Avança o Polo de Formação Profissional do IEFP em Albufeira

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Polo de Formação em Albufeira é o primeiro investimento de raiz a avançar do novo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para fazer face aos efeitos da pandemia.

«Um dia muito feliz e importantíssimo para Albufeira». Foi com este mote que José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal da cidade, iniciou a cerimónia de homologação do protocolo de colaboração com vista à instalação do futuro Polo de Formação de Albufeira do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que decorreu na sexta-feira, dia 19 de novembro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, num momento que contou com a presença de Ana Mendes Godinho, Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, e de Miguel Cabrita, Secretário de Estado Adjunto do Trabalho e Formação Profissional.

O polo, que ficará localizado na zona de Ferreiras, terá cerca de 2600 metros quadrados e significará um investimento de três milhões de euros, repartidos em dois milhões de euros para a construção e um milhão de euros para equipamentos.

Ana Mendes Godinho - Albufeira

As expetativas dos responsáveis passam pela criação de 160 postos de formação que, ao todo, totalizam 1000 pessoas formadas por ano. Ana Mendes Godinho quer acelerar todo o processo de criação do polo, e embora o prazo limite para o seu término esteja fixado para 2025, a governante não tem dúvidas que «temos de acelerar mais. O tempo corre contra todos nós do ponto de vista do desenvolvimento. Espero que este espaço de formação seja muito rapidamente concretizado, já com resultados para as pessoas».

Por sua vez, Miguel Cabrita, corroborou o desejo da ministra e revelou as suas «fortes raízes familiares em Albufeira, mais precisamente em Fontainhas, Vale Navio e Vale Serves, Ferreiras». Por isso, é «testemunha da transformação de Albufeira ao longo das décadas. Antes, não era uma terra de atração de pessoas. Aliás, a tendência era sair daqui para procurar melhores condições de vida. Agora, a região transformou-se e tem na atividade turística a grande força, sendo Albufeira um dos grandes motores económicos do Algarve», considerou Cabrita.

O secretário de Estado explicou que, por isso, numa altura em que «a formação dos profissionais e a qualificação das empresas ganha maior importância», é necessário «sustentar a aposta no turismo, mas criar um entorno que diversifique a base económica do Algarve». E é aí que entra este novo centro de formação. «Permitirá diversificar essa base económica e de capital humano», afirmou Miguel Cabrita.

O membro do governo deixou ainda claro que este é «o primeiro ato de homologação de um investimento concreto, de raiz, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)», e que nasce de «um trabalho conjunto admirável, que espero que continue daqui para a frente. Faço votos para isso, e sei que esta oportunidade não vai ser desperdiçada. Da nossa parte, tentaremos agilizar todos os trâmites para a construção, tendo em conta que isto não nasce de um dia para o outro».

Miguel Cabrita - Albufeira

Sobre o espaço, Cabrita detalhou ainda que o potencial para formação de jovens e adultos «é grande», abrangendo empregados e desempregados, e que o polo será palco de várias parcerias «com empresas e outras entidades públicas», numa aposta que «não é específica em Albufeira, mas na qual a cidade está no pelotão da frente».

No uso da palavra, Ana Mendes Godinho não fugiu à temática mais premente do momento, a pandemia COVID-19. A governante admitiu que «tem sido uma fase difícil para todos, mas que nos deixou muitas aprendizagens e lições». E quais foram? «Principalmente mostrou-nos de forma evidente como só em conjunto conseguimos ultrapassar momentos críticos coletivos. De uma forma extraordinária, vimos entidades a manter emprego quando o mercado deixou de funcionar por razões sanitárias. O risco de colapso era iminente, mas os serviços públicos criaram medidas nunca antes vistas e mobilizaram recursos inéditos». A ministra justificou a afirmação com o facto de não ter sido ultrapassada a taxa de «oito por cento de desemprego, nos momentos mais críticos da pandemia. Na crise anterior tínhamos chegado aos 18 por cento, e agora, neste momento, estamos nos 6,1 por cento, valor mais baixo do que antes da pandemia».

Ainda assim, todos estes pontos positivos não camuflaram «a necessidade evidente de reconversão das pessoas. É necessário fazer investimentos estruturais de transformação, pois ficaram evidentes muitas fragilidades nas várias dimensões da nossa sociedade. A pandemia teve efeitos desiguais em função das condições desiguais de vida. Os trabalhadores precários foram os primeiros a ser dispensados. As pessoas mais velhas, mais frágeis, tiveram muito mais dificuldade de resposta por parte da sociedade. E as pessoas em condições de pobreza, muitas vezes, não tinham sequer condições de isolamento em casa, quando era necessário».

Tudo isto deu ao Governo, nas palavras de Ana Mendes Godinho, «legitimidade social acrescida para acelerar os investimentos estruturais que é preciso fazer».

Por isso, este processo que culminará na criação do Polo de Formação de Albufeira do IEFP, instrumento «muito transformador das pessoas e essencial no território para quebrar ciclos de pobreza e para criar ciclos de inovação», será como que «o arranque de um motor determinante se queremos fazer a diferença e tornar a sociedade mais inclusiva».

José Carlos Rolo - Ana Mendes Godinho

Porque, advertiu a governante, «não temos tempo, está a esgotar-se. Temos de colocar o pé no acelerador se queremos, ainda na nossa geração, ver mudanças e ver transformação nas desigualdades na comunidade. E este tempo de aceleração significa que temos de ser muito focados, ter uma grande capacidade de execução, eliminar tudo o que é burocracia que não acrescenta valor e ter capacidade de leitura no terreno para uma ação rápida».

O autarca José Carlos Rolo lembrou que este centro permitirá «qualificar mão de obra nacional, mas também de fora do país», numa altura em que a carência de trabalhadores em diversas áreas começa a ser visível também em Albufeira.

O novo Polo de Formação do IEFP pode ser uma arma para combater esse flagelo pós-pandémico e, por isso, o edil deseja «que o centro seja um sucesso. Aqui, no município, tudo faremos para que a obra se desenvolva o mais rápido possível».

Empresas têm «dificuldades em angariar trabalhadores»

O presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, aproveitou a cerimónia de homologação do protocolo de colaboração com vista à instalação do futuro Polo de Formação de Albufeira do IEFP para assinalar a dificuldade das empresas «em angariar trabalhadores. Se em março ou abril reiniciarmos uma época de turismo, que ainda não será alta, pois essa chega no verão, existirão muitas dificuldades em angariar trabalhadores, qualificados ou não. Os empresários têm tido esses problemas, há vários exemplos de falta de pessoal mesmo na nossa atividade autárquica. Há concursos que ficam desertos pela falta de mão de obra», lamentou o autarca.

Um dos motivos que pode motivar esta carência passa pela «falta de habitação para os trabalhadores da atividade turística, por exemplo».

Garantindo que o município tem tentado mitigar esse flagelo, José Carlos Rolo também apontou aos efeitos da pandemia na oferta laboral sazonal na cidade: «estávamos no bom caminho para combater a sazonalidade, em 2019, mas o processo sofreu um novo revés com a pandemia» da COVID-19.