Culminar do Algarve Craft & Food será a apresentação de 10 novos programas de turismo criativo e cinco novos produtos de artesanato até final de 2021. Projeto pretende valorizar, desenvolver e internacionalizar as tradições, a gastronomia, a cultura e o património cultural algarvio.
O Algarve Craft & Food, projeto que junta a a Associação Turismo do Algarve, a Tertúlia Algarvia e a QRER – Cooperativa para o Desenvolvimento dos Territórios de Baixa Densidade, foi apresentado na manhã de hoje, quinta-feira, 27 de fevereiro, no auditório da Região de Turismo do Algarve (RTA), em Faro.
«É um cunho muito interessante casar o artesanato com a gastronomia. Além dos objetivos principais que visam um resultado específico, o próprio processo é profícuo», disse João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve.
A iniciativa contempla «um conjunto de ações de sensibilização para tentar envolver um conjunto vasto de parceiros que possam contribuir para os resultados. Queremos envolver os artesãos, designers, produtores alimentares locais, chefs de cozinha e com isto, não só olhar para as tradições, mas é dar-lhes uma nova vida», acrescentou.

«Olhar para elas como um estímulo à criatividade para que tenhamos inovação nos produtos e na oferta. Tem ainda o pragmatismo que não só se promove a capacitação para a internacionalização, como também se prevê um estímulo à criatividade com resultados concretos. Vamos ter cinco novos produtos de artesanato e 10 programas de turismo criativo», adiantou João Fernandes.
O Algarve Craft & Food é mais uma proposta da RTA que visa combater os efeitos da sazonalidade, segundo explicou ao jornalistas.
«São ações que contribuem para a diversificação da oferta. Sabemos que o Algarve tem uma sazonalidade marcada e um processo de litoralização da procura. Um dos grandes objetivos deste projeto é reforçar a procura na época baixa, tornando mais sustentável a atividade económica. No fundo, passa por conseguirmos ter empresas capazes de remunerar melhor os nossos cidadãos e por gerarmos novas motivações de visita desenvolver novas respostas na oferta e promovê-las lá fora», disse.
As linhas de trabalho já estão definidas. O primeiro passo será atrair artesãos, produtores alimentares locais e outros players através de ações de apresentação. O segundo, como detalhou João Amaro, diretor executivo da Tertúlia Algarvia, passa pela capacitação.

«Reconhecemos que temos de aprender. Será feito um seminário sobre internacionalização de turismo criativo, onde vamos trazer de fora pessoas com mais conhecimento. Além disso, e como queremos transmitir o conhecimento aos atores principais, vamos ter um ciclo de workshops técnicos para artesãos, designers, produtores agroalimentares locais e chefs de cozinha».
Seguir-se-á a fase da criação e experiência, com uma residência criativa e um laboratório criativo para esses mesmos agentes que queiram aderir ao projeto.
E porque o Algarve Craft & Food também pretende preservar e revitalizar práticas e costumes tradicionais, será nesta fase em que deverão surgir os primeiros protótipos de novas peças de artesanato inspiradas na gastronomia algarvia.
Estes protótipos serão desenvolvidos com o objetivo de gerar cinco novos produtos de artesanato regional.
Já a pensar na comercialização e depois de estabelecidas as parcerias serão então criados os 10 novos programas de turismo criativo para o Algarve, no âmbito do projeto.
«Estamos a falar, por exemplo, de criar um programa no qual alguém faça uma cataplana em cobre e de seguida vá confecionar uma cataplana. Ou alguém que participe numa colheita da laranja e depois faça uma cesta para a guardar. Idealizam-se programas que pressupõem a aprendizagem de técnicas muito nossas, ao nível do artesanato, que resultam em novos produtos característicos da região», concebeu João Amaro.
«O turista será o ator principal e vai manufaturar quer a peça de artesanato, quer aquilo que irá comer. O objetivo é termos produtos comercializáveis e que respondam aquilo que o mercado procura», detalhou.
Em relação a prazos, «queremos que se façam coisas, mas nunca serão apresentados resultados antes do último semestre de 2021. Diria um horizonte de 20 meses a partir de agora».
No final do projeto Algarve Craft & Food serão produzidos conteúdos digitais, físicos, vídeos promocionais e brochuras para uma campanha internacional e uma consultoria especializada em mercados e canais de distribuição, como «os Estados Unidos da América, Canadá, Norte da Europa, Espanha e Portugal», garantiu João Amaro.
Mas há ainda uma surpresa. O projeto vai premiar «os melhores programas de turismo criativo e as melhores ações de comunicação deste casamento entre o artesanato e as produções locais no Algarve. Será um prémio monetário, atribuído pela RTA, que pretende estimular a difusão daquilo que iremos fazer ao longo deste tempo», concluiu.
Por sua vez, Sara Fernandes, diretora da QRER – Cooperativa para o Desenvolvimento dos Territórios de Baixa Densidade, considerou que esta iniciativa irá «aliar a riqueza cultural da região a uma oferta turística de qualidade. E isso é muito valioso para o posicionamento do Algarve nos principais destinos turísticos internacionais».

«É também uma abordagem estratégica na valorização do nosso património imaterial que precisa de encontrar mecanismos que lhe garantam um futuro sustentável. Este projeto pretende contribuir para esta visão, aliando o artesanato tradicional, a gastronomia, a inovação, o design e criatividade, contribuindo para a dinamização dos territórios do interior algarvio. É nossa ambição que esta iniciativa possa também posicionar ainda mais o interior algarvio numa oferta global de turismo cultural e criativo, e que tal se reflita num crescimento de atividade económica da região», sublinhou.
O Algarve Craft & Food terá um investimento total de cerca de 725 mil euros, financiado a 70 por cento pelo CRESC Algarve 2020. A duração prevista do projeto são os 24 meses, tendo iniciado em janeiro.