Corpo Atelier de Faro entre os 20 melhores ateliers jovens do mundo

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Corpo Atelier é o único português a figurar na lista, selecionada entre 350 candidaturas.

O Corpo Atelier, espaço de arquitetura localizado em Faro, foi considerado um dos 20 melhores ateliers jovens do mundo, numa distinção do website ArchDaily, um dos mais reputados da área.

O projeto, que iniciou em 2014, é liderado pelo arquiteto Filipe Paixão, de 33 anos, natural de Almada, contando com mais duas jovens na equipa: Laura Correia, de Albufeira, com 25 anos, e Laura Bação, de Lisboa, com 24 anos.

Este lista destaca, segundo o ArchDaily, «escritórios emergentes que fornecem abordagens, propostas e soluções inovadoras para alguns dos principais desafios que a humanidade está a enfrentar. Da crise climática às questões raciais e de género. Da rutura tecnológica à coesão social. Esses desafios estão a moldar a evolução da arquitetura, levando a disciplina para uma nova sociedade e uma nova economia».

Escolhidas entre mais de 350 inscrições de 72 países e 215 cidades, em todo o mundo, as empresas selecionadas «refletem as mudanças sequenciais pelas quais a arquitetura tem navegado nos últimos vinte anos, com o surgimento e posterior consolidação de novas tecnologias, ferramentas, formatos, tópicos, escalas e abordagens interdisciplinares».

Filipe Paixão explica que «o anuncio da distinção aconteceu a meio de uma reunião de trabalho, logo foi partilhado entre os três, simultaneamente». Os sentimentos dividiram-se «equitativamente entre a surpresa e a satisfação. Tentamos diariamente que o trabalho que desenvolvemos seja coerente e o mais completo possível, sem por vezes ter noção do alcance que pode ter, fora do atelier. Dessa forma, uma distinção destas é sempre inesperada».

O Corpo Atelier é um projeto ainda jovem, com apenas seis anos, e surgiu «como desenrolar natural de um conjunto de fatores. Muito antes de haverem obras ou a formalização do atelier, houve um longo período de reflexão e maturação daquilo que podia ser um entendimento da arquitetura e de como a produzir».

Quando essas ideias estavam «minimamente estabelecidas, surgiram alguns projetos iniciais que serviram para as colocar finalmente em prática. A partir daí, o corpo de trabalho torna-se autossustentável. Alimenta-se de si próprio, em que projetos anteriores abrem pontos de discussão e investigação para projetos futuros».

O passar do tempo trouxe à equipa duas jovens arquitetas, formando um grupo com uma média de idades baixa. Filipe Paixão explica ao barlavento que o conceito de marcar a diferença, como é vulgar ser conhecido, não tem de existir. «Não temos particular desejo de a marcar. Ela acontece com naturalidade, porque todas as práticas são diferentes. A nossa baseia-se muito na aproximação da arquitetura, da arte no geral e da escrita em particular».

«Fazemos uso de todas essas ferramentas, de forma descomprometida, porque são áreas onde nos sentimos confortáveis. Assumimos essa particularidade e a vontade de que os projetos sejam o reflexo disso mesmo. Dessa forma, a diferenciação acaba por ser inevitável», considera o responsável pelo Corpo Atelier.

Sobre os projetos em carteira no espaço farense, Filipe Paixão revela que «o grande volume de trabalho tem-se desenvolvido, nos últimos anos, em Faro, particularmente em projetos de reabilitação de habitações no centro histórico da cidade, em várias escalas. É um tema que nos tem dado particular prazer desenvolver e para o qual temos sentido bastante procura, maioritariamente de clientes estrangeiros».

Pontualmente, «surgem alguns projetos fora do Algarve, que acabam por servir de pretexto para explorar a adequação do que normalmente fazemos a outro tipo de paisagens, o que acaba por ser sempre interessante para nós».

A distinção ArchDaily chega num ano atípico, onde a pandemia marca todas as vidas e formas de trabalhar. Ou quase todas. É que, segundo o arquiteto Filipe Paixão, «a nossa estratégia foi, de alguma forma, a de fingir que ela não existe, e continuar a trabalhar o mais possível da mesma forma. Boa parte do que fazemos é independente de clientes ou outros fatores externos. Surgem ideias para projetos que ainda não têm cliente ou sitio, desenhos, maquetas, textos, etc».

Esta situação coincidiu também «com a altura em que estávamos a fechar um livro sobre o trabalho do atelier. Assim, mesmo com atrasos em um ou dois projetos em curso, continuámos a produzir de igual forma e acabámos por absorver o impacto que a pandemia pudesse ter», remata o responsável pelo atelier de Faro.