Movimento de Cidadania juntou 400 pessoas na Ilha de Cabanas, sendo que já foi enviada uma carta para a direção do ICNF a apelar à causa.
O Movimento de Cidadania «Por um Acesso Pedonal à Praia de Cabanas», grupo que integra, entre outros, Carlos Batista e Maria José Mestre (ex-presidentes da Freguesia de Cabanas de Tavira), apelam «para a resolução de um problema de várias décadas em Cabanas, concretamente a acessibilidade pública à ilha de Cabanas. Tal como lembramos, é uma ilha pública, procurada anualmente por milhares de turistas, sendo este sector o principal motor de Cabanas», dizem em carta enviada ao diretor do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), ao qual o barlavento teve acesso.
A juntar no mesmo documento, encontram-se mais de 7500 assinaturas de cidadãos à apelar à construção do acesso pedonal.
Este Movimento Cívico, conseguiu unir cerca de 400 pessoas, na sua maioria locais, no passado domingo, dia 20 de agosto, num cordão humano, de forma a apelar à mesma causa.
Na prática, ao ICNF pedem «um parecer sobre a viabilidade legal de uma travessia pedonal que estabeleça a ligação entre a Vila de Cabanas e a Praia de Cabanas Nascente, localizada no Parque Natural da Ria Formosa, mais especificamente no acesso à Praia de Cabanas Nascente, na atual União de Freguesias de Conceição e Cabanas de Tavira, do município de Tavira».
E apresentam duas propostas. A primeira sugere o prolongamento do passadiço já existente na Ilha, numa extensão de 80 metros, seguido de uma inflexão, direcionada ao extremo leste do passadiço da marginal, numa extensão de 120 metros.
Já a segunda, propõe o prolongamento do passadiço em linha reta, ao encontro da margem norte, numa extensão de 200 metros. Esta solução terá de ser complementada com um acréscimo do passadiço da marginal de Cabanas, ao encontro da travessia pedonal para a Ilha.
Uma vez que a área a intervencionar se localiza tanto em Rede Natura 2000, como em Zona de Proteção Especial e Sítio de Importância Comunitária, o ICNF mostrou alguns receios a eventuais efeitos nefastos.
O Movimento Cívico, no mesmo documento, argumenta. «Lembramos que, até meados da década 1990, a Ilha era acedida na maré baixa, permanentemente, ao longo de todo o ano, sem nunca ter sido alvo de atentados ambientais. Antes da dragagem da Ria, de há duas décadas, e da inclusão da travessia marítima permanente, Cabanas de Tavira era um paraíso natural à imagem do que hoje observamos em Cacela Velha», apontam.
Como termo de comparação enumeram a Praia do Barril e da Quinta do Lago que, «fazendo parte do mesmo sistema lagunar, têm as suas pontes acessíveis ao longo de todo o ano, sem registo de danos ambientais».

Pelo que, dizem, «não podemos deixar de estranhar que seja o apelo por uma travessia pedonal o motivo de preocupações ambientais, quando, nos últimos anos, temos assistidos incrédulos à atividade de retro-escavadoras, tratores e camiões a intervirem na Ilha, para a movimentação de areias e devastação de dunas, além de toda a poluição e devastação da pradaria marinha, causada pelo frenesim de cerca de mil travessias diárias, desde as 8h00 até às 21h00».
Ainda assim, o passadiço para a Praia de Cabanas «será um equipamento público, controlado por instituições públicas e como tal, o Parque Nacional da Ria Formosa (PNRF) poderá sempre condicionar o acesso, em alturas do ano ou períodos que entenda necessário, por motivos relacionados com a proteção ambiental».

Por fim, o Movimento Cívico deixa ainda claro que, «as áreas da Rede Natura 2000 encerram, de facto, valores naturais, designadamente da flora e da fauna, que requerem medidas de salvaguarda e gestão que visem a conservação e valorização dessas áreas. Nesse sentido, é fundamental referir que, com o apelo a uma travessia pedonal, pretendemos a redução substancial do tráfego marítimo e, assim, recuperar do ponto de vista ambiental aquela zona lagunar, que é importante reserva ecológica», conclui o documento.