COVID-19: Efetividade das vacinas é menor com a variante Ómicron

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A efetividade da vacina contra a COVID-19 é mais baixa na variante Ómicron do que a estimada para a Delta.

Mas após a dose de reforço aumenta e varia consoante a vacina e o tempo desde a última dose, segundo os especialistas.

Na apresentação que hoje fez na reunião de peritos do Infarmed, Ana Paula Rodrigues, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), explicou, citando vários estudos, que a efetividade da vacina contra infeção no caso da variante Ómicron situa-se entre os 40 por cento a 70 por cento e é considerada «moderada contra a infeção sintomática».

A especialista disse ainda que a imunidade baixa mais rapidamente na variante Ómicron do que o que se verificou na Delta, fruto da maior capacidade de escape ao sistema imunitário.

Já a efetividade contra a hospitalização, independentemente do tipo de vacina, no caso da Ómicron, e após o reforço vacinal, é de 88 por cento. Após a segunda dose situa-se entre os 52 por cento e os 72 por cento, «dependendo do tempo que decorreu entre última toma da vacina», disse Ana Paula Rodrigues.

Os dados apontam para valores inferiores na efetividade da vacina relativamente ao que se verificava na variante Delta, «mas após o reforço aproxima-se. Contudo, não se sabe ainda qual é o decaimento no risco de hospitalização com o tempo, mas espera-se que seja menor», acrescentou.

Durante a apresentação que fez sobre a gravidade da infeção, a efetividade da vacinação e o impacto esperado, Ana Paula Rodrigues disse ainda que tendo em conta que no grupo etário entre os 50 e 59 anos há 70 por cento que ainda não têm reforço vacinal este grupo «deve ter cuidados acrescidos nas medidas de proteção individual».

Sublinhou ainda que, apesar da menor efetividade das vacinas, é esperada uma carga de doença elevada, mas com gravidade mais baixa, pois «há vários sinais de menos gravidade na infeção por Ómicron».

«É mais benigna do que a que tínhamos anteriormente», considerou a especialista, insistindo que «justificam-se as medidas de proteção individual, independentemente da idade, assim como o reforço da vacina e a continuidade da vacinação nos atuais grupos alvo».

Antes de Ana Paula Rodrigues, João Paulo Gomes, também do INSA, explicou porque é que a gravidade de doença com a variante Ómicron é menor, apesar da maior capacidade de transmissão, referindo que esta variante tem mais mutações na zona de ligação com as células humanas, daí escapar mais ao sistema imunitário e disseminar-se mais facilmente, mas tem menor capacidade de se replicar nos pulmões pela «baixa afinidade com as proteínas específicas dos pulmões».

Citando dados experimentais da Universidade Hong Kong, o especialista indicou que, no caso da variante Ómicron, o processo de replicação nas vias aéreas superiores é 70 vezes mais rápido do que na variante Delta, mas 10 vezes mais lento nas células inferiores do pulmão, o que explica a menor severidade da doença.

Acrescentou igualmente que «não há diferença significativa entre infetados com a Ómicron e com a delta no que se refere à carga viral».

João Paulo Gomes disse ainda que a Ómicron já representa 90 por cento das infeções em Portugal e apontou a «grande heterogeneidade, tanto nos timings como na disseminação nas várias regiões», dando como exemplo o Algarve, que na semana do Natal ainda tinha um peso de 40 por cento de uma das linhagens da variante Delta, importada do Reino Unido e ligada ao turismo.

INSA prevê máximo de casos na primeira ou segunda semana de janeiro

O máximo de casos de COVID-19 pode ser atingido nesta primeira ou na segunda semana de janeiro, estimou hoje o epidemiologista Baltazar Nunes, do Instituto Ricardo Jorge, prevendo ainda que entre 4 por cento a 12 por cento da população possa ficar de quarentena.

«Assumimos que o máximo de casos seja esperado para a primeira semana ou para a segunda semana de janeiro», avançou o especialista na reunião do Infarmed, em Lisboa, explicando que estes dados são baseados em cenários.

Por outro lado, para cada pessoa infetada haverá três que vão necessitar de estar em quarentena, faltando ao trabalho ou à escola, apontou o investigador do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

«Nós podemos assumir que o total de pessoas que podem estar isoladas em quarentena pode variar entre 4 por cento da população a cerca de 12 por cento da população», um valor que pode ser observado ou «na primeira semana atual ou entre a segunda semana de janeiro», salientou Baltazar Nunes na reunião que reúne peritos, políticos, membros do governo e o Presidente da República para analisar a situação epidemiológica no país.