Capacidade para doentes de COVID-19 nas unidades de Faro e Portimão do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) ainda sem dificuldades de enfrentar a segunda vaga da pandemia.
Quem o diz é Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, em declarações aos jornalistas na conferência de imprensa de balanço da situação pandémica na região algarvia, realizada hoje, sexta-feira, 13 de novembro.
«A capacidade hospitalar da região, do ponto de vista do Sistema Nacional de Saúde (SNS), neste momento, os hospitais que recebem doentes COVID-19, Faro e Portimão, quer em enfermaria, quer em cuidados intensivos, estão na fase II do plano de contingência do CHUA. A capacidade que temos para escalar, em termos de internamento, em enfermaria e em cuidados intensivos, na primeira fase é, pelo menos, triplicar o número de internamentos».
«O que significa que estamos ainda muito longe de esgotar a capacidade dos hospitais do SNS para dar resposta em termos de internamento COVID-19. Já estamos a desenvolver contactos com as unidades privadas da região, no sentido de se disponibilizarem, e algumas já nos transmitiram essa disponibilidade. Estamos neste momento em articulação no sentido de poderem colaborar por acordo, numa primeira fase, para no caso de necessitarmos e esgotarmos a capacidade do SNS para também podermos contar com as unidades privadas da região. Contamos com eles e penso que a maior parte mostrará vontade de colaborar», informou.
Para já, «ainda não estamos ainda a desmarcar atividade programada no CHUA. Ainda não houve necessidade de tomar essa decisão. Se for necessário tomaremos essa decisão. É bom que entendam que não queremos fazer isso, mas temos de ter a noção que outros países já o fizeram», lembrou.
«Esse é o padrão normal. Não queremos chegar a essa decisão, mas se for necessário, tomaremos porque em primeiro lugar está a vida das pessoas. Do ponto de vista do que é a atividade urgente, essa será sempre preservada, como é óbvio. Mas do ponto de vista daquilo que é a atividade programada, não urgente, que não tenha implicações na vida das pessoas, essa decisão será tomada se necessário».
Segundo o responsável, «há 14 profissionais de saúde infetados no SNS dispersos pelas várias instituições. Nenhum deles internado nem em situação grave. Quatro profissionais infetados são de uma instituição particular de saúde. Até ao momento já recuperaram 50. Há profissionais que se infetam na comunidade, quer em convívios sociais ou familiares. É essa forma que tem acontecido. Aí rastreamos todos os profissionais e utentes», esclareceu Paulo Morgado.
Nos últimos dados, «a região tem 1,13 de r/t (taxa de transmissão). Está em linha com aquilo que é o número nacional. Não é o mais elevado de todas as regiões de Portugal. A situação do país é de alguma seriedade. Temos mais de 480 casos por 100 mil habitantes em Portugal Continental, em números globais. A situação da região não é assim», explicou.
No Algarve, «globalmente, temos menos de 240 casos por cada 100 mil habitantes. Em alguns municípios já ultrapassa este valor, daí terem sido incluídos no mapa de elevado risco elevado de contágio».
Mas, «mantemos o acompanhamento e a análise fina aos surtos que vão surgindo. Todos em contexto de pessoas que coabitam, vivem em proximidade, como no caso do Parque de Campismo de Alvor».
Hotel em Portimão preparado com 550 camas
Por sua vez, Jorge Botelho, Secretário de Estado Coordenador do estado de Emergência na Região do Algarve, e ex-autarca de Tavira lembrou que saiu ontem da reunião de Conselho de Ministros, uma resolução que tem a ver com a situação de desanuviar o CHUA, tanto em Portimão como em Faro, para criar uma estrutura residencial de retaguarda.
Botelho lembrou ainda o trabalho que tem sido feito entre Segurança Social e CHUA «para retirar dos hospitais os doentes crónicos que estavam lá há meses e alguns até mais. Só restam três pessoas no Hospital de Faro».

Assim, dentro desta lógica de articulação entre ambas as entidades, o governo decretou que «seriam criados, por distrito, uma estrutura de retaguarda a doentes COVID-19 que necessitem de cuidados. Aqui no Algarve será uma instalação situada em Portimão, num hotel, que neste momento já está a ser utilizado para a saúde, com 550 quartos».
Nos próximos meses, «essa será a estrutura de retaguarda para doentes COVID-19, que já não necessitem de cuidados hospitalares, mas que não têm condições para ir para casa, nem têm critérios para entrar nos lares».
Assim, as «equipas serão constituídas por uma equipa médica e de enfermagem e com equipamentos que serão enviados pelo CHUA e pela ARS Algarve. A direção técnica será assegurada pela Segurança Social. Os encargos, sempre que necessário como luz, alimentação, água, e outras serão suportadas pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil», revelou.
Este novo equipamento completa a estrutura de retaguarda de doentes COVID-19 positivos e nos próximos dias ficará operacional. «Estamos em fase de contratação de pessoal por parte da Segurança Social. Isto será também para evitar que a atividade programa do SNS seja afetada», disse.
«Faço um forte apelo para que se consciencializem que a vida coletiva do Algarve depende de todos os comportamentos. Acabem com os grupos e os agrupamentos informais. A única forma de parar isto é pensar que a vida coletiva depende do nosso comportamento. Sejam pedagógicos. É isto que apelo a todos. Agora tudo está a ser avaliado e é um efeito do que é o nosso comportamento. Se quisermos ter um reagrupamento familiar na altura do Natal como nós minimamente conhecemos é muito importante que tomemos atitudes adequadas, respondendo aos muitos e muitos apelos que têm sido feitos», pediu Jorge Botelho.