O barco salva-vidas recentemente restaurado será o ponto alto da Festa em Homenagem à Nossa Senhora da Boa Viagem, em Alvor.
A Festa em Honra da Nossa Senhora da Boa Viagem, que vai atrair milhares de pessoas à zona ribeirinha de Alvor entre os dias 18 e 20 de agosto, terá como momento alto a procissão do próximo domingo, na qual tomará parte o barco salva-vidas «Alvor», após o profundo restauro a que foi submetido por iniciativa da Câmara Municipal de Portimão.
Desta forma, a embarcação emblemática regressa à vila de Alvor, onde se encontra há cerca de 90 anos, na sequência da intervenção realizada no estaleiro Portinave, sendo posteriormente colocada nas instalações do futuro Centro Interpretativo do Salva-vidas de Alvor, que deverá ser inaugurado no final do corrente ano, visando perpetuar a sua imagem enquanto símbolo local.
Uma tradição centenária
De periodicidade bienal, as comemorações da padroeira dos marítimos honram uma tradição com mais de um século e têm início amanhã, às 20h30, de sexta-feira, com abertura da quermesse, começando às 21h00 o baile animado por Cristiano Martins e Carlos Granito, enquanto no dia seguinte a animação em Alvor estará a cargo do Som Livre, a que se seguirá espetáculo musical com Bruna.
A componente musical encerrará as festividades, por volta das 21h00 de 20 de agosto, momento em que João Paulo Cavaco animará o baile que vai anteceder o espetáculo de Manel do Barril e suas Bailarinas.
O ponto alto do programa religioso será a missa solene em honra da Nª Sra. da Boa Viagem, marcada para as 15h30 do próximo domingo, precedendo a tradicional procissão pelas principais ruas da vila, acompanhada pela Banda Filarmónica de Portimão e Fanfarra dos Bombeiros de Portimão.
Pelas 17h30 terá lugar a bênção das embarcações dos pescadores, preparando a procissão fluvial pela Ria de Alvor, sendo a veneranda imagem da Nª Sra. da Boa Viagem transportada pelo Salva-vidas «Alvor», recentemente recuperado por iniciativa do município de Portimão.
Também a histórica embarcação «Moira», atualmente acostada junto ao Museu de Portimão, participará no cortejo, reforçando a vertente de preservação patrimonial que marca a procissão deste ano.
Construído em madeira no ano de 1936 e considerado um dos últimos exemplares do género, este barco também foi alvo de recente restauro, por diligência da autarquia através do seu Museu.
Esta tradicional celebração religiosa é organizada pela Comissão de Festas da Igreja Matriz de Alvor, com os apoios da Santa Casa da Misericórdia de Alvor, Corpo Nacional de Escutas – 685 Alvor, Junta de Freguesia de Alvor e Câmara Municipal de Portimão, entre outros.
O futuro Centro Interpretativo do Salva-vidas de Alvor
A estação salva-vidas que acolhe o barco a remos «Alvor» iniciou a sua atividade em 1933,
prestando assistência e socorro às embarcações de pesca que cruzaram a barra de Alvor durante meio século, até que em 1983 a estrutura deixou definitivamente de funcionar.
A presença do barco salva-vidas à barra constituía um importante ponto de auxílio na entrada das embarcações ou à prestação de socorro a naufrágios que aí ocorreram, trabalho que resultava de um esforço coletivo dos muitos pescadores que ao longo do tempo constituíram a sua tripulação: «hoje és tu, mas amanhã posso eu precisar!», diziam os homens do mar.
Após o encerramento da estação, continua ainda hoje na memória das gentes de Alvor o dia em que, no ano de 1983, o Ministério da Marinha quis levar para Lisboa o salva-vidas já desativado e a população se revoltou, cortando os carris que o faziam descer até ao rio, impedindo que fosse levado.
Mais uma iniciativa da Câmara Municipal de Portimão na vertente da recuperação patrimonial, o projeto do Centro Interpretativo do Salva-vidas de Alvor foi apoiado pelo Programa CRESC Algarve 2020, no âmbito do Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos, e contempla a recuperação da antiga estação do Instituto de Socorros a Náufragos em Alvor, bem como da embarcação salva-vidas e respetiva adaptação museológica à interpretação e transmissão da história da sua atividade e memória no contexto marítimo e piscatório local.
Outro dos objetivos do projeto orçado em 312 mil euros, tal como o barlavento noticiou, passa por realçar o importante papel da comunidade piscatória da freguesia de Alvor nos seus quotidianos de trabalho e práticas ligadas à faina pesqueira, de ontem e de hoje.