Durante a conferência de imprensa regional, esta manhã, em Loulé, foi ainda abordada a possibilidade de existirem medidas de restrição diferentes para cada distrito para travar a crescente pandemia de COVID-19. Uma decisão que Ana Cristina Guerreiro admitiu estar a ser ponderada pela Direção-Geral de Saúde (DGS).
«Sei que está na mesa a possibilidade de transferir para o nível regional e municipal algumas decisões. Na minha opinião isso é muito útil porque as populações entendem as regras na medida do risco e do problema», disse Ana Cristina Guerreiro.
«Portanto, quando estão muito afetadas pela taxa de incidência, quando o problema é muito grande em determinado local, aceitam uma medida mais restritiva de uma forma correta. Ou seja, nem sempre as medidas podem ser tomadas a nível nacional porque a população nacional não iria entendê-las».
«Neste caso, iria permitir que houvesse uma resposta cirúrgica, localizada, com entendimento da população e com eficácia. Neste momento há regiões que estão a precisar muito disto. No nosso caso poderemos ter focos em que é útil dar respostas assim pontuais», concluiu.
António Miguel Pina, sobre este assunto, pediu até que Jorge Botelho, secretário de Estado e Coordenador da execução da Declaração da Situação de Calamidade na região do Algarve, levasse a mensagem ao governo.
«Como autarca desejo que o próximo conselho de ministros apresente medidas com maior intensidade e que eventualmente até façam algumas restrições das nossas liberdades. Como autarca reconheço que é necessário».
No entanto, e pedindo ao secretário de Estado que passe essa mensagem, «também víamos com bons olhos, que fruto da realidade ao longo do país ser diferente, pudesse haver margem para que essas medidas mais restritivas das liberdades fossem aplicadas em função do risco que existe em cada distrito. Víamos com bons olhos que essas medidas fossem decididas, depois, do ponto de vista regional».
Resumindo, «desejamos que haja um aumento de medidas restritivas e que haja a possibilidade de serem diferentes para o país, considerando até que o Algarve tem um melhor comportamento que muitas das regiões do país», disse António Miguel Pina.
O secretário de Estado opinou que «nos parece evidente que as realidades nacionais não são iguais nem são as mesmas. Não sei qual a posição que o Conselho de Ministros tomará, mas temos de ter uma ideia de que isto é um equilíbrio entre a consciência das pessoas e a realidade. Ninguém quer ficar infetado. As pessoas ficam infetadas pelos comportamentos que vão tendo e por isso, todos temos de fazer um discurso para consciência das pessoa.
«Desde a última conferência de imprensa houve uma nova medida que foi a obrigatoriedade de máscara e isso surgiu de uma necessidade que o Parlamento adotou. Estamos a fazer o caminho para o inverno e nesse caminho é importante que todos trabalhemos de forma próxima e de que temos de estar num processo de permanente consciência», concluiu Jorge Botelho.
Há 15 profissionais de saúde infetados no Algarve
Paulo Morgado, presidente do conselho diretivo da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, na conferência de imprensa informou que «neste momento temos 14 profissionais de saúde infetados do Sistema Nacional de Saúde (SNS) e um do sector privado, que se encontra internado. Do ponto de vista daquilo que é o rt [grau de transmissibilidade e infeção] da região, nos últimos 16 dias tem variado entre 1,02 e 1,14, para uma média que tem sido de 46 casos por dia. É um dos mais baixos de todas as regiões do continente».
Todavia, na opinião do presidente da ARS Algarve, «elevámos o nível de preocupação porque temos um aumento significativo do número de casos na região. Estamos a acompanhar isto com um grande trabalho das nossas equipas de saúde pública no sentido de controlar o problema logo na comunidade».