Albufeira21 Summit lança primeira pedra para construir o futuro

  • Print Icon

Albufeira prepara o evento Albufeira21 Summit, que discutirá o amanhã de áreas como o turismo, a ação social, a cultura e a transição digital.

O evento Albufeira21 Summit, a ter lugar no Auditório Municipal da cidade nos dias 8, 9 e 10 de abril foi hoje apresentado à comunicação social.

Será um evento focado «em dar contributos para a construção do futuro, essencialmente, da cidade de Albufeira», segundo explicou o autarca José Carlos Rolo.

O Albufeira21 Summit servirá para alinhar a estratégia Albufeira 2030 com o próximo quadro Portugal 2030.

«Temos à vista a bazuca de fundos europeus, que o Algarve bem precisa, pois somos uma das regiões com a economia mais afetada pela pandemia», disse aos jornalistas.

A agenda de discussão do evento estará assente em quatro temáticas: o estado social, transição digital, a transição climática e a competitividade do país, segundo revelou o autarca de Albufeira.

Rolo não deixou de «agradecer a todos aqueles que serão convidados a participar» e espera que mesmo no atual contexto pandémico possam estar presentes.

O Albufeira21 Summit conta com uma parceria do grupo de comunicação Cofina, responsável pelos jornais Correio da Manhã, Record e pela revista Sábado, entre outras publicações periódicas.

Presente nesta sessão de apresentação, em representação do grupo, esteve o diretor da Sábado, e jornalista, Eduardo Dâmaso, que destacou «a motivação institucional» que se enquadra na «responsabilidade social» da empresa. «Isto é a nossa cara», considerou.

Albufeira21 Summit
Eduardo Dâmaso.

O responsável pela Sábado considerou que «é cada vez mais fundamental promover a discussão sobre o que somos enquanto país, e como encaramos este ano muito complicado. Mas, principalmente, questionar como vamos sair da crise enquanto sociedade e enquanto país».

Assumindo-se como um «sulista, pois nasci no Alentejo e tenho também residência no Algarve», o jornalista afirmou que, por isso, «todas as questões presentes nesta agenda me tocam, profissional ou pessoalmente».

Na opinião de Eduardo Dâmaso, um dos debates fundamentais do evento tem a ver com «a forma como vamos utilizar as ajudas comunitárias. Temos de perceber se vamos conseguir construir um país que saia disto mais forte do que estava em 2019. Há algumas lições que têm de ser incorporadas no debate político e público, e este evento é muito importante nesse sentido. É muito importante também por ser descentralizado, por ser em Albufeira, que tem a importância económica que todos sabemos e por estar no Algarve, um dos maiores tesouros nacionais que temos».

A concluir a sua intervenção, o diretor da Sábado congratulou-se ainda com a inclusão da ação social no debate. «É bom haver sensibilidade de a enquadrar e tornar a discussão menos tecnocrata».

E rematou. «Se não promovermos estas discussões, o nosso futuro será bem mais triste e cinzento».

O painel desta iniciativa promovida pelo município de Albufeira ainda não é conhecido na sua totalidade, mas nesta sessão foram já tornados públicos três nomes, todos ligados à cidade: Rui Justo, presidente da Assembleia Geral da Agência de Promoção de Albufeira (APAL) e diretor geral do Balaia Golf Village; Délio Pescada, consultor turístico e CEO da empresa «Delio and Partners»; e Patrícia Seromenho, provedora da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira.

Convidado a usar da palavra, Rui Justo lembrou que Albufeira «tem mais de 40 por cento do alojamento turístico da região», e tem sofrido muito as consequências da crise causada pela pandemia da COVID-19.

Rui Justo - Albufeira21 Summit
Rui Justo.

O dirigente da APAL enalteceu a necessidade de «valorizar o que Albufeira tem e promover uma comunicação deste tipo, com conteúdos digitais» como o Albufeira21 Summit.

Para Rui Justo, o evento poderá ajudar a trazer à discussão outras potencialidades turísticas da cidade «além do sol e praia, como a cultura, a gastronomia, entre outras».
Na opinião deste diretor hoteleiro, o painel de conferências organizado pela autarquia promove, também, uma «sinergia necessária entre município e privados».

Já Délio Pescada manifestou «orgulho por ter um evento destes» na cidade, pois Albufeira ainda «tem muito para crescer na área do turismo».

Aos albufeirenses, pede para que «acreditem na terra. Participei em 2003 na estratégia de turismo da Croácia. Quando souberam que eu era português, falaram logo do Algarve. Disseram que era o melhor local para jogar golfe. Albufeira tem um potencial brutal e quase 20 anos depois de estar fora voltei para a minha terra, que pode e deve continuar a crescer».

O empresário chamou ao debate a população e os responsáveis pelas instituições da cidade.

«Este tipo de eventos é muito importante, pois as pessoas têm de estar alinhadas nos objetivos. Sem eles, não há resultados. Para isso temos de nos sentar e discutir. Acho bem que façam estas iniciativas», sublinhou.

Délio Pescada - Albufeira21 Summit
Délio Pescada.

Na última intervenção da manhã, Patrícia Seromenho concordou com a opinião dos seus pares, referindo a necessidade de «envolver a comunidade» na discussão do futuro.

Para a provedora da Santa Casa da Misericórdia local, «se tudo isto nos levar para algo melhor do que estávamos em 2019, se calhar valeu a pena ter a COVID connosco. Estávamos num caminho de marcha em frente, sem pensar no que era mais importante para nós».

Prova de um pensamento diferente nos decisores é, segundo Patrícia Seromenho, a presença da instituição na sala, «a discutir o futuro de uma terra. A mostrar que as pessoas são importantes para o futuro».

Lembrando os últimos meses, que classificou como «o maior desafio que já tive em nove anos nesta instituição», Patrícia Seromenho elogiou a forma como a Câmara Municipal de Albufeira geriu a pandemia.

«Albufeira é uma realidade diferente, o Algarve é uma realidade diferente. Quando tantos olham para nós como estando na cauda do país, atravessámos um ano onde fomos um verdadeiro exemplo no combate a esta situação, à crise causada pela mesma», afirmou.

A provedora deixou mesmo uma primeira pedra para discussão no evento. «O turismo não voltará no imediato a ser o que era em 2019. E, para que volte, temos de pensar e refletir, perceber como podemos juntar todas as atividades e necessidades, incluindo a ação social nesse processo».

Patrícia Seromenho - Albufeira Summit
Patrícia Seromenho.

«Além daqueles que vêm de férias só para passear e beber uns copos, pode vir gente com potencial para dar algo à terra. Mas tem de existir uma aposta em estruturas de saúde, culturais e de património. Temos de cultivar o gosto por viver em Albufeira, que os jovens até saiam para estudar, mas que queiram voltar e ajudar a terra. Segurar gente que queira e saiba fazer. Não aceitar simplesmente o que nos impingem. Revejo-me totalmente nesta iniciativa».

Turismo nem consegue «trabalhar a médio prazo»

Rui Justo, presidente da Assembleia Geral da Agência de Promoção de Albufeira (APAL) e diretor geral do Balaia Golfe Village, um dos membros já confirmados para o painel da Albufeira21 Summit, lamentou a incerteza causada pela pandemia na operação turística. Segundo o responsável hoteleiro, «fiz em 2020 um orçamento para baseando-me no que tinha acontecido em 2018 e 2019, anos fantásticos para a nossa região. Depois, com esta situação pandémica, os orçamentos eram atualizados quase ao mês, com tantas alterações. E este ano desisti de fazer orçamento, a incerteza é demasiado grande. Não dá para trabalhar nem a médio prazo».

Este membro da APAL revela que «a hotelaria tem vivido momentos muito complicados. Os resultados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam uma quebra de receitas na ordem dos 80 por cento em janeiro. Aquilo que nos espera é alguma incerteza. Tivemos um balão de oxigénio no último ano, em julho e agosto, com o mercado nacional. E este ano as coisas apontam para uma aposta grande no mercado nacional e no mercado de proximidade com a vizinha Espanha. Espero também que os corredores aéreos comecem a funcionar».

Segundo Rui Justo, «sem ajuda das entidades responsáveis, será difícil recuperar. Somos resilientes, mas temos de contar também com a ajuda do poder central e do Turismo do Algarve. Sem intervenção forte destas organizações, não conseguimos concorrer com outros destinos como a Espanha, a Turquia, entre outros. A Turquia, por exemplo, vai vacinar todos os elementos pertencentes ao turismo, trabalhadores e pessoas ligadas ao setor. Isso cria uma sensação de segurança muito grande em quem está a escolher o destino de férias».

Governo tem de ter «respeito pelo Algarve. Não podemos ser ignorados»

Délio Pescada, integrante do painel do Albufeira21 Summit, consultor turístico e CEO da empresa «Delio and Partners», aproveitou a sua intervenção para lançar críticas à forma como o governo tem gerido a sua relação com o Algarve nesta crise pandémica causada pela COVID-19.

O empresário alertou que «não podemos ser ignorados. Mas somos. Caso contrário teríamos já informação sobre o que vai acontecer com o mercado inglês».

Na opinião de Délio Pescada, «sem ingleses não vamos lá, teremos um verão novamente a contar apenas com a economia local e nacional, mas precisamos de mais. Albufeira tem mais de 209 empreendimentos e temos de os encher, de dar trabalho à população.

Este partner da área turística pediu ainda ao governo «respeito pelo algarve» e «uma estratégia clara para todos. Temos uma promessa de 300 milhões de euros que ainda não chegaram».

Por isso, lança o repto às instituições locais: «precisamos de uma voz a dizer que é imperativa a chegada desse dinheiro. É imperativa a tomada de decisões!».

Sobre os próximos meses, Délio Pescada mostrou-se desalentado e «muito triste por não existirem notícias a promover o turismo. Em Palma de Maiorca vão duplicar os voos. Na Turquia arranjaram o seu próprio marketing, vacinando os profissionais da área. Na Grécia estão a tomar medidas para receber os turistas. E nós? Alguém me pode explicar o que tem sido feito? Tenho visto muita inércia que não permite nada».