O alfabeto Braille está a ser ensinado aos alunos do 1º ciclo da Escola do Bairro Operário de Lagos, no âmbito do Balcão da Inclusão da Câmara Municipal.
Através do Balcão da Inclusão, a Câmara Municipal de Lagos tem vindo a promover ao longo do mês de março, junto da Escola do Bairro Operário, ações de sensibilização para os alunos de todas as turmas do 1º ciclo, no âmbito de uma escola mais inclusiva, com o intuito de dar a conhecer a realidade das pessoas cegas.
A última ação teve lugar ontem, quinta-feira, dia 16 de março, e contou com a presença de uma turma de 24 alunos do 1º ano.
No total, esta iniciativa, «que teve grande sucesso junto da comunidade escolar», segundo a autarquia, chegou a um total de 196 alunos de nove turmas, desta escola do Agrupamento de Escolas Júlio Dantas, do concelho de Lagos.
«Palavras ditas, palavras escritas, palavras sentidas. É com as palavras que comunicamos, mas, quando somos cegos e não podemos ler nem escrever com recurso ao sentido da visão, sentimos as palavras com a ponta dos dedos, utilizando o tato. Para tal, usamos o braille, como forma de comunicação escrita».
Foram as palavras usadas por Dina Neto, trabalhadora da Câmara Municipal de Lagos, para demonstrar este modo de sentir e a realidade com que se deparam as pessoas cegas.
De forma lúdica, os alunos conheceram o sistema de escrita tátil braille e a técnica de utilização da bengala branca, assim como outras técnicas e tecnologias de apoio à realização de tarefas do dia-a-dia, mostrando que ter uma incapacidade não é sinónimo de ser desigual e a importância em ajudar os outros.
«Como cozinhas?»; «como distingues o dinheiro?»; «como consegues trabalhar?», foram apenas algumas das muitas questões colocadas pelos mais novos e que não ficaram sem resposta.
«Através desta iniciativa, pretendemos dar a conhecer o alfabeto Braille, e o seu inventor, Louis Braille, assim como sensibilizar os mais novos, para as diversas formas que cada um tem de estar e de fazer de acordo com as suas capacidades, mostrando que ter deficiência não é sinónimo de desigualdade» afirma Dina Neto.
«Contamos que, nos próximos meses, esta iniciativa chegue a todas as escolas de 1º ciclo do município», refere ainda a vereadora com o pelouro da educação e ação social, Sara Coelho.
Sistema Braille:
O Braille é um sistema que foi oficializado em 1852 para possibilitar que, pessoas com deficiência visual, parcial ou total, tivessem acesso à leitura.
O sistema, formado por caracteres em relevo que permitem o entendimento por meio do tato, recebeu a nomenclatura em homenagem ao francês Louis Braille, responsável pela criação desse código para cegos.
O Braille é utilizado em quase todos os países do mundo, sendo uma ferramenta fundamental para a alfabetização das crianças com cegueira.
A 4 de janeiro comemora-se o Dia Mundial do Braille, desde 2019, como forma de consciencializar para a importância da escrita neste sistema e para a realização plena dos direitos humanos de pessoas com deficiência visual.