Utentes protestam contra fecho da maternidade no Hospital de Portimão

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A Comissão de Utentes do SNS realiza concentração no Hospital de Portimão para contestar fecho da maternidade e serviços de pediatria.

A fim de impedir o desmantelamento da maternidade e dos serviços de pediatria no Hospital de Portimão a Comissão de Utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai realizar uma concentração frente no local na quarta-feira às 18 horas, iniciativa apoiada pelo Bloco de Esquerda.

No passado fim de semana, o eurodeputado José Gusmão e outros dirigentes do Bloco de Esquerda reuniram-se com a Comissão de Utentes do SNS em Portimão, para auscultar, de viva voz, sobre os graves problemas que se vivem no Hospital de Portimão, em particular no bloco de partos e serviços de pediatria.

Os bloquistas defenderam que, ao longo destes últimos dois anos, o bloco de partos/maternidade de Portimão tem vindo a encerrar, de forma constante, por diversos períodos, por falta de pediatras. Segundo o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), que integra os Hospitais de Faro, Portimão e Lagos, a carência de médicos pediatras conduziu a uma reorganização dos serviços articulada entre as unidades hospitalares de Faro e de Portimão durante o período de final do ano, «de forma a garantir os melhores cuidados de saúde à população».

Já no dia 26 de novembro, a Comissão de Utentes do Serviço Nacional de Saúde, em Portimão, tinha protagonizado um movimento semelhante junto à unidade do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), no dia do fecho das urgências de ginecologia e obstetrícia.

«Os utentes sofrem com a falta de médicos e enfermeiros, a falta de equipamento e de indisponibilidades diversas que só demonstram que há um desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Quando é necessária uma ação mais especializada, por exemplo uma ressonância magnética, os utentes são conduzidos para o negócio da doença, ou, os privados. Com o que o CHUA paga pela externalização de serviços, daria para alargar a oferta com mais médicos e técnicos de diagnóstico no próprio hospital. Este ano, no orçamento para a saúde, 40 por cento das verbas destinam-se aos privado», denunciou o movimento cívico na altura.

Segundo o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), «e segundo o Ministério das Finanças, foram aprovados para serem realizados no SNS, em 2022, investimentos no montante de 589,3 milhões de euros, mas até julho tinham sido executados apenas 68,5 milhões, ou seja 11,6 por cento. Talvez isto explique o porquê de, nos últimos 20 anos, enquanto os hospitais públicos reduziam 4000 camas no internamento hospitalar, os privados criavam nesse mesmo período, 3000 camas. O negócio da saúde é prometedor e só para o Hospital Privado de Gambelas, em Faro, foram transferidos, no ano passado, cinco milhões de dinheiros públicos».

De referir, porém que o barlavento sabe que a direção-executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), para garantir o cumprimento da operação «Nascer em Segurança no SNS», nos termos inicialmente planeados e divulgados, definiu um plano de contingência específico para o Bloco de Partos da Unidade Hospitalar de Portimão do CHUA, através da integração de especialistas e Internos de Formação Específica de várias instituições do SNS, desde o Hospital Senhora de Oliveira de Guimarães até ao Hospital Santa Maria.