em contexto de risco ou de risco maior. Esses sim foram vacinados. Os que trabalham em unidades privadas ainda não começaram a ser vacinados» disse.
Questionado sobre o polémico caso da vacinação da presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, Morgado escusou-se a comentar.
«As vacinas foram entregues às instituições e as instituições elaboraram as listas segundo aquilo que achavam que eram os critérios que estavam na norma. Nós não controlamos todas as listas de todos os profissionais porque é humanamente impossível. São os responsáveis das instituições que escolhem os profissionais para serem vacinados dentro dos critérios que são do conhecimento de todos», esclareceu.
«Quando tomamos conhecimento de algumas situações através da comunicação social, iniciamos um processo de monitorização das funções que as pessoas têm atribuídas quer seja em lares, quer seja nas outras instituições. Esse processo está em curso e existem investigações a decorrer. A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) está a acompanhar todos esses casos que vieram na comunicação social e mesmo outros que não vieram. Estão a trabalhar connosco e também sabemos que o Ministério Público estará a trabalhar em outros casos. Enquanto essas situações estiverem em investigação, não me posso pronunciar», disse.
«A ARS não é uma entidade judicial, nem faz julgamentos e não nos pronunciamos sobre esse aspeto. Confiamos nas instituições. As vacinas chegam, são entregues às instituições e as instituições, pensamos nós, agem de acordo com as normas. Quando se verifica que não agiram de acordo com as normas, haverá investigações», concluiu.
Jorge Botelho, coordenador do estado de Emergência no Algarve também não alimentou a polémica.
«Quero dar confiança ao trabalho da vacinação. Um fator importante é haver vacinas e fica plenamente demonstrado que havendo vacinas para dar, não ficará nenhuma por dar. A Direção-Geral de Saúde acertou as normas para que todos saibam o que têm a fazer. A vacinação é o fator de esperança que temos», afirmou.
Ainda há «muita doença a circular»
Ana Cristina Guerreiro explicou «o grande número de surtos nos lares se deve ao facto de haver um número muito grande de doença na comunidade. Há muita doença a circular. Os funcionários dos lares vão às suas casas, contactam com os seus familiares, entram e saem dos lares e levam a doença para lá. É essencialmente por causa disso. Posso falar também de uma razão que é discutida por nós, saúde pública, que é o facto de existirem surtos após a fase da primeira vacina em muitos lares, se não poderá haver algum afrouxamento das medidas e um facilitar da propagação. Não tenho números rigorosos, mas isso aconteceu em várias localidades».